Prefeitos são favoráveis aos dois projetos de ligação seca entre Santos e Guarujá

Para Rogério Santos e Válter Suman, ambos do PSDB, as propostas de túnel submerso e ponte não são concorrentes

Por: Ágata Luz  -  02/03/22  -  06:49
Atualizado em 02/03/22 - 15:30
Prefeitos são favoráveis aos dois projetos de ligação seca: túnel e ponte
Prefeitos são favoráveis aos dois projetos de ligação seca: túnel e ponte   Foto: Divulgação/Santos Port Authority

Os prefeitos de Santos e Guarujá são favoráveis aos dois projetos de ligação seca que ganharam os holofotes nas últimas semanas e visam unir as margens do Porto de Santos localizadas nas duas cidades: o túnel submerso priorizado pelo Governo Federal e a ponte defendida pelo Estado. Consultados por A Tribuna, Rogério Santos (PSDB) e Válter Suman (PSDB) destacam que as duas obras não são concorrentes, e sim complementares, beneficiando o transporte de cargas e o tráfego de veículos leves.


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Para os dois chefes do Executivo, o túnel e a ponte são importantes por diferentes aspectos. A primeira, por exemplo, seria uma opção viável à travessia de balsas e poderia até abrigar o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). Já a segunda seria focada na movimentação de mercadorias entre as cidades que abrigam o maior complexo portuário do Brasil. Para Suman, a viabilização delas é “absolutamente plausível”. Rogério segue a mesma linha. “Os dois projetos são complementares e necessários”.


Iniciado ontem, março é considerado decisivo para o futuro da ligação seca entre Santos e Guarujá. Isso porque o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, ainda em fevereiro, que irá bater o martelo sobre o assunto neste mês. Além dele, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, foi enfático ao defender o túnel entre os dois municípios. Já o governador João Doria (PSDB) disse que irá à Justiça se o projeto estadual de ponte não for autorizado pela União nos próximos 30 dias.


Para o prefeito santista, a principal importância do túnel é seu caráter metropolitano. “A cada barco ou navio que passa, a balsa para. Podemos colocar várias balsas e melhorar o sistema, mas não adianta: a cada navio, a balsa tem que parar. Por isso, essa ligação pelo túnel submerso é fundamental”.


Ele diz não entender a divergência entre os governos Estadual e Federal sobre o tema, pois a maior dificuldade para construção da ligação seca entre os dois municípios sempre foi a questão de recursos. “Se o Governo Federal tem uma forma de custear esse túnel, que faça. Assim como o Governo do Estado, se tem um formato de parceria para fazer a ponte, que faça”.


Rogério ainda relembra que, no passado, o projeto do túnel teve investimentos do próprio Estado. “Por isso, o Governo de São Paulo também pode ser parceiro no projeto. É importante que haja uma convergência para que (a ligação seca) saia o mais rápido possível do papel”. Sobre a ponte, ele destaca uma outra vantagem: a ligação entre as áreas Continental e Insular de Santos. “A ponte será um grande desenvolvimento para a Área Continental nas questões urbana e portuária”.


Seu colega guarujaense destaca a importâcia dois dois projetos. “A solução para essa questão demorou tanto a chegar que, hoje, falar em viabilidade dos dois projetos é algo completamente possível e natural", resume Válter Suman, que resume o papel metropolitano que o túnel carrega consigo. “É o projeto que atenderia melhor a natureza metropolitana da ligação entre as cidades, prevendo a passagem de veículos, pedestres, bicicletas e também do transporte coletivo, inclusive o VLT”.


Demais prefeitos

Devido a esse caráter metropolitano dos projetos, A Tribuna consultou os demais prefeitos da Baixada Santista ao longo da última semana. Para a chefe do Executivo de Praia Grande, Raquel Chini (PSDB), a melhor alternativa é a defendida pelo Governo Federal, pois integraria a região e contribuiria para o desenvolvimento econômico e social. “O túnel, além de ligar as áreas urbanas da Baixada pelo tráfego por rodovia, ciclovia, passagem de pedestre e o VLT, não prejudicará a ampliação do Porto”.


Já o prefeito de Cubatão, Ademário Oliveira (PSDB), admite ter preferênca pela ponte. “Uma ponte seria mais eficiente, pois possibilitaria a facilidade do fluxo e refluxo de tráfego, além de ser um ou outro projeto. “A ligação seca é discutida há quase um século e não serei leviano de fazer uma análise superficial. Tanto a esfera estadual quanto a federal têm grupos técnicos qualificados para entender o melhor caminho”, afirma Caio Matheus (PSDB), de Bertioga. Para ele, independentemente do modelo escolhido, o mais importante é “que o projeto contribua para a mobilidade urbana e o desenvolvimento da região”.


O também tucano Tiago Cervantes (PSDB), de Itanhaém, diz apoiar os dois projetos, mas faz uma ponderação. “Desde que não prejudique a expansão do Porto, uma nova ligação entre Santos e Guarujá é essencial para que a Baixada Santista avance em mobilidade urbana”. O vicentino Kayo Amado (Podemos) revela não ter preferência, pois a região não pode esperar mais. “Independentemente do projeto, será benéfico o que sair mais breve possível”.


Procuradas pela Reportagem, as prefeituras de Mongaguá e Peruíbe não se manifestaram até o fechamento desta edição.


Desestatização

O túnel submerso é uma aposta do Governo Federal e está no pacote de obras da desestatização do Porto de Santos. O ministro de Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, garantiu que este será o projeto para a ligação seca. Apesar de também ter preferência pela alternativa, o presidente Jair Bolsonaro afirmou, em entrevista exclusiva para A Tribuna, que a decisão seria tomada em março. Já a ponte é o projeto que o Governo do Estado prioriza. O governador João Doria chegou a afirmar que irá ingressar com uma ação judicial para garantir o início imediato das obras da ponte Santos-Guarujá se não receber sinal verde da União.


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