Ex-secretário nacional de Portos diz que saída do cargo não afeta desestatização do cais santista

Para A Tribuna, Diogo Piloni falou sobre os motivos para deixar a função no Ministério de Infraestrutura

Por: Ágata Luz  -  26/05/22  -  19:12
Atualizado em 26/05/22 - 19:24
Diogo Piloni justifica seu pedido de exoneração do cargo de secretário nacional de Portos e Transportes Aquaviários
Diogo Piloni justifica seu pedido de exoneração do cargo de secretário nacional de Portos e Transportes Aquaviários   Foto: Matheus Tagé/AT

Uma decisão pessoal em busca de um novo desafio. É assim que Diogo Piloni justifica seu pedido de exoneração do cargo de secretário nacional de Portos e Transportes Aquaviários. Em entrevista exclusiva para A Tribuna, o ex-titular da pasta vinculada ao Ministério de Infraestrutura afirmou que migrará para a iniciativa privada com sentimento de dever cumprido no Governo Federal e garantiu que o processo de desestatização do Porto de Santos não sofrerá impactos com sua saída.


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Publicada na última terça-feira, no Diário Oficial da União (DOU), a portaria com a exoneração de Piloni também nomeou Mário Povia ao cargo. Ele é ex-diretor da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e de Gestão Portuária da Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ). “Saio com a tranquilidade de saber que quem assume é um cara extremamente respeitado, que não vai deixar a peteca cair. O setor estará em excelentes mãos”, ressalta Piloni.


De acordo com o ex-secretário, Povia foi uma escolha do ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio. “Para qualquer um que se envolve no trabalho, gera ansiedade e preocupação em saber quem vai ficar, mas quando a gente conseguiu construir um nome da envergadura do Mário, fiquei tranquilo, com sensação de dever cumprido e otimista para a continuidade do trabalho”.


Ao se despedir da secretaria, Piloni deixa a mensagem de tranquilidade ao setor portuário, inclusive em relação aos programas de desestatização em andamento. “Minha saída não traz impacto nenhum. Quando o ministro Tarcísio Gomes de Freitas falou que a equipe permanece, isso ainda é válido. Estou longe de ser o cara que toca sozinho o programa de desestatização em Santos e outros portos”.


Ele explica que há uma equipe técnica de confiança para seguir com os temas e objetivos do setor portuário. “O Fábio Lavor, por exemplo, segue como diretor de outorgas, é o presidente do Conselho de Administração em Santos e conhece demais as dificuldades e desafios do Porto. Além disso, o Governo Federal tem uma decisão firme de tocar o processo de desestatização, não há nenhum desalinhamento interno que venha a comprometer isso. Será deixado um legado ao setor portuário brasileiro”.


Decisão
Piloni ressaltou que a decisão de deixar a Secretaria Nacional de Portos foi tomada em 2021 e o então ministro Tarcísio Gomes de Freitas já estava ciente de sua vontade de embarcar em uma experiência diferente. Após 12 anos no setor público, sendo três como secretário, o momento atual é o ideal para dar início a novos desafios.


“Eu fui postergando. No início do ano, teve o leilão da Codesa (Companhia Docas do Espírito Santo), o primeiro do setor, e a gente acabou se envolvendo. Logo depois, o Tarcísio saiu e entrou o Marcelo, não faria sentido eu sair sem fazer uma transição com o Marcelo, que é amigo e tem trajetória comigo. Não iria deixá-lo na mão. Não é fácil sair e deixar isso tudo para trás, mas estamos em boas mãos. Sinto a sensação de dever cumprido, mas vai dar saudade sem dúvida alguma”.


Destino
E o futuro de Piloni? Segundo ele, o "destino será a iniciativa privada”, pois é preciso dar uma “oxigenada após uma missão atrás da outra” no Governo Federal. Apesar de já ter uma escolha, o ex-secretário ainda não decidiu em qual empresa trabalhará.


“Recebi convites e fiquei feliz em ver que o mercado me enxerga como um potencial executivo de empresa, não só de governo. Não pretendo parar, obviamente que dentro dos convites apresentados, há de se ter uma escolha de missão que não gere conflito de interesse”, enfatiza o ex-secretário, ressaltando que sua escolha passará pelo crivo da Comissão de Ética Pública da Presidência da República. "A comissão vai dizer se eu devo ficar afastado por seis meses ou não”, finaliza.


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