Pulsante e tradicional, Vila Mathias vive duas realidades distintas

Bairro antigo de Santos divide espaço entre moradores e comerciantes; VLT na região é motivo de discórdia

Por: Júnior Batista  -  04/11/20  -  10:30
  Foto: Alexsander Ferraz/AT

Talvez Mathias Casimiro Alberto da Costa, marido da Dona Anna Costa, que dá nome ao bairro da Vila Mathias, se surpreendesse com a quantidade de comércios que tomaram conta do bairro. 


Com seus 130 anos, se antes a Vila mantinha os principais e mais ricos casarões de Santos, hoje, os antigos moradores dividem espaço com os comércios. E o próprio bairro se divide em dois: enquanto o miolo entre a Avenida Pinheiro Machado e a Ana Costa é mais desenvolvida, o lado contrário, próximo ao Porto, coleciona prédios abandonados.


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Um deles, reclamação antiga do bairro, é a antiga Hospedaria dos Imigrantes, que pertence ao Centro Paulo Souza (CPS).


Também é frequente entre quem vive e trabalha ali a reclamação de que há falta de segurança no lado “pobre” do bairro. Mas é por ali que passará, entre o fim de 2022 e o início de 2023, a segunda fase do VLT - ponto que também gera discórdia entre os antigos moradores do local.


A verdade é que o bairro mantém o charme de antiga Vila e a vida pulsante e agitada de um centro comercial. Por ele passam hospitais, centenas de comércios com muitos anos, o Restaurante Almeida (um dos mais antigos de Santos), além de equipamentos culturais, como o Teatro Municipal. Lá também estão centros universitários e instituições de ensino variadas. É de lá também que vem uma das escolas de samba mais famosas de Santos, a Vila Mathias.


Passa também pela Vila Mathias, a Avenida Conselheiro Nébias, uma das principais da cidade. A proximidade do Centro e a tradição da Vila Mathias faz com que a sergipana radicada em Santos Raimunda dos Santos não deixe o bairro por nada nesse mundo.
“Ah... Eu adoro viver aqui”, conta ela, da sua casa na Joaquim Távora, próximo à Avenida Washington Luís, no limite do bairro com a Encruzilhada. 


Ali, vive há 40 anos. A senhorinha de 84 anos conta que, quando mudou, já havia muitos comércios. “Já tinha restaurantes, bares, borracharias. Foi intensificando ao longo do tempo, mas eu não abro mão de morar aqui. É perto da Cidade, perto de tudo. Tranquilo”, diz.


Dono de uma bicicletaria há 36 anos na Rua Campos Salles, Antônio Carlos Elias, de 54 anos, conta que é inegável a vocação comercial do bairro. Mantém boa relação com moradores e a clientela pela Cidade, tendo aqueles que são fieis e sempre estão por ali. “Nesse sentido é ótimo”, diz.


VLT


Ponto de desconfiança principalmente entre os comerciantes do bairro, a segunda fase do VLT trouxe desconforto por conta das obras de desapropriação que estão acontecendo. 


Sócio de uma borracharia com mais de 40 anos em funcionamento, José Afonso, de 63 anos, diz que teme uma fuga de clientes do local e problemas pelas desapropriações no espaço por conta das obras.


“Já vi amigos comerciantes deixando o bairro por causa disto. Lojas fechando. Tá todo mundo meio preocupado, mas é um bom local, onde tiro meu sustento, onde cresci, espero sempre o melhor”, diz ele.


Sobre a insegurança da Rua Campos Mello, a 3ª Companhia do 6°Batalhão de Polícia Militar Metropolitano disse que faz policiamento ostensivo e preventivo de acordo com análises de índices criminais e o rádio patrulhamento. Ressaltou que de janeiro à setembro 324 pessoas foram presas ou apreendidas (adolescentes), na prática de crimes (uma média de 1,2 pessoa por dia), 40 veículos roubados foram recuperados e 4 armas apreendidas.


Reforçou, às pessoas, o disque denúncia (180), o Fale Conosco pelo portal policiamilitar.sp.gov.br e o 190.


Sobre a Hospedaria dos Imigrantes, o Centro Paulo Souza não respondeu até a publicação desta reportagem. 


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