O Ministério de Portos e Aeroportos, comandando pelo ex-governador e ex-prefeito de São Vicente Márcio França, filiado ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), está no radar da reforma ministerial que o presidente Lula (PT) deve fazer nos próximos dias. A Tribuna apurou que a pasta foi oferecida ao partido Republicanos, que passaria a integrar o Governo.
O nome indicado pelo Republicanos para assumir o ministério foi do deputado federal Silvio Costa Filho, de Pernambuco, que tem 41 anos e exerce o segundo mandato na Câmara. A Reportagem procurou a assessoria do parlamentar, que não negou a informação, mas disse que ele só daria entrevista após ser oficializado no cargo.
França, de 60 anos, ocupa uma pasta cobiçada pelo chamado Centrão devido à abrangência e à verba federal disponível para projetos e obras. Entre eles, os do túnel Santos-Guarujá e do Aeroporto Civil Metropolitano, na Base Aérea de Santos, em Vicente de Carvalho. A Tribuna procurou a assessoria do ministro, mas não houve retorno até a publicação desta matéria.
Os rumores da possível dança das cadeiras se intensificaram nesta quinta-feira (17). O Globo noticiou que o presidente Lula esteve, em compromisso não oficial, na residência oficial da Presidência da Câmara dos Deputados para se encontrar com Arthur Lira (PP-AL) e discutir mudanças em ministérios.
França não tem mandato — ao contrário, por exemplo, do também filiado ao PSB Geraldo Alckmin, que é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e vice-presidente da República. Caso seja oficializada a saída do ministro, ele poderia ser deslocado para outra pasta. Cogita-se, nos bastidores, Ciência e Tecnologia ou até um desmembramento do ministério de Alckmin para que França fique com o Ministério de Pequenas e Médias Empresas, que precisaria ser recriado pelo Governo.
A Tribuna procurou o Governo Federal e aguarda um posicionamento sobre as mudanças.
Republicanos pressiona
O Ministério de Portos e Aeroportos é cobiçado pelo Republicanos. A concessão dessa pasta contribuiria para que o Governo ampliasse sua base, em especial, na Câmara Federal. Integrante de um bloco de cinco siglas que não necessariamente é coeso nas votações, o Republicanos é o terceiro em número de deputados: 41 — MDB e PSD têm 43 cada, o Podemos tem 12, e o PSC, três.
O Republicanos é, também, o partido do governador Tarcísio de Freitas. Este, indiretamente, era antecessor de França. Por ter sido ministro da Infraestrutura, Freitas abrangia projetos como o do túnel e esteve à frente do não concretizado plano de conceder à iniciativa privada a gestão do Porto de Santos.
França, porém, reiterava desde antes de tomar posse que, por determinação do Governo, a Autoridade Portuária de Santos (APS, até então chamada Santos Port Authority, denominação dada à antiga Codesp) não seria privatizada. Ainda assim, o governador insistia na ideia e chegou a tratar do assunto com o presidente Lula.
A nomeação de Márcio França para o cargo foi confirmada em 22 de dezembro, dois dias após A Tribuna noticiar essa possibilidade. Ele era membro do grupo de transição de Governo na área de Cidades e tinha a expectativa de assumir esse ministério.