Representantes do Governo Federal e do grupo Quadra Capital assinaram ontem o contrato de compra e venda das ações da Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa). O leilão, realizado em 30 de março, foi vencido pelo consórcio FIP Shelf 119 Multiestratégia, com uma outorga de R$ 106 milhões. O grupo passa a ser o acionista majoritário da Autoridade Portuária. O próximo passo será a assinatura do contrato de concessão, no próximo dia 20.
Até essa data, a gestão da Codesa seguirá com a atual diretoria executiva, em uma fase de transição. Pelos próximos 35 anos, o investimento da Quadra Capital nos portos capixabas será de pelo menos R$ 850 milhões, sendo R$ 335 milhões voltados à ampliação dos portos de Vitória e Barra do Riacho.
O evento, realizado em Vitória, contou com a participação do ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio. Em seu discurso, ele reforçou que a privatização da Codesa abre caminho para a concessão das demais Autoridades Portuárias brasileiras, como Itajaí (SC), São Sebastião e Santos. No Espírito Santo, a expectativa, segundo ele, é de geração de 15 mil empregos.
“Fizemos leilão da Eletrobras, fatiamos a BR Distribuidora e continuamos caminhando na direção do que acreditamos. Isso passa por andar de mãos dadas com o setor privado. O Grupo Quadra é ousado, corajoso, não se furta em investir no País. O Produto Interno Bruto (PIB) do País passa pelo setor portuário. Escolhemos a Codesa (para ser o primeiro leilão) por ter portos bem estruturados e temos certeza que, a partir de agora, teremos investimentos e a eficiência do setor privado para os portos de Vitória e Barra do Riacho”.
O ministro ressaltou a importância da infraestrutura para o futuro do País. “Ela faz parte da independência de um povo. Estamos trabalhando para cavar estas estacas, tornando o Brasil cada vez mais eficiente. O esforço do setor privado, quando encontra técnicos, tem um poder enorme de transformação”.
Novo executivo
Nome escolhido pela Quadra para ser o CEO da Codesa, Ilson Hulle também discursou no evento. Anteriormente, ele foi diretor da Log In, empresa que é dona do Terminal de Vila Velha, também no Espírito Santo.
Segundo Hulle, a ideia é investir o que for preciso para tornar o Porto de Vitória, em especial, uma referência em termos de movimentação. “Seremos um porto aberto, especialmente para as comunidades ao redor, eficiente e moderno, com muito respeito à população e ao meio ambiente”.
Santos
No caso do Porto de Santos, a privatização, que deve ser pelo prazo de 50 anos, tem projeção de investimentos na ordem dos R$ 16 bilhões, além de cerca de 60 mil postos de trabalho gerados direta e indiretamente. A expectativa do Ministério da Infraestrutura é de um aumento de 160 milhões de toneladas movimentadas ao ano para 290 milhões de toneladas anuais ao longo das próximas décadas.
Na última semana, o Tribunal de Contas da União (TCU) confirmou que pretende agilizar a autorização para que a Santos Port Authority (SPA) seja privatizada. A documentação foi enviada pelo Ministério da Infraestrutura, antes da aprovação pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). A informação foi divulgada por Marcelo Sampaio e por Augusto Nardes, ministro do TCU, durante o Summit Portos 2022, realizado em Brasília pelo Grupo Tribuna na semana passada.