Com maior abrangência, Fundo da Marinha Mercante fomenta investimentos no setor portuário

Atualmente, existem 237 obras em andamento com recursos do FMM, sendo 94 em São Paulo

Por: Ted Sartori  -  16/08/23  -  07:53
No Porto de Santos, especificamente, esse recurso pode ser utilizado pelos terminais que já iniciaram obras ou estão planejando novos investimentos
No Porto de Santos, especificamente, esse recurso pode ser utilizado pelos terminais que já iniciaram obras ou estão planejando novos investimentos   Foto: Alexsander Ferraz/AT

O Porto de Santos tem muito a ganhar com a utilização dos recursos do Fundo da Marinha Mercante (FMM). Ele é destinado a fomentar investimentos para o desenvolvimento da Marinha Mercante, da indústria de construção e reparação naval brasileiras e, agora, de terminais arrendados e privados. A atuação do FMM foi ampliada com a sanção da Lei Federal 14.301/2022, conhecida como BR do Mar, que alterou a regulação anterior, baseada na Lei Federal 10.893/2004.


“No Porto de Santos, especificamente, esse recurso pode ser utilizado pelos terminais que já iniciaram obras ou estão planejando novos investimentos. Os interessados deverão realizar o pedido apresentando ao Ministério de Portos e Aeroportos. Importante destacar que, em leilões portuários, esses terminais já foram previamente qualificados pelo Programa de Parcerias de Investimentos da Casa Civil da Presidência da República e possuem prioridade quando da análise pelo Conselho Diretor do Fundo”, explica o consultor portuário Ivam Jardim.


O FMM é administrado pelo Ministério de Portos e Aeroportos, por intermédio do Conselho Diretor do Fundo da Marinha Mercante, presidido por Roberto Gusmão, secretário-executivo da pasta. Segundo dados da pasta, existem atualmente 237 obras em andamento que utilizam os recursos do Fundo. A maior quantidade está em São Paulo: 94.


Em 12 anos, de 2011 a 2023, foram arrecadados R$ 89,8 bilhões com receitas originárias do FMM. Foram utilizados R$ 31,4 bilhões, o equivalente a 35%. A própria pasta indica baixa utilização e indica a possibilidade de aumento da abrangência do financiamento. O ministério também observa que todos as 907 obras contratadas foram concluídas, reforçando o potencial desses recursos.


Sobre a mudança ocorrida ano passado no Fundo da Marinha Mercante, Jardim cita que “o principal ponto, na prática, é a possibilidade de financiamento de portos e hidrovias”.


“Tem sido implementada uma análise bem criteriosa, de forma a contemplar projetos que estejam maduros e de execução imediata. É uma atitude correta pois, ao se empenhar e disponibilizar o recurso, é importante que o tomador dê uma ágil destinação, gerando ganhos de capacidade, impostos, empregos e consequente retorno do investimento, para que se pague o financiamento e restitua a capacidade do Governo Federal para financiar novos projetos”, comenta o consultor portuário.


Recursos

A principal fonte de recursos do Fundo da Marinha Mercante é o Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM). Ele é calculado sobre o valor do transporte aquaviário, com a soma do frete internacional e demais taxas constantes do CE-Mercante, um método de controle fiscal para operações marítimas, que consite em um conhecimento de carga informado de maneira eletrônica às autoridades aduaneiras.


Aplicam-se as seguintes alíquotas: 8% na navegação de longo curso, 8% na navegação de cabotagem, 40% na navegação fluvial e lacustre quando do transporte de granéis líquidos nas regiões Norte e Nordeste e 8% na navegação fluvial e lacustre, por ocasião do transporte de granéis sólidos e outras cargas nas regiões Norte e Nordeste.


“Trata-se de lastro para que o investidor procure bancos públicos, como o BNDES, para buscar financiamentos com uma carência de até quatro anos e amortização em até duas décadas”, explica Jardim. “Infelizmente, para o setor, grande parte do valor disponível para essa alocação foi retirado pelo então ministro da Economia, Paulo Guedes, que o utilizou para gerar resultado fiscal, transferindo-o para o Tesouro Nacional. Hoje, estima-se estarem disponíveis apenas R$ 6 bilhões, o que impede uma atuação mais forte dos ministérios de Portos e Aeroportos e da Fazenda para fomentar grandes projetos”, detalha Jardim.


Projetos financiáveis

- Construção ou produção de embarcação de carga, apoio marítimo, apoio a outras atividades offshore e à navegação (rebocadores e empurradores), transporte de passageiros, navios-sonda, destinadas à pesca em operações contratadas por empresa brasileira ou estrangeira, em especial empresa brasileira de navegação e estaleiro brasileiro


- Produção de embarcação destinada à exportação em operações contratadas por estaleiro brasileiro


- Construção de embarcação auxiliar, hidrográfica, oceanográfica e a ser empregada na proteção do tráfego marítimo nacional em operações contratadas por entidades públicas, instituições de pesquisa e outros órgãos, inclusive os representativos de classe dos setores de marinha mercante e de construção naval


- Construção e reparos de embarcação auxiliar, hidrográfica e oceanográfica, e a serem empregadas na proteção do tráfego marítimo em operações contratadas por empresas públicas não dependentes vinculadas ao Ministério da Defesa


Obras financiáveis

Estaleiros e suas unidades industriais

- Construção, expansão e modernização de estaleiros e suas unidades industriais, bem como de arsenais e bases navais brasileiros em operações contratadas por estaleiro brasileiro


Infraestrutura

- Realização de obras de infraestrutura portuária e aquaviária em operações contratadas por empresa brasileira


Outros

- Outras aplicações em investimentos no interesse do desenvolvimento da Marinha Mercante e da indústria de construção e reparação naval brasileiras (pendente emissão de regulamento pelo Conselho Diretor do FMM) em operações contratadas por empresa brasileira - Projetos de pesquisa e desenvolvimento científico ou tecnológica e formação e aperfeiçoamento de recursos humanos voltados para os setores da Marinha Mercante, construção ou reparo naval em operações contratadas por empresas ou entidades brasileiras


Fonte: Agência Porto Consultoria


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