Ministro Marcelo Sampaio: País contará com infraestrutura adequada

Ministro da Infraestrutura demonstra otimismo com o setor portuário

Por: ATribuna.com.br  -  18/09/22  -  13:56
Ministro Marcelo Sampaio participou do evento por vídeo
Ministro Marcelo Sampaio participou do evento por vídeo   Foto: Ton Molina/ Divulgação

O ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio, demonstra otimismo com a infraestrutura portuária existente no País e acredita que haverá expansão adequada para absorver a demanda futura. Para ele, o setor portuário no Brasil tem sido “resiliente” e se mostrado pronto para os desafios.


“Isso nós temos visto devido, em especial, à participação do setor privado, fazendo investimentos importantes, seja nos arrendamentos, nos terminais de uso privado ou nas desestatizações que estamos promovendo”.


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Sampaio afirma que o Governo Federal tem trabalhado para prover infraestrutura em todo o País, especialmente para os portos. “É um setor responsável por 94% das exportações e importações do nosso País. O Brasil tem demonstrando uma segurança, um lastro econômico grande”.


Para o ministro, as desestatizações dos portos vão colaborar para esse aumento da capacidade e competitividade. Foi feita a primeira da história este ano, na Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), do Porto de Vitória, e agora estão previstas as privatiza-ções em Itajaí (SC), São Sebastião (SP) e Santos.


“O Porto de Santos, que já é o maior do Hemisfério Sul, está se tornando também o melhor, com gestão profissional. Quando temos um setor privado corajoso, ousado para investir no segmento, e um corpo técnico por parte do serviço público, encontramos a sinergia para dar certo”.


Sampaio destaca que o Brasil deve crescer muito nos próximos anos e que a próxima safra do agronegócio baterá recorde, com exportação de mais de 300 milhões de toneladas. “O Brasil começa o processo de reindustrialização, mais um desafio para a nossa infraestrutura. Mas tenho certeza que estamos preparados para esse desafio. Vamos sair desse rótulo de país em desenvolvimento para um país desenvolvido”.


Muito a avançar
Consultor na área de infraestrutura, economista e professor da FGV, Gesner Oliveira explica que ainda há muito a fazer. A primeira questão importante, diz ele, é aumentar consideravelmente o investimento em infraestrutura, o que automaticamente geraria ganhos para a economia.


Oliveira apresenta dados: nos últimos 20 anos o Brasil investiu, em média, 2,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em infraestrutura, enquanto a média mundial foi de 3,8%. Há países, porém, muito acima disso, como a Índia (4,7%) e a China (8,5%).


“Nos anos 70 o Brasil investia em infraestrutura mais de 5% do PIB, mas não conseguimos manter e hoje temos uma defasagem muito grande. É um grande desafio que precisa ser alcançado”, ressalta o consultor.


Outra situação citada pelo economista é a diferença do que deveria ser investido em transporte e logística e o que realmente é gasto. Ele explica que o setor deveria receber, ao menos, 2,26% do PIB, mas fica com apenas 0,35%.


“Isso tem um enorme impacto sobre a chamada competividade sistêmica da economia e, naturalmente, sobre os fatores de produção. Por que os salários no Brasil são tão baixos? Porque a produtividade é baixa. É a infraestrutura que cria produtividade e condições para que os rendimentos aumentem”.


Para o professor, ampliar a capacidade portuária atraindo investimentos privados é fundamental. “Retomada do crescimento, com aumento nas importações e exportações, é fundamental para nosso crescimento sustentado”.


Exemplos internacionais
Espelhar-se em boas práticas internacionais é uma maneira de fazer o setor portuário brasileiro atrair investimentos, aumentar a capacidade e a eficiência. O gerente-geral da Eldorado Brasil Celulose, Flávio da Rocha Costa, busca exemplos dos Estados Unidos, Europa e China, locais onde a empresa opera.


“Um deles é a ferrovia. Se você compara a malha ferroviária do Brasil com a dos Estados Unidos e da Ásia, realmente estamos bem atrás. Isso acaba encarecendo os custos, não dando competitividade para a nossa operação. Até porque o agronegócio sai do meio do País, da região central, para buscar os portos para exportação. Então, as ferrovias são muito importantes”.


O que emperra a expansão, explica Costa, são os altos investimentos. Para ele, é necessário que o Governo faça os aportes. “Deixar isso só nas mãos do particular fica muito difícil. Você olha os Estados Unidos e a Ásia, por que eles estão desse tamanho? Justamente por causa de investimentos governamentais”.


Verticalização
Ex-secretário do Ministério da Economia, Cesar Mattos afirma que há uma tendência de verticaliza-ção no mundo. Isso acontece quando os armadores, donos dos navios, também controlam os terminais de contêineres.


“Não é uma anticompetitividade ou fechamento de mercado. Há várias histórias de eficiência em verticalização em portos no mundo todo. Tem um movimento mundial generalizado de integração vertical em portos, que mostra mais flexibilidade, confiabilidade e operações mais rápidas”.


Espanha
O diretor de projetos do Porto de Valência, na Espanha, Jonas Mendes Constante, explicou que o porto espanhol movimentava anualmente 300 mil TEU (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés), há 25 anos. Hoje, chega a 6 milhões de TEU e vai passar a 10 milhões de TEU nos próximos anos. Já é o quarto maior porto da Europa.


“O primeiro passo é planejar com muita antecedência, não esperar a demanda chegar. Em 2010, investimos em uma nova infraestrutura, que vai dobrar o tamanho do porto, e licitamos só há dois anos. O segundo é a filosofia de conectividade, que é o que resolve o problema do importador e exportador. Quem cria conectividade? O armador”.


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