Projeto de maior túnel imerso europeu servirá de modelo para ligação seca Santos-Guarujá
Autoridade Portuária se reuniu com engenheiros do túnel que ligará Dinamarca e Alemanha
O túnel imerso mais longo do mundo, que ligará Dinamarca e Alemanha e está em fase de construção, servirá como modelo de estudo para o aperfeiçoamento do projeto do túnel Santos-Guarujá. Na última quinta-feira (11), a diretoria da Autoridade Portuária de Santos (APS) conversou com engenheiros da estatal dinamarquesa Femern A/S, que executa a obra na Europa, para conhecer o projeto e obter conhecimentos técnicos.
Com previsão de inauguração em 2029, o túnel imerso europeu, cujo nome oficial é Fehmarnbelt Fixed Link, será construído a cerca de 40 metros abaixo do nível do Mar Báltico, ligando a cidade de Copenhague, na Dinamarca, a Hamburgo, na Alemanha. A travessia de balsas que hoje leva 45 minutos entre as duas cidades durará apenas sete minutos de trem e 10 minutos de carro.
Em um vídeo publicado nas redes sociais, o presidente da APS, Anderson Pomini, se mostrou animado com a troca de experiência com os engenheiros e traço um palalelo entre a obra que vem saindo no papel na Europa e o projeto em fase de desenvolvimento para o Porto de Santos.
“Foi a primeira reunião com os responsáveis pela implementação do túnel que ligará Dinamarca e Alemanha. São 18 quilômetros no modelo de imersão, como o que nós pretendemos fazer aqui. No entanto, aqui são apenas 860 metros. Analisamos os detalhes, o progresso daquela obra de engenharia, que é absolutamente inovadora no mundo. Conversamos e recebemos as percepções, os cálculos e aprendemos bastante com as informações que serão transferidas para o Porto de Santos, para o nosso túnel”.
Pomini e os demais diretores da Autoridade Portuária se reuniram por videoconferência com funcionários da Femern A/S, empresa estatal dinamarquesa responsável pelo projeto, entre eles o gerente de comunicação da companhia, Morten Kramer Nielsen.
Para A Tribuna, Pomini reiterou que a construção do túnel entre Santos e Guarujá “é uma prioridade do ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França” e que os conhecimentos adquiridos sobre o projeto europeu serão levados à próxima reunião da comissão que trata do projeto da ligação seca, marcada para esta terça-feira (16), para apreciação e análise dos demais membros.
A Autoridade Portuária adiantou que uma das características do projeto europeu que deve ser incluída no edital de licitação para contratação da obra brasileira é a obrigatoriedade de transferência de tecnologia. “Além de construir o túnel, a empresa fica obrigada a promover cursos de capacitação e transferir o conhecimento técnico empregado na obra”, informou a APS, em nota.
O túnel europeu
As obras do túnel entre Dinamarca e Alemanha começaram em 2020, após mais de uma década de planejamento. Em poucos meses, foi construído um porto temporário no lado dinamarquês, que abrigará a fábrica que em breve construirá as 89 seções maciças de concreto que formarão o túnel. Com 18 quilômetros de extensão, o túnel será um dos maiores projetos de infraestrutura da Europa, com um orçamento de construção de mais de 7 bilhões de euros (cerca de R$ 36 bilhões).
A título de comparação, o túnel do Canal da Mancha, que liga a Inglaterra e a França, com 50 quilômetros de extensão e concluído em 1993, custou o equivalente a 12 bilhões de euros (cerca de R$ 70,2 bilhões) corrigidos para a moeda atual. Embora mais longo que o túnel Fehmarnbelt, a ligação do Canal da Mancha foi feita usando uma máquina de perfuração, em vez de imergir seções de túnel pré-construídas.
O túnel será construído ao longo do Fehmarn Belt, um estreito entre a ilha alemã de Fehmarn e a ilha dinamarquesa de Lolland, e foi projetado como uma alternativa ao atual serviço de balsa de Rodby e Puttgarden, que transporta milhões de passageiros anualmente.
O equipamento também será o túnel rodoviário e ferroviário combinado mais longo do mundo, composto por duas autoestradas de pista dupla – separadas por uma passagem de serviço – e duas vias férreas eletrificadas.
