Lula diz querer túnel Santos-Guarujá com projeto do Estado

Em tom conciliatório com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse sexta-feira (2) que o túnel imerso Santos-Guarujá será construído a partir do projeto estadual da extinta Dersa. A fala ocorreu na solenidade em comemoração aos 132 anos do Porto de Santos, na sede da Autoridade Portuária de Santos (APS). Porém, o termo de cooperação técnica para a realização conjunta da obra não foi assinado. A formalização foi adiada pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, para ajustes jurídicos no documento. A formalização não tem data para ocorrer.

Por meio da Dersa, o Governo Estadual já tinha os projetos básico e executivo e o licenciamento ambiental para a construção do túnel, o que foi ressaltado por Lula. A obra tem um orçamento próximo de R$ 6 bilhões e os custos serão divididos igualmente entre Estado e União.

Além do túnel, Lula acenou sobre projetos voltados à produção de energia renovável e hidrogênio verde que poderão ser viabilizados em parceria com o Governo do Estado. “Essa é a chance de a gente construir juntos, de fazer a virada nesse País. São Paulo é o principal estado da Federação, que contribui significativamente para o desenvolvimento do País”, declarou.

O governador Tarcísio de Freitas falou sobre parcerias com a União. “Tão importantes quanto o túnel são as outras parcerias que nós vamos construir para viabilizar as obras da Avenida Perimetral e os viadutos que estão faltando. Nós vamos melhorar a mobilidade urbana e tirar as pessoas do engarrafamento”, disse.

O prefeito de Santos, Rogério Santos (Republicanos), comemorou a parceria dos governos Estadual e Federal. “O País precisa estar unido, porque sozinho ninguém faz nada. Essa obra (túnel) é esperada há mais de 100 anos. E eu mantenho o meu compromisso de trabalhar firme, conversando com os governos Federal e do Estado para que essa e outras obras importantes saiam do papel, assim como foi com o Conjunto Habitacional Tancredo Neves, viabilizado com dinheiro dos dois governos”.

Prestígio

O presidente da APS, Anderson Pomini, recebeu outras autoridades no local, como o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB); os ministros de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho; da Fazenda, Fernando Haddad; de Empreendedorismo, Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, Márcio França; e o chefe da Secretaria de Relações Institucionais (SRI) da Presidência, Alexandre Padilha.

Pomini comentou sobre investimentos de R$ 7 bilhões dos cofres do próprio Porto de Santos que serão aplicados na melhoria da infraestrutura portuária. Além disso, destacou o estreitamento das relações entre a União e São Paulo. “O presidente Lula e o governador Tarcísio estão focados nas próximas gerações e não nas próximas eleições”.

Márcio França lembrou o impacto positivo para o setor portuário quando a Secretaria Especial de Portos, com status de ministério, foi criada.

“Quando o senhor (Lula)criou um ministério específico, deu uma alavancada para a nova legislação, permitindo que a autoridade pública e os terminais privados investissem ao mesmo tempo, isso deu um salto. Antigamente, o Porto de Santos era ineficiente e hoje é comparável com qualquer porto do mundo. As maiores produções de commodities do Brasil passam por aqui”.

Desenvolvimento//Já Silvio Costa Filho destacou a gestão de Rui Costa à frente do novo PAC e a bem-sucedida costura com o Governo do Estado para a realização de obras estruturantes em São Paulo, principalmente o túnel imerso. “Que a gente possa ter um olhar para o desenvolvimento do Porto de Santos, que tem importância fundamental no desenvolvimento do Brasil, tendo em vista que passam pelo nosso Porto mais de 30% da corrente de exportação do País”.

O ministro de Portos lembrou ainda sobre a dragagem de aprofundamento do canal de acesso do Porto de Santos, de 15 para 17 metros. “São R$ 6 bilhões que serão viabilizados por meio de parceria público-privada (PPP). É um sonho antigo que aumentará o calado do Porto para trazermos navios maiores e aumentar a nossa competitividade”.

Costa Filho disse também que a obra do novo Terminal Marítimo de Passageiros está no radar do Governo Federal.

Benefício regional

Diretor do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) - Unidade Cubatão, Américo Ferreira Neto esteve na solenidade realizada na Autoridade Portuária de Santos (APS) nesta sexta-feira e comentou a respeito do efeito cascata de benefícios que o túnel imerso Santos-Guarujá vai proporcionar para Cubatão. “Quando se elimina esse gargalo, aumenta a mobilidade urbana e, por sua vez, a competitividade. O túnel, por exemplo, tira o turista da Rodovia Cônego Domênico Rangoni e possibilita maior movimento para o Porto, ganhando o Polo Industrial de Cubatão, o maior do Estado. Lembrando que os pátios reguladores estão em Cubatão, o que vai trazer esse benefício da mobilidade no circuito de chegada dos caminhões do Planalto para o Litoral e, obviamente, ao Porto de Santos”, comenta.

Ligação seca ficará a 21 metros de profundidade, afirma APS

O túnel imerso Santos-Guarujá será feito por meio de parceria público-privada (PPP). O traçado ligará a Margem Esquerda do Porto, lado de Guarujá, pela Prainha, abaixo do linhão, à Margem Direita, por uma área próxima ao cais da Marinha.

O túnel terá 860 metros de comprimento, facilitando a travessia de veículos em apenas dois minutos, beneficiando diretamente 78 mil pessoas e indiretamente 2 milhões. A ligação seca contará com três faixas por sentido, além de uma integração com o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), ciclovia e passagem para pedestres.

Conforme o cronograma já planejado pela Autoridade Portuária de Santos (APS), a previsão é lançar o edital no segundo semestre deste ano, com início das obras em 2025 e conclusão no final de 2028 ou, mais tardar, no início de 2029.

Fases da obra

Segundo o presidente da APS, Anderson Pomini, a construção do túnel abrange três fases. A primeira etapa consiste na instalação do canteiro em Guarujá, onde serão construídas as três placas pré-moldadas, que são as paredes do túnel. A segunda fase envolve a execução da dragagem e a terceira e última, o aprofundamento e a fixação das placas, ou seja, a implementação do túnel por baixo do mar. “É a mesma técnica de imersão que está sendo utilizada para conectar a Dinamarca à Alemanha”.

O presidente da APS acrescentou que, “o teto do túnel estará a 21 metros de profundidade, a partir da linha d’água”.