Secretário de Assuntos Portuários de Santos fala em atrair indústria de transformação

Em entrevista, Elias Júnior ressalta importância da Área Continental e o desafio de integrar Porto e Indústria

Por: Anderson Firmino  -  28/04/24  -  15:52
Atualizado em 13/05/24 - 18:10
Secretário de Assuntos Portuários e Emprego de Santos assumiu o cargo no início do mês
Secretário de Assuntos Portuários e Emprego de Santos assumiu o cargo no início do mês   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Ocupando desde o último dia 10, a Secretaria de Assuntos Portuários e Emprego de Santos, o advogado Elias Francisco da Silva Júnior sabe dos inúmeros desafios que tem pela frente, em especial a integração Porto-Indústria e a geração de empregos. Mas não pretende reinventar a roda. A missão, segundo ele, é dar continuidade ao trabalho desenvolvido pelo antecessor, Bruno Orlandi. E um dos objetivos é a implantação de uma Zona de Processamento para Exportação (ZPE) na Cidade.


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O senhor assume a secretaria a poucos meses do fim do mandato do prefeito Rogério Santos (Republicanos). Quais as implicações disso?

O importante é a gente dar continuidade aos projetos que estão sendo tracionados pela secretaria. O prefeito me deu a incumbência de aproximar a indústria do Porto, de reforçar a questão do emprego aqui na Cidade. É uma pauta constante.


Nessa questão Porto-Indústria, a instalação das Zonas de Processamento de Exportação (ZPE) é importante. No começo de abril, a Infra S.A. entregou um estudo de viabilidade da ZPE na Área Continental. O que ele indica?

O Brasil está em um movimento pós-pandemia, de reindustrialização. Esse processo passa, também, pela reforma tributária, que busca uma simplificação dos tributos e o fomento da indústria nacional. De olho nesse novo modelo, o prefeito nos incumbiu de aproximar a indústria do Porto. Neste contexto, tem os estudos, que ainda não foram disponibilizados à secretaria, contratados junto à Infra S.A, para que a gente possa dar o próximo passo.


Há previsão para que a secretaria tenha acesso a esse estudo?

Parece-me que, até o final de maio, esse estudo será disponibilizado. Nossa ideia é aprofundar o resultado desse trabalho e que a gente possa promover um grande debate na Cidade, trazendo a indústria, o Legislativo e fomentando a ZPE na Cidade.


A Área Continental apresenta potencial para quais tipos de investimentos, levando em conta, inclusive, questões de licenciamento?

O resultado desse estudo vai abrir caminho para que a gente possa fazer o licenciamento. A Área Continental tem uma importância para nossa Cidade na questão ambiental, mas o licenciamento serve para mitigar riscos. Existem formas de a gente ocupar aquele espaço. Nesse contexto do Porto-Indústria, o que a gente imagina é atrair a indústria de transformação. Com isso, a gente fortaleceria o emprego.


Com o túnel Santos-Guarujá, há receio de que o trânsito da Ponta da Praia seja transferido ao Macuco, para acesso à ligação seca, aumentando o fluxo de veículos em uma área de movimento intenso por conta do Porto. Como equacionar essa questão?

As audiências públicas serviram para coletar a preocupação da sociedade civil. O prefeito Rogério Santos colocou que esse projeto é prioritário para a Cidade, desejado e estudado há muito tempo, e será um equipamento importante para a mobilidade urbana. Esse fluxo de veículos, de cerca de 25 mil veículos, sairá da Ponta da Praia e virá para a Zona Central. Está sendo feito um estudo pela Prefeitura de Santos para que a gente tenha ali intervenções para facilitar o escoamento e o acesso ao túnel.


Uma das bandeiras do governo é a integração Porto-Cidade. Como dá para pensar nela, de forma efetiva?

Essa integração é outra prioridade da Prefeitura. Entendo que são diversas iniciativas que integram a Cidade com o desenvolvimento do Porto. Não há desenvolvimento o econômico sem o progresso da Cidade, e as duas situações estão amplamente conectadas. O nosso papel é, justamente, equilibrar esse desenvolvimento econômico com o social. Iniciativas como o retrofit no Centro de Santos, o Parque Valongo, incentivos para que novos negócios venham para o Centro, integram essa relação.


Um outro ativo importante é a possível mudança do Terminal de Passageiros para o Valongo. Como acompanha essa questão?

Entendemos que é uma alteração muito importante para o fluxo de passageiros, de turistas, e isso trará ao Centro um fluxo importante. Hoje, a Cidade não se aproveita da presença desses turistas. Muitas vezes estacionam nas proximidades do Concais, fazem embarque e, quando terminam o cruzeiro, retornam, pegam seu veículo ou ônibus e regressam para suas cidades. Trazer esse fluxo de turistas, com o Terminal de Passageiros, para o Centro Histórico valoriza nosso patrimônio cultural.


Não tem como falar do desenvolvimento do Porto sem citar os gargalos nos acessos. Como pensa essa questão?

O diálogo entre a Prefeitura, Governo do Estado e Governo Federal é importantíssimo para que a gente consiga transpassar esses problemas de acesso. A gente precisa de bons interlocutores. Faz parte do Pacto Federativo. Com a gente construindo esse bom diálogo, é possível trazer melhorias para a Cidade.


Até onde sua experiência à frente do Camps e outras entidades o ajudarão na secretaria?

Fui dirigente voluntário por muitos anos e presidente do Camps de 2016 a 2020. Por lá já passaram mais de 100 mil jovens, um local amplamente conectado com a situação do emprego. Ali, a gente trabalha com o jovem que busca sua primeira experiência. E na secretaria, somos responsáveis pelo Centro Público de Emprego e Trabalho (Cpet), que dá o encaminhamento para o trabalhador que está desempregado e busca uma oportunidade. Ele faz esse link importante do trabalhador com a empresa. Eu me vejo com o compromisso de construir pontes, trazer os empresários para dentro do centro, para mostrar as oportunidades que temos.


Sobre capacitação dessa mão de obra para o trabalho no Porto, cabe alguma política pública nesse sentido?

Fui conselheiro do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) por cinco anos e a gente tem um levantamento das vagas disponíveis no mercado de trabalho em Santos e na região. Muitas vezes temos o trabalhador buscando uma oportunidade e a oferta de emprego. O que falta é a capacitação. Um desafio da secretaria também é linkar o trabalhador com a capacitação.


Como seria feito isso, especialmente quanto aos jovens que não conseguem ser abraçados pelo Camps?

Não precisamos de um programa novo, mas conectar o que já existe. Precisamos conveniar esses cursos de capacitação profissional lá dentro, para que o munícipe que esteja desempregado, sobrando uma oportunidade, tenha acesso a essa capacitação e seja encaminhado para a oferta de emprego que é noticiada. O compromisso é com todos, tanto para o jovem que busca primeiro emprego, quanto para o jovem que passou pela aprendizagem e busca uma nova oportunidade. O jovem aprendiz que tenha a oportunidade no Governo Municipal, terminado seu contrato de trabalho, ele vai para o mercado de trabalho. Um dos compromissos do Cpet é que esse jovem, que termina o contrato como jovem aprendiz, seja encaminhado para uma qualificação específica e volte ao mercado de trabalho.


Como é a conversa com as empresas do setor portuário?

A gente conversa com as entidades para ligar essas pontas. Nas associações, estão os empresários e, dentro das empresas, está o emprego. O que a gente precisa é conectar o que o mercado busca com o Cpet, para direcionar a qualificação e gerar oportunidade para o trabalhador.


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