De sex shop a vendas de doces, universitários empreendem na internet para seguir estudando

Redes sociais e negócios on-line permitem que jovens se arrisquem, apesar da crise

Por: Giovanna Corerato*  -  19/10/21  -  16:22
Atualizado em 19/10/21 - 16:24
 Com as redes sociais, sex shop de Beatriz Esmanhoto ampliou as vendas
Com as redes sociais, sex shop de Beatriz Esmanhoto ampliou as vendas   Foto: Beatriz Esmanhoto/Arquivo pessoal

A pandemia da covid-19 provou diversos impactos econômicos, mas também possibilitou aos universitários novas oportunidades de negócios por meio da tecnologia. Esse foi o momento de empreender, utilizando as redes sociais como aliadas para complementar a renda e continuar estudando. Detalhe: com o desafio adicional de conciliar as aulas e provas com a rotina de microempreendedor.


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A estudante de Publicidade Beatriz Esmanhoto, de 20 anos, começou a se interessar em introduzir as técnicas de Comunicação Social em sua sex shop, após ser dispensada do estágio logo no início da pandemia. “Decidi me dedicar ao meu negócio, já que estava aprendendo como criar conteúdo nas redes sociais por conta da faculdade”, afirma.


No começo, Beatriz quase não postava nas redes e a divulgação era feita em grupos de compra e venda, em especial no Facebook. Ela conta que a tecnologia foi uma grande aliada. “Demorei muito para me render ao poder dela. Foram três anos de loja sem me dedicar às redes, me contentando apenas com alguns clientes”.


Com o auxílio da tecnologia, a estudante conseguiu ampliar as vendas além do Estado de São Paulo. Hoje, paga as contas e mantém seu apartamento com a renda da loja on-line.


Estudantes de Odontologia, Gabriela Brasil, 20 anos, e Márcio Júnior, 19, criaram uma loja no Instagram e vendem iPhones novos e usados como fonte de renda para pagar os estudos. “A tecnologia deu uma grande ajuda para as nossas vendas. Por meio dela, consegui manter minha renda para continuar os estudos. Se não empreendesse, não faria faculdade”, afirma Gabriela.


A universitária também enfrenta desafios por empreender e estudar ao mesmo tempo. “Tem que ter muita organização, ainda mais com a tecnologia. As pessoas chamam pelo Instagram, às vezes de madrugada. Eu acabo chegando muito cansada na aula por conta disso”.


 Bruna Marchotto e Alex Ferreira vendem doces pelo Instagram
Bruna Marchotto e Alex Ferreira vendem doces pelo Instagram   Foto: Divulgação

Alex Ferreira, 27 anos, é formado em Gastronomia e, atualmente, cursa Educação Física com a namorada, Bruna Marchotto, 26. O casal decidiu abrir a própria loja de doces pelo Instagram para complementar a renda e pagar os estudos. Ferreira conta que é difícil relacionar o empreendedorismo com trabalhos, provas e aulas. “Na semana da Páscoa, acabamos perdendo uma aula ou outra para adiantar os doces, mas corremos atrás depois”.


Para os dois, a tecnologia foi o principal ponto de partida. “Começamos com nossas vendas de doces bem no início da pandemia, nos preparando para a Páscoa. Devido ao isolamento, a única forma de venda eram as redes sociais”, explica Alex Ferreira, que utilizou o conhecimento como chef para empreender.


Visão de futuro
Por terem maior familiaridade com tecnologia, os jovens conseguem inovar e arriscar, mesmo em um cenário incerto, explica Rita Zaher, especialista na área de Recursos Humanos. “A tecnologia possibilitou a ampliação dos negócios e a oportunidade para muitos empreenderem”. Para ela, o que comprova esse cenário é o crescimento das startups, que trazem maior inovação e soluções otimizadas, totalmente baseadas em tecnologia.


Rita Zaher afirma que estar no meio digital é essencial para a garantia de um emprego, atualmente, e dá dicas para quem está pensando em começar seu próprio negócio no digital. “Para empreender, é necessário ter visão de negócio, perceber as necessidades do ser humano de agora e do futuro. Muitas pessoas acreditam em modismo e acabam por falir, porque investem em projetos que não duram”.


A consultora explica que o empreendedor precisa ter visão de futuro, além de ser um bom estrategista e inovador para trazer soluções ainda não pensadas para a realidade. Além disso, ele deve analisar no que vale a pena investir, relacionando questões atuais com as consequências futuras.


* Reportagem feita como parte do projeto Laboratório de Notícias A Tribuna - UniSantos sob supervisão do professor Robnaldo Salgado e do diretor de Conteúdo do Grupo Tribuna, Alexandre Lopes.


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