Presidente da AMA diz que Porto de Santos precisa de novo acesso para a Margem Direita

Em entrevista a A Tribuna, João Maria Menano falou sobre as transformações que devem marcar o cais santista

Por: Ágata Luz  -  27/03/22  -  20:19
Presidente da Associação das Empresas do Distrito Industrial e Portuário da Alemoa (AMA), João Maria Menano, mantém expectativa positiva
Presidente da Associação das Empresas do Distrito Industrial e Portuário da Alemoa (AMA), João Maria Menano, mantém expectativa positiva   Foto: Arquivo AT/Carlos Nogueira

Em meio às transformações que devem marcar o ano no Porto de Santos, que vão desde o processo de desestatização da Santos Port Authority (SPA) ao leilão de áreas nas margens Direita e Esquerda do maior complexo portuário brasileiro, o presidente da Associação das Empresas do Distrito Industrial e Portuário da Alemoa (AMA), João Maria Menano, mantém expectativa positiva para 2022.


Clique, assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe centenas de benefícios!


Em entrevista para A Tribuna, ele explica como as empresas instaladas na região próxima à entrada da Cidade trabalham de forma conjunta para consolidar o processo de crescimento trilhado nos últimos anos, destaca a necessidade de viabilização de um novo acesso rodoviário à Margem Direita do Porto e garante: há oportunidades de sobra na Alemoa.


Como o senhor define o atual momento da região da Alemoa e da AMA?

Entendo que o momento do comércio exterior no Porto de Santos vem sendo positivo em questão de movimentação. De alguma maneira, o porto santista consegue manter uma hegemonia de 30% de movimentação de comércio exterior. E esse movimento no Porto tem aumentado continuamente, ano a ano, e não tem sido diferente na Alemoa. Estamos em uma área retroportuária, mas que também lida com atividades portuárias, sempre ligadas ao Porto de Santos. Os acessos são os mesmos, os movimentos são os mesmos, as cargas são as mesmas. Então, quando o Porto está crescendo, cresce todo mundo junto.


Existe alguma perspectiva de novas empresas para a área da Alemoa?

Ainda que não tenhamos novas empresas, a gente tem notado um constante investimento das companhias já instaladas na Alemoa em novas instalações e na modernização das suas estruturas. Com isso, posso dizer que a região está crescendo, assim como a qualidade dos terminais. Tivemos várias expansões e modernizações nos terminais lá existentes.


Como a AMA enxerga a desestatização da gestão do Porto de Santos?

A gente sempre defende atividades privadas, e achamos melhor com uma regulação do governo, uma regulação que possa ser cada vez mais facilitada. Mas, assim como todas as outras entidades, a gente tem o receio de ainda não ter acontecido a desestatização nos portos do Espírito Santo e Santos já estar tão ‘na boca’ para sair do papel. Precisávamos entender melhor como vai ser esse processo. A princípio, sempre que há mais iniciativa privada e menos governo, a gente acha melhor.


A associação chegou a fazer alguma contribuição na consulta pública sobre a desestatização da SPA?

Não. Como a AMA é uma instituição e as áreas que ela representa estão todas fora do que chamamos de Porto Organizado, a gente não fez contribuição.


Quais as expectativas para este e os próximos anos?

Queria destacar algumas oportunidades na Alemoa. Uma delas é a ampliação da atividade portuária em decorrência do leilão do STS 08A, que foi vencido pela Petrobras. Há ainda a possibilidade de instalação de um TUP (Terminal de Uso Privado) novo na Alemoa. Temos também a expectativa de incremento de um ramal ferroviário para atender as operações no bairro, pois contamos com muito potencial para abranger uma operação ferroviária específica em nossa região.


Em entrevista no ano passado, o senhor citou os leilões do STS 08 e STS 08A, dizendo que faltavam pontos de atracação na região da Alemoa. Isso avançou?

Teve um que ainda não saiu, mas acho que, com a implementação do STS 08A, isso vai melhorar e a implementação do TUP, que é um terminal privado, também vai gerar mais atracações na área.


Em 2020, o senhor comentou sobre a falta de uma saída de emergência no acesso à Alemoa para garantir segurança, com a entrada de ambulâncias e caminhões no Corpo de Bombeiros, em casos de acidentes na área. De lá para cá, o que mudou? Há alguma perspectiva de avanços?

Não. Isso ainda é um pleito. Tem uma proposta (de saída de emergência) pelos fundos da Alemoa. Com mais um acesso para a Margem Direita, acho que isso fica atendido. A Alemoa fica na Margem Direita do Porto, que ainda tem uma predominância sobre a Margem Esquerda em tonelagem, com um volume maior, mas a gente continua só com um acesso rodoviário até hoje. Entendemos que essa questão do acesso rodoviário da Margem Direita, tanto por uma questão de fluidez quanto de incremento, é essencial.


É um pleito antigo da AMA, não é mesmo?

Entre ponte e túnel, nova pista do Planalto com entroncamento para o Litoral Sul ou para a Margem Esquerda do Porto, aprofundamento do canal de navegação, melhores e mais acessos ferroviários, existe algo que é incontroverso para todos: um novo acesso rodoviário para a Margem Direita do Porto de Santos. A movimentação cresce, o movimento de caminhões e trens aumenta, os terminais se modernizam, mas o acesso é o mesmo. Parece claro para todos que precisamos de novo acesso rodoviário para a Margem Direita do Porto. Como o acesso à Margem Direita continua sendo um só, com o Viaduto da Alemoa? A segurança e a fluidez devem ser levadas em consideração.


As empresas ainda dependem muito do transporte terrestre. A AMA acredita que investimentos na malha ferroviária podem favorecer a área?

Sim. No caso do acesso ferroviário, vai ser sempre por investimento privado, mas acredito que tem potencial, sim. Diferentemente do viaduto e da saída de emergência, que eu acho que são duas obrigações do Poder Público, na parte ferroviária eu entendo que o interesse da iniciativa privada em investir daria uma boa alavancagem para a Cidade, para a Alemoa e para o Porto.


Um dos grandes problemas na região da Alemoa sempre foi relacionado às condições de pavimentação e drenagem. Como tem sido a manutenção dessa área? As empresas têm enfrentado esse tipo de problema ou houve melhora com as obras da entrada da Cidade?

As obras da entrada da Cidade visaram mais a Zona Noroeste; portanto, acabaram não melhorando tanto a questão portuária. Mas a atenção da Prefeitura com relação às atividades portuárias, à Alemoa e às outras regiões têm sido muito melhor. Temos mantido um contato muito mais próximo.


O conflito entre a Rússia e a Ucrânia trouxe algum reflexo para os terminais da Alemoa?

A gente entende que, ao menos momentaneamente, a sequência de eventos formada por pandemia e guerra na Ucrânia deu relevância ao Brasil nessa questão de grãos. Mas a gente tem que sempre pensar em melhorar nosso nível de exportação. Que o Brasil continue sendo o celeiro do mundo, e que a gente consiga tocar para frente a produtividade da industrialização. Neste primeiro momento, há mais volume para o Brasil, mas não sei se é sustentável no longo prazo ficar sempre dependendo de commodities. Nesse momento, está positivo, porém entendo que o Brasil precisa migrar um pouco mais para a industrialização. Acho que o Brasil tem que buscar agregar valor para sua carga sempre.


Logo A Tribuna
Newsletter