Dragagem é prioridade no Porto de Santos

Medições mostram manutenção no canal de navegação e em locais de atração estável, mantendo 15m de profundidade

Por: Bárbara Farias  -  26/04/24  -  08:15
Atualizado em 30/04/24 - 18:51
Objetivo agora é aprofundar o canal para de 16 metros; intenção da Autoridade Portuária é realizar uma concessão de 25 anos para que os trabalhos caminhem sem interrupções
Objetivo agora é aprofundar o canal para de 16 metros; intenção da Autoridade Portuária é realizar uma concessão de 25 anos para que os trabalhos caminhem sem interrupções   Foto: Carlos Nogueira/AT

Levantamento hidrográfico feito pela Autoridade Portuária de Santos (APS) mostra um ‘tapete verde’ no canal de acesso ao Porto e nos berços de atração no final de março. A cor significa, de acordo com os gráficos da APS, que a profundidade está igual ou maior do que 15 metros - adequada para as embarcações que passam por Santos. Também é um indicativo de que o serviço de manutenção vem mantendo a estabilidade e que é prioridade para a APS


Em 29 de dezembro de 2023, a Autoridade Portuária antecipou a renovação do contrato com a empresa holandesa Van Oord, que venceria em março deste ano, para a prestação dos serviços de dragagem de manutenção nos trechos 1, 2, 3 e 4 do canal de acesso e nos berços de atracação do Porto de Santos, garantindo continuamente a profundidade de 15 metros. O contrato é válido pelo prazo de 24 meses, no valor de R$ 277,2 milhões.


“Considero o serviço de dragagem prioritário para o Porto de Santos. Por isso, renovamos o contrato de manutenção dos 15 metros e tive a oportunidade de fiscalizar esse serviço pessoalmente, a bordo da draga. A empresa vem fazendo um bom trabalho”, diz o presidente da APS, Anderson Pomini.


O diretor-executivo da Van Oord, Erick Aeck, afirma que a companhia possui contratos de dragagem de manutenção permanente, de médio e de longo prazos, no Brasil, incluindo o Porto de Santos, o maior do Hemisfério Sul, e o Porto do Açu (RJ), que é o maior complexo portuário e industrial privado de águas profundas da América Latina.


Aeck destaca que o atendimento aos portos brasileiros dessa magnitude, entre outros, deve-se aos investimentos em equipamentos de ponta e de grande porte, como “as duas dragas autotransportadoras (hopper), uma delas da classe de 10 mil metros cúbicos (m3) de cisterna (local onde ficam armazenados os sedimentos retirados) e outra da classe de 18 mil m3 de cisterna, respectivamente a HAM 316 e a Utrecht. Além das dragas de injeção de água NJORD e Rio Madeira, utilizadas no Porto de Itajaí (SC) e no Terminal da Alumar”.


O executivo comemora os resultados obtidos no ano passado. “O ano de 2023 foi um ano especialmente profícuo para a Van Oord que, no período, executou dragagens para o Porto de Santos, entre outros portos e terminais localizados nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Pernambuco”.


Além disso, diz ele, 2023 foi marcado pela retomada da execução da dragagem em Suape (PE) para a instauração da profundidade de 20 metros no canal externo, uma obra de grande importância estratégica para o País”.


Aeck frisou que a empresa vem investindo em tecnologia para aumentar a eficiência de seus equipamentos e ampliar o uso de combustíveis mais limpos, sempre com vistas à redução dos impactos ambientais. Recentemente, a empresa adquiriu “três dragas autotransportadoras da Classe de 10 m3 de cisterna, movidas a GNL (gás natural), e quatro dragas de injeção de água de propulsão híbrida, que esperamos poder ver, no futuro próximo, operando no Brasil”.


Movimento
O Porto de Santos registra uma média de 15 atracações por dia, operando 24 horas, sete dias por semana, ou seja, a atividade portuária é ininterrupta. Para atender ao fluxo diário de navegação na maior porta de comércio exterior do País e da América Latina, a manutenção da profundidade do canal de acesso, hoje de 15 metros, é indispensável. Por isso, A APS elege as dragagens de manutenção como obra prioritária de infraestrutura.


Berços aprofundados
Em março, a Autoridade Portuária de Santos (APS) anunciou o início da dragagem de aprofundamento para 15 metros nos berços dos armazéns 12A ao 20/21, na Margem Direita do Porto de Santos. Com um orçamento de R$ 14,9 milhões, o serviço deverá ser concluído pela empresa Náutica em junho. A expectativa é que facilite a atracação de navios no local.


Nova modelagem
O presidente da APS, Anderson Pomini, cita a nova modelagem de contrato para dragagem de aprofundamento que está em análise. “Realizamos estudos adiantados para o aprofundamento de 16 metros, e, na sequência, para 17 metros. Nossa intenção, para dar mais previsibilidade a esses serviços essenciais, é realizar uma concessão de, no mínimo, 25 anos. Isso porque o Porto tende a receber navios cada vez maiores e os números mostram um ritmo de expansão muito importante na movimentação de todos os tipos de carga. Nesse contexto, a dragagem é vital para o Porto de Santos”, concluiu Pomini.


O projeto do Ministério de Portos e Aeroportos (MPor) de concessão da dragagem pelo prazo de 20 anos por parceria público-privada (PPP) prevê investimentos de R$ 6,5 bilhões. Engloba manutenção dos 15m e aprofundamento para 16m, até a concessão do ativo, totalizando R$ 750 milhões em aporte público injetado entre 2024 e 2026, mais concessão e aprofundamento para 17 metros, com aporte privado de R$ 5,8 bilhões, com o BNDES contratado para modelagem.


Para aprofundar para 16 metros, segundo a APS, já foi elaborado o anteprojeto pelo Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias (INPH), com lançamento do edital previsto para julho de 2025, início das obras em outubro de 2025 e conclusão em junho de 2026.


O cronograma pode ser antecipado caso seja feita a concessão por PPP. O investimento previsto é de R$ 324,1 milhões.


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