Estudo aponta riscos causados por eventos climáticos no Porto de Santos

Parte de um relatório elaborado pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) foi detalhado nesta terça (6)

Por: Fernanda Balbino  -  07/12/22  -  21:17
Segundo o relatório, o cais santista poderá ter problemas como erosão e depósito de sedimentos
Segundo o relatório, o cais santista poderá ter problemas como erosão e depósito de sedimentos   Foto: Alexsander Ferraz/AT

Vendavais, enchentes, inundações, ressacas, aumento do nível do mar e neblina. Estas são as principais ameaças identificadas para o Porto de Santos nos próximos anos. Os dados são parte de um relatório elaborado pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e apontam possíveis interrupções de operações cada vez mais frequentes no cais santista.


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De acordo com o relatório, as enchentes e inundações podem ser consequência de uma série de eventos climáticos como chuvas intensas, ressacas e aumento do nível do mar. Além disso, o cais santista poderá ter problemas como erosão e depósito de sedimentos, além de interrupções no transporte de carga, na cadeia logística e nos processos de embarque e desembarque de carga.


As ameaças de maior probabilidade de ocorrência, tanto no período atual quanto no futuro, no Porto de Santos, são relacionadas a períodos chuvosos e vento forte. “Uma série de paralisações à operação do Porto de Santos já são observadas devido a eventos climáticos como chuvas, que interrompem o carregamento de granéis sólidos e rajadas de ventos extremos que causam interrupção da navegação no canal de acesso. Como a probabilidade dos eventos envolvendo chuva se mantém alta, é possível que essas paralisações sejam cada vez mais frequentes no futuro”, destacou o relatório da Antaq.


O estudo aponta, ainda, que a maior preocupação envolve as infraestruturas bacia de evolução e dos canais interno e externo, que apresentaram nível de severidade grave. Em todos eles, a severidade é alta em função do potencial fechamento do canal, impedindo entrada e saída de navios, gerando potenciais prejuízos financeiros.


De acordo com o relatório da Antaq, não existem infraestruturas sob risco estrutural ou operacional alto no Porto de Santos. “Esse resultado está relacionado às características construtivas e de operação das infraestruturas e equipamentos que já foram dimensionados para suportar as cargas operacionais dentro de limites de condições climáticas adversas, além de condições de segurança estabelecidas pelo projetista. No entanto, essa realidade pode estar mudando pouco a pouco e, assim, a adaptação dos equipamentos, máquinas e infraestruturas com tecnologias mais modernas e que resistam melhor às condições de umidade poderá prevenir paralisações e prejuízos financeiros significativos ao porto”.


Recomendações

De acordo com a diretora da Antaq, Flavia Takafashi, é recomendável que as administrações portuárias avaliem novas tecnologias para minimizar os possíveis impactos de ameaças climáticas. “Os custos e riscos da inércia podem ser mais onerosos do que a adoção de medidas imediatas ao passo que a avaliação contínua de riscos e a eleição de potenciais medidas de adaptação podem contribuir para a priorização das ações de mitigação com base em aspectos técnicos”.


Incluir a causa (climática ou não climática) no registro de paralisações e danos é fundamental para aprimorar a identificação e determinação das ameaças climáticas. Portanto, o estudo recomenda que os dados sejam centralizados na Santos Port Authority (SPA), a estatal que administra o cais santista, a partir de informações dos terminais.


O estudo também recomenda que dados de estações meteorológicas locais e outras informações climáticas sejam customizadas para a realidade do Porto. Com isso, poderão auxiliar na identificação de eventos que causem danos significativos. Este aprimoramento pode ser feito através de parcerias com centros de monitoramento meteorológico e universidades.


Criar um grupo de trabalho para monitorar os riscos e planejar a implementação das medidas de adaptação é outro ponto recomendado pela Antaq. Além disso, a agência reguladora aponta que outras ameaças climáticas devem ser incluídas em estudos futuros, como a neblina.


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