Porto de Santos terá nova safra de grãos e adaptações para receber demanda

Autoridade Portuária e Prefeitura listam obras realizadas, trabalhos em andamento e planos para os próximos meses

Por: Ted Sartori  -  20/08/23  -  10:20
O porto santista é um dos principais do Brasil para exportação de grãos, o que traz um fluxo intenso de caminhões e navios ao complexo
O porto santista é um dos principais do Brasil para exportação de grãos, o que traz um fluxo intenso de caminhões e navios ao complexo   Foto: Alexsander Ferraz/AT

Uma nova safra de grãos está a caminho do Porto de Santos. Os destaques do segundo semestre são o milho, com concentração de embarques em setembro, o açúcar e a soja, que segue com grande volume há meses. E um local que pode mais sentir o impacto é a região que compreende o Estuário e a Ponta da Praia, em Santos, onde ficam vários terminais voltados a este tipo de carga. Para evitar complicações, a Autoridade Portuária de Santos (APS) e a Prefeitura de Santos trabalham para estar em sintonia e colaborar com esse processo.


No primeiro semestre deste ano, o Porto registrou recorde na movimentação de cargas, com 81 milhões de toneladas. No mesmo período, a alta do complexo soja (grãos e farelo) foi de 10,4% em relação ao ano passado, atingindo 29 milhões de toneladas, seguido pelo açúcar, com 8,1 milhões de toneladas, aumento de 4,8% sobre 2022. Se, por um lado, as estatísticas simbolizam o poder do complexo santista, por outro servem para deixar as autoridades em permanente estado de alerta.


Para eliminar gargalos, obras viárias estão em andamento nas regiões próximas aos terminais de grãos, facilitando o tráfego e o retorno de caminhões pelos quais chegam cargas não necessariamente transportadas por ferrovias. Além, é claro, de diálogo intenso entre a APS e a Prefeitura.


“Esse processo é contínuo, proativo e colaborativo, independentemente de períodos de pico. É importante lembrar que, além das tratativas diretas, a Prefeitura de Santos possui assento no Conselho de Administração da Autoridade Portuária de Santos, o que agrega valor e objetividade à relação Porto-Cidade”, disse, em nota, a Prefeitura.


Em tese, todo o tráfego rodoferroviário relativo à safra ocorre por ferrovias concedidas pelo Governo Federal, em faixas de domínio próprias, e por rodovias concedidas pelo Governo do Estado, basicamente o Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI).


A partir dessas vias, o trânsito passa a ocorrer pelas avenidas perimetrais e vias internas do Porto de Santos, área sob jurisdição federal. No entanto, no caso das operações na Margem Direita do Porto de Santos (área insular do Município) há interfaces da Avenida Perimetral com vias sob gestão municipal.


Desde 2013, a APS passou a dispor de sistema de agendamento de caminhões que tem sido eficiente, segundo a Prefeitura, sobretudo no âmbito da operação de granéis agroalimentares ao longo da Avenida Mario Covas. A via foi incorporada à Poligonal do chamado Porto Organizado de Santos, mas que tem interface com vias urbanas.


Uma das sugestões da Prefeitura à Autoridade Portuária é a abertura do canteiro central da Avenida Mario Covas, de forma a permitir acesso à pista Ponta da Praia-Canal 4, a partir da Avenida Almirante Cochrane (Canal 5), permitindo rota alternativa para o tráfego urbano.


“Essa solução viária, além de melhorar os fluxos atuais, também possibilitará ações pontuais, caso a movimentação de veículos de carga demande maior fluidez no acesso aos terminais de grãos da Ponta de Praia. Também está em tratativas a implantação de semáforo inteligente no retorno da Rua Amélia Leuchtemberg”, afirma, em nota, a Administração.


Em 2022, por exemplo, foi definida a proibição de estacionamento na pista sentido Canal 4-Ponta da Praia, nas quadras próximas ao retorno existente na proximidade da Rua Amélia Leuchtemberg, o qual serve de acesso aos terminais de granéis existentes na Ponta da Praia.


“Tal medida melhorou o fluxo de veículos na avenida, não tendo sido constatados problemas relevantes durante todo o período de safra. A APS e a Prefeitura também estão em tratativas para pequenas obras nessa importante avenida, que contribuirão para melhorar ainda mais as condições de trânsito”, justifica a Administração.


Melhorias no agendamento são citadas
A Autoridade Portuária de Santos (APS) afirma que está empenhada em elevar seus padrões para acomodar o crescente fluxo de cargas, tomando por base o escoamento da safra agrícola pelo Porto. De olho nesse objetivo, estão sendo implementadas melhorias no sistema de agendamento, tanto no aspecto regulatório quanto na revisão das normas de agendamento. Isso possibilita reuniões periódicas com os terminais de grãos para aprimoramento do regramento do sistema físico, por meio da instalação de pontos de controle nas vias portuárias, permitindo um melhor monitoramento do fluxo. E não é só.


“Além dessas inovações no Porto, está em vias de ser formalizada uma parceria estratégica com uma concessionária rodoviária que permitirá um monitoramento mais eficiente e um planejamento otimizado do fluxo de tráfego em direção ao Porto de Santos”, revela, em nota, a APS. A concessionária, no caso, é a Ecovias.


A infraestrutura já implementada e a melhoria das normas portuárias para atracação e movimentação demonstram serem eficientes, de acordo com a Autoridade Portuária. E a situação tende a se desenvolver. Um exemplo é o STS11, arrendado pela Cofco, que já está com obras de expansão em andamento. Será o maior terminal para granéis vegetais do País, com capacidade para 14,3 milhões de toneladas anuais e aumento de produtividade na movimentação de soja em grãos, farelo de soja, milho, açúcar e desembarque de trigo.


O modal ferroviário também ajuda nesse desafogo, lembra a APS. Foi construída uma terceira linha férrea, que envolveu recursos de R$ 23 milhões, e instalados 1.962 metros de novos trilhos que funcionam como apoio às manobras de vagões vazios, liberando as duas linhas férreas restantes.


A transferência da Marimex, anunciada este mês, para área de 102 mil metros quadrados do antigo Teval, também permitirá a implantação da pera ferroviária (pátio em formato circular que possibilita o transbordo da carga sem a necessidade do desmembramento do trem). Ela aumentará em 20 milhões de toneladas/ano o escoamento de granéis vegetais, atendendo a 13 terminais da margem direita do Porto.


“Quanto ao acesso rodoviário, além das intervenções que serão feitas juntamente com os investimentos da Fips (Ferrovia Interna do Porto de Santos) para o descruzamento rodoferroviário, estão em andamento obras de revitalização na Avenida Perimetral da Margem Direita, com recursos da APS, no trecho Alemoa, e entre Canal 4 e Ponta da Praia, em parceria com terminal local, enquanto na região do Estuário estão sendo feitas melhorias na avenida interna e construção de um viaduto”, resume a APS. (TS)


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