Quatro tripulantes ucranianos que estão no navio Port Osaka, atracado no Terminal da Usiminas, em Cubatão, não conseguiram desembarcar devido à guerra entre Rússia e Ucrânia. Eles retornariam ao país de origem por meio de um voo internacional, enquanto outros quatro ucranianos viriam, também de avião, para substituí-los, por conta do encerramento do contrato de trabalho. Porém, com os conflitos, quem está em solo brasileiro não consegue voltar para casa e a equipe na Europa não embarca para cá.
A informação foi confirmada para A Tribuna pela agência marítima responsável pelo navio, a Seaside Brazil, e pela empresa encarregada de realizar a troca de tripulantes, a 7Shipping.
O Port Osaka chegou à Cubatão na sexta-feira passada, com 21 tripulantes a bordo. O sócio-diretor da Seaside Brazil, Flávio Santos, diz que os quatro tripulantes que deixariam a Ucrânia chegariam à Baixada Santista no domingo e iriam diretamente para o navio. Consequentemente, o desembarque dos ucranianos que estão no navio aconteceria na terça-feira.
Contudo, a troca foi cancelada devido às consequências da guerra no Leste da Europa, como o fechamento de aeroportos e a proibição de homens ucranianos, com idade entre 18 e 60 anos, de deixarem o país. A previsão é que o Port Osaka saia da Usiminas nesta quinta (3) e vá para o Porto de Praia Mole, no Espírito Santo.
"Conosco foi o primeiro caso (de cancelamento). Imaginamos que devem estar ocorrendo outros casos em outros portos do Brasil. A situação é muito ruim, acabamos perdendo receita sem esse tipo de movimentação. Se não fosse o conflito, eles voltariam para o país de origem", afirma Flávio.
O CEO da 7Shipping, Leonardo Brunelli, afirma que a guerra tende a provocar, em dezenas de portos, impactos na troca de tripulantes de nacionalidades russa e ucraniana.
"Os tripulantes (ucranianos) estão 'presos' a bordo do navio, sem saberem quando poderão embarcar e retornar para seu país de origem. Eles já estão com o contrato de trabalho vencido. Enquanto não tiver a definição dos conflitos, eles terão de permanecer a bordo até que se encontre uma solução. Não há nenhuma questão burocrática interna, envolvendo nosso País", explica Brunelli.
Respostas
Em nota, a Usiminas explica que o navio Port Osaka segue com a programação prevista de embarque e desembarque. A Reportagem procurou a Polícia Federal, responsável pelo embarque e desembarque de tripulantes no País, mas não obteve retorno.
Já a Santos Port Authority (SPA), por meio da assessoria de imprensa, disse que o terminal em questão fica fora do Porto Organizado e que, até o momento, não há notificação de impactos no Porto de Santos causados pelo conflito na Europa.
Guerra na Ucrânia
A invasão russa ao território ucraniano começou na madrugada de quinta-feira (24). O presidente da Rússia, Vladimir Putin, tem ordenado bombardeios a aeroportos e bases militares da Ucrânia.
Antes da invasão, na segunda-feira (21), Putin reconheceu a independência das regiões separatistas de Donetsk e Luhansk.
A guerra também é motivada pelo receio russo quanto a uma possível entrada da Ucrânia, país vizinho, na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), conhecida como Aliança Militar do Ocidente. A organização tem como princípio que todos os países membros defendam uma nação que seja atacada por um país de fora da Otan.