Direção da APS prepara concurso público com 260 vagas para o Porto de Santos

Diretora de Administração e Finanças da Autoridade Portuária, Bernadete Bacellar concedeu entrevista para A Tribuna

Por: Ted Sartori  -  27/08/23  -  06:24
Atualizado em 27/08/23 - 06:52
  Foto: Sílvio Luiz/20-04-2023

Números baixos e altos unidos a outro tipo de capital, o humano. Gerir esta união faz parte do cotidiano da diretora de Administração e Finanças da Autoridade Portuária de Santos (APS), Bernadete Bacellar. Ela concedeu entrevista para A Tribuna sobre este e outros temas.


A senhora trabalhou na antiga Codesp (foi superintendente e gerente jurídica entre 2019 e 2015) e hoje comanda uma diretoria da Autoridade Portuária de Santos (APS). É possível traçar um paralelo entre antes e agora? Quais são as diferenças?

Muitas diferenças. Apesar de ser a mesma lei federal a reger os portos organizados, a Lei 12.815/2016, a empresa deixou de ser de economia mista e passou a ser estatal; com isso muito do arcabouço legal também se alterou. Além disso, apesar da empresa ter sido sempre não dependente da União, por não depender de aportes para seu custeio, para os investimentos de maior monta, como as Perimetrais, por exemplo, dependia de repasses do Governo Federal, o que acabava influenciando na execução. Como exemplo, posso citar: de alteração legislativa, o regramento para os procedimentos licitatórios. O anteriormente seguido era o da Lei 8.666/93, hoje é o constante na própria lei das estatais, da Lei 13.303/2016; e, no orçamento, que, apesar de próprio, integra a Lei Orçamentária Anual (LOA).


O que isso significa?

Hoje, conseguimos prever os investimentos, mesmo os de maior monta, com recursos próprios. Mas, também, somos medidos pela não execução dos mesmos, quando não os fazemos como previstos. E, ainda, para qualquer acréscimo é necessária solicitação de projeto de lei. A governança foi aperfeiçoada, com estabelecimento de várias normas internas, com definição mais clara de competências e procedimentos e com estabelecimento de programas e metas a atingir. Isso, na minha opinião, é importante para parametrizar as ações de governança.


E as semelhanças com a antiga Codesp?

Como semelhança, cito o corpo de funcionários, sempre competentes.


Quais têm sido as prioridades atuais?

Encontramos a empresa saneada financeiramente, com um saldo considerável no caixa, mas desfalcada no seu corpo funcional e com muitos investimentos por fazer, especialmente de infraestrutura, e com uma inexecução orçamentária alta. Todas as áreas da companhia reclamam de falta de pessoal, com muitas obras estruturais a planejar, projetar e executar, como também estudos a elaborar e contratar para leilões de áreas para futuros arrendamentos. Precisamos suprir o quantitativo necessário de empregados para realizar com mais rapidez todas as nossas metas e deveres, visando a melhoria no atendimento das necessidades do maior porto do Brasil. Além disso, queremos buscar novos talentos e inovações tecnológicas, através de incentivo ao desenvolvimento de projetos, para novas ferramentas e de forma mais sustentável.


Quais os desafios à frente deste cargo na APS?

Gerir o capital humano é combinar conhecimentos, competências e habilidades, eis um grande desafio. Assim, todos os diretores procuram valorizar os empregados, buscando cada vez a melhor gestão desse capital. De outra parte, iniciamos o procedimento para realizar concurso público com aproximadamente 260 vagas, para dar maior efetividade às tarefas a cumprir, não sobrecarregar os atuais empregados e não gerar horas extras, que não podem ultrapassar 2% sobre a folha de pagamento, uma das metas a cumprir. E, óbvio, se pretende dar continuidade à saúde financeira, solucionando pendências tarifárias, mantendo as boas práticas e cumprindo metas estabelecidas, mas executando os investimentos em infraestrutura que nos cabem, além de melhorar a relação Porto-Cidades.


Quais os projetos que podem ser destacados?

Além dos projetos noticiados como túnel (PPP), Perimetrais, dragagem de aprofundamento e implantação do VTMIS (Vessel Traffic Management Information System, que em português significa Sistema de Gerenciamento e Informação do Tráfego de Embarcações), particularmente desta diretoria destacam-se a realização de concurso público; institucionalizar procedimentos que garantam ética e integridade; elevar o nível de treinamento das equipes; fomentar a pesquisa científica voltada ao Porto, com parcerias com instituições de ensino superior para bolsas, e desenvolvimento de projetos por meio de um centro de inovação a ser implementado por empregados de vários setores da empresa. Outras prioridades são apoio e incentivo à cultura e patrimônio histórico, como foi a reabertura do Museu do Porto, em breve a biblioteca e mapoteca do Porto; melhorar as instalações do Museu do Porto, inclusive com prospecções nas paredes para encontrar a cor original; dar transparência com a publicação trimestral dos resultados auditáveis sem ressalva; melhoria dos procedimentos e automação das atividades financeiras, especialmente da área de faturamento, visando ainda a redução do tempo de duração dos procedimentos de contratação de bens de serviços; revisão das políticas normativas internas; e melhorar a zeladoria do Porto.


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