Soja tenta driblar clima e busca por mais crescimento para o Porto de Santos

Falta de chuva prejudica safra do grão, responsável por movimentações recordes no complexo portuário santista

Por: Ted Sartori  -  04/01/24  -  09:55
O complexo soja (grãos e farelo) é um dos responsáveis por parcela significativa das movimentações no Porto de Santos, que bate sucessivos recordes no setor
O complexo soja (grãos e farelo) é um dos responsáveis por parcela significativa das movimentações no Porto de Santos, que bate sucessivos recordes no setor   Foto: Carlos Nogueira/Arquivo

A falta de chuva e o consequente desequilíbrio no clima em vários estados brasileiros vão afetar a safra de grãos para 2024, em especial a soja. A afirmação é do presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), Antonio Galvan. O complexo soja (grãos e farelo) é um dos responsáveis por parcela significativa das movimentações no Porto de Santos, que bate sucessivos recordes no setor.


No ano passado, foram 38,6 milhões de toneladas embarcadas e desembarcadas até novembro, segundo dados da Autoridade Portuária de Santos (APS) - alguns navios/terminais ainda não enviaram todas as informações. Para se ter uma ideia do crescimento, foram 25,1 milhões em 2019, 27,9 milhões em 2020, 30,3 milhões em 2021 e 34,6 milhões em 2022.


“Nunca tivemos um clima atípico quanto o desta safra 2023/2024, pois se planta em um ano e se colhe no outro. O plantio está atrasado em vários estados. No Mato Grosso e em Goiás, por exemplo, já era para ter encerrado em novembro, início de dezembro”, explica Antonio Galvan. “No Paraná, há uma parte do estado com excesso de chuva e falta em outra parte”, emenda.


Diante disso, os números projetados pelo presidente da Aprosoja, em razão do momento climático, estão longe de serem os melhores. “Se chegarmos em 130, 140 milhões de toneladas em termos de Brasil, temos que levantar as mãos para o céu”, sentencia. A safra anterior de soja, de acordo com Galvan, fechou em torno de 155 milhões de toneladas.


A Reportagem também entrou em contato com a Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), mas a diretoria não foi encontrada para falar sobre o assunto.


Tranquilo, mas...

O consultor portuário e diretor da V2PA Engenharia e Consultoria, Marcos Vendramini, não vê problema, a princípio, para os terminais e sistemas de transportes da região no escoamento dos grãos de exportação.


“Em termos de terminais, o Porto de Santos vem constantemente expandindo sua capacidade, tanto por intermédio de meios (infraestruturas e terminais) quanto de métodos (processamento operacional) com pesados investimentos, especialmente nos terminais de granéis sólidos”.


Vendramini só acredita em algum inconveniente caso aconteça algum gargalo pontual no sistema de recepção das cargas, como obras que afunilem ou restrinjam o tráfego nas vias de acesso ao Porto e aos terminais, ou condição climática desfavorável, caso de excesso de chuvas nos períodos de maiores embarques.


Acessibilidade

Já o consultor portuário da Agência Porto Consultoria, Ivam Jardim, deixou claro que, independentemente do momento, é necessário cobrar agilidade do Estado na realização de investimentos em acessibilidade, especificamente rodoviária e marítima.


Na rodoviária, lembra Jardim, é necessária a existência de mais uma rodovia que conecte o Rodoanel à Margem Esquerda do Porto de Santos. “Ela fomentará a Área Continental de Santos, Guarujá e Cubatão, dividindo assim o fluxo pesado com a Anchieta”.


Quanto à acessibilidade marítima, Jardim observa que se faz necessário “o mais breve possível” o início dos estudos para se realizar a concessão do Canal de Acesso do Porto de Santos, em igual metodologia desenvolvida em Paranaguá, no Paraná, concorrente direto pela carga do agronegócio no Sul/Sudeste.


No caso do acesso ferroviário, o consultor comenta que está sendo vivido o momento de plantar. “Ou seja, com a Ferrovia Interna do Porto de Santos (Fips) já estruturada e executando as obras previstas em contrato, o que se tem visto é a busca imediata por novas tecnologias/soluções operacionais para melhoria das operações com a atual infraestrutura, até que as obras sejam concluídas e aí tenhamos uma nova capacidade adicional à disposição para os terminais”.


Quanto aos terminais, Jardim recorda que, na última década, um grande volume de investimento foi executado no Porto de Santos, como na ADM do Brasil e no Terminal XXXIX. “E que seguem com a Cofco e Terminal Exportador de Santos (TES), na Margem Direita, e Terminal Exportador do Guarujá (TEG) e Terminal Exportador de Açúcar do Guarujá (Teag), na Margem Esquerda”.


Logo A Tribuna
Newsletter