Meganavios com até 366 metros consolidam Santos como hub port

Apto a receber cargueiros com até 366 metros de comprimento, Porto reforça sua característica de concentrador de cargas

Por: ATribuna.com.br  -  02/02/23  -  07:18
Atualizado em 02/02/23 - 10:07
Em novembro de 2022, o meganavio APL Yangsham chamou atenção da comunidade portuária
Em novembro de 2022, o meganavio APL Yangsham chamou atenção da comunidade portuária   Foto: Matheus Tagé/AT

A passagem pelo Porto de Santos, em novembro de 2022, do meganavio APL Yangshan (foto), cujo comprimento de 347,09 metros é equivalente a três estádios do Maracanã, chamou a atenção da comunidade portuária, além de ter paralisado a travessia Santos-Guarujá por cerca de duas horas. O cargueiro representa a nova realidade do complexo santista, que já foi homologado pela Marinha para o recebimento de embarcações de até 366 metros. No entanto, apesar de estar pronto para a atracação dos maiores navios previstos para a Costa Leste da América do Sul, o Porto de Santos ainda precisa de ajustes na sua infraestrutura.


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“Temos que melhorar a profundidade do canal e os acessosrodoviários, aquaviários e ferroviários. Muitos dos navios que escalam hoje no Porto não podem operar na sua capacidade máxima de carga, devido ao calado operacional. Para aumentá-lo, é necessário primeiro solucionar limitações estruturais nos píeres (de atracação).A carga pode aguardar o navio, mas o navio não pode esperar a carga, já que existe um schedule (cronograma) a ser cumprido para atender as janelas de atracação estabelecidas nos terminais de escala dos portos da costa”, destaca o diretor-executivo do Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo (Sindamar), José Roque.


Outro ponto a ser superado, menciona o dirigente, refere-se à ligação entre os municípios de Santos e Guarujá, que acaba sendo prejudicada durante as manobras dos navios gigantes, por questões de segurança da navegação. Caso saia realmente do papel, a construção do túnel entre as margens das duas cidades poderá solucionar o problema. Há alguns anos, o projeto segue em discussão no Poder Público. No final de janeiro, o novo ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, chegou a sinalizar a possibilidade de recursos da Autoridade Portuária bancarem a obra junto ao Governo Federal.


Vocação
Uma das vantagens de liberar a entrada de navios com até 366 metros no Porto de Santos é a ampliação da sua vocação como hub port, ou seja, concentrador de cargas responsável por receber grandes volumes e despachar para complexos de menor expressão. Isso porque, com a homologação pela Marinha, a capacidade dos navios que atracam no cais santista passou de 9 mil TEU (medida equivalente a um contêiner de 20 pés) para 14 mil TEU. Para atender a demanda que está por vir, também é fundamental a implantação de novos terminais, como o STS10, na região do Saboó, que prevê movimentar 2,3 milhões de TEU.


De acordo com a Santos Port Authority (SPA), estatal que administra o complexo portuário santista, a chegada de navios maiores atende à lógica de ganho de escala, além de contribuir com a indução do desenvolvimento da cabotagem. À medida que embarcações de maior porte atracam em Santos, o armador não precisa escalar em todos os portos do País: a carga é distribuída para os demais portos. “O complexo santista responde por aproximadamente 38,5% da movimentação de contêineres do País, número que corrobora sua vocação de hub port da América do Sul”, enfatiza a Autoridade Portuária.


E tudo indica que, apesar de ainda haver a necessidade de melhorias na infraestrutura do complexo, ele manterá seu posto de concentrador de mercadorias. “Não temos constatado desvio de navios para outros portos até pelo fato de a SPA estar sempre melhorando o atendimento dos usuários. Os terminais também têm aumentado a sua produtividade operacional e estão sempre investindo, o que torna o atendimento satisfatório. Vale destacar ainda o preparo da Praticagem para receber esses navios, com treinamentos, nos portos do exterior”, aponta José Roque.


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