Despachante aduaneiro: uma profissão capaz de mudar vidas

Jornada de profissionais como Gilson Cláudio do Nascimento mostra possibilidades e desafios do comércio exterior

Por: Bárbara Farias  -  27/03/24  -  12:34
O empresário e despachante aduaneiro, Gilson Cláudio do Nascimento, de 52 anos, ingressou no setor portuário aos 12 anos
O empresário e despachante aduaneiro, Gilson Cláudio do Nascimento, de 52 anos, ingressou no setor portuário aos 12 anos   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

A vida e a jornada profissional do despachante aduaneiro Gilson Cláudio do Nascimento no comércio exterior se fundem e são um exemplo do poder de transformação do setor, um dos mais importantes da economia. Hoje com 52 anos, casado e pai de dois filhos, ele conta com orgulho que ingressou no setor portuário no início da adolescência. Foi office boy, auxiliar de escritório, gerente de importação e exportação e importação, se tornou despachante aduaneiro, investiu em um negócio próprio e, agora, projeta em um de seus filhos a continuidade do legado no comércio exterior.


Gilson relembra, com orgulho, sua evolução na profissão. Aos 12 anos, por meio do Centro de Aprendizagem e Mobilização Profissional e Social (Camps), ele entrou pela primeira vez em uma empresa portuária. E não parou mais. Aos 14 anos, trabalhou em uma companhia que prestava serviços aduaneiros no Porto de Santos. Nela permaneceu por 16 anos, até decidir mudar de ares, fazer as malas e embarcar para um desafio em Pernambuco, onde o Porto de Suape dava seus primeiros passos: ajudar um grupo de amigos que iria abrir uma empresa.


“Lembro que comecei como auxiliar de escritório e me tornei gerente de exportação e importação. Após 16 anos nesse ramo, em 2002, eu fui para Recife, onde conheci a estrutura do Porto de Suape e assessorei amigos meus despachantes que abriram uma empresa lá. Em abril de 2003, eu voltei para Santos e, aqui, abri a minha própria empresa, a Mega World Logistics. Nela, eu presto serviço porta a porta para os clientes, desde o agenciamento da carga e desembaraço aduaneiro até o transporte rodoviário por caminhões”.


Criando parâmetros
Criando parâmetrosEle se recorda com carinho da passagem por Pernambuco, que o ajudou a criar parâmetros e valorizar a complexidade existente no Porto de Santos, para onde voltou e criou a própria empresa. “Quando eu fui para Pernambuco, Suape ainda estava iniciando as operações, engatinhando, mas até hoje é muito diferente de Santos, que é o maior porto do Hemisfério Sul e é muito complexo. Quem trabalha aqui está preparado para atuar em qualquer porto do Brasil”.


Gilson conta que o forte de seu negócio é importação de máquinas, com muitos clientes da indústria metalúrgica, que adquirem equipamentos, principalmente, na China, Itália, Espanha, Alemanha e Argentina. Do total movimentado, ele aponta que 50% vêm da China.


“Eu faço toda a logística desde a retirada da carga no fornecedor, no exterior, até a entrega para o meu cliente, aqui, no Brasil. Coletamos a carga, embarcamos no navio, fazemos o booking no navio, descarregamos, principalmente, no Porto de Santos, e, aqui, fazemos toda a parte operacional e aduaneira, estudo logístico de redução de impostos, pagamentos de impostos em geral, liberação da carga na Receita Federal e transporte rodoviário para entrega na planta do cliente”.


Atualizado e alinhado
Atualizado e alinhadoApós décadas atuando como despachante aduaneiro e empresário, Gilson disse que é imprescindível se manter atualizado sobre as leis aduaneiras e alinhado às inovações tecnológicas. “É preciso estar atento às mudanças nas legislações aduaneiras, em especial em São Paulo, porque algumas máquinas importadas para ativo imobilizado (equipamentos de uma empresa), por exemplo, podem ter benefícios como isenção de impostos, outras não, isso muda com frequência”.


Contudo, o empresário disse que, embora atue num ramo muito complexo do comércio exterior, tem muita satisfação em conduzir esses processos e atender clientes multinacionais, “de grande porte, que utilizam o nosso trabalho justamente por causa do conhecimento adquirido. Gosto bastante do que eu faço. É gratificante”.


E a tecnologia?
Para Gilson, ela facilitou o seu negócio após a transição do papel para os sistemas eletrônicos no desembaraço de cargas. “Há 21 anos, para liberar um equipamento de alto valor agregado, de US$ 1 milhão por exemplo, que viesse como uma carga de projeto, eu levaria de 20 a 30 dias. Hoje, dependendo do equipamento, a liberação ocorre em uma semana”.


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