Canal do Panamá, pioneirismo há mais de 100 anos

Obra, de 1914, é considerada até hoje uma das maiores da história

Por: Alexandre Lopes  -  16/04/24  -  14:25
Atualizado em 19/04/24 - 19:14
O Canal do Panamá foi construído a partir de um sistema de eclusas, que permite a elevação e o rebaixamento das embarcações em locais que apresentam desníveis entre os oceanos
O Canal do Panamá foi construído a partir de um sistema de eclusas, que permite a elevação e o rebaixamento das embarcações em locais que apresentam desníveis entre os oceanos   Foto: Pixabay

Enquanto governos municipais, estadual e federal discutem há 100 anos a construção de uma ligação seca entre Santos e Guarujá, o Panamá, que hoje possui o maior complexo portuário da América Latina, comemora em 2024 os 110 anos de seu famoso canal, inaugurado em 1914.


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Sim, caro leitor. Há 110 anos, quando não existia nem sombra dos recursos tecnológicos e de engenharia que dominam o planeta hoje, o Panamá, atualmente a 81ª maior economia do mundo, inaugurava com a ajuda dos Estados Unidos uma obra faraônica considerada, até hoje, uma das maiores da história da humanidade.


Enquanto a ligação seca da Baixada Santista ainda não se transforma em realidade, o Panamá conta com uma via artificial marítima com 82 km de comprimento. Ela foi construída no meio de uma floresta selvagem, com o auxílio de mais de 75 mil trabalhadores durante mais de 10 anos de trabalhos. Com isso, as rotas marítimas globais foram extremamente encurtadas e se tornaram mais seguras. Atualmente, cerca de 6% do comércio mundial passa por essa rota.


Tecnologia
A Tribuna visitou o Canal do Panamá na última semana. Ele foi construído a partir de um sistema de eclusas, que permite a elevação e o rebaixamento das embarcações em locais que apresentam desníveis entre os oceanos. De forma mais simples, é um elevador, feito de água, que eleva e rebaixa os navios.


Há 110 anos, o Canal do Panamá é responsável por melhorar o comércio mundial, o transporte e a conectividade. Desde sua abertura, a via aquática transformou o comércio mundial, reduzindo tempos, distâncias e custos entre os centros de produção e de consumo. O canal serve de conexão a 180 rotas, de 170 países, por meio de 1.920 portos.


Capacidade hídrica
A operação do Canal do Panamá, porém, depende da sua capacidade hidríca. Apesar da sua grandiosidade, a ligação enfrenta, nos últimos meses, um período extremamente difícil por conta da seca que atinge a região, fazendo com que centenas de navios esperem dias para atravessá-lo.


Com o canal operando em ritmo mais lento, há um aumento nos preços e atrasos em toda a cadeia de abastecimento global. No começo do ano, por exemplo, a Maersk emitiu um comunicado aos clientes afirmando que cargueiros oriundos da Austrália e da Nova Zelândia não utilizariam mais o caminho. Nesse caso, a carga seria transportada por meio terrestre.


O grande problema é que, ao entrar na estreia hidrovia, os navios sobem mais de 26 metros acima do nível do mar até o Lago Gatun. Do lado contrário, os navios descem. Se o Lago Gatun está seco, o sistema de bloqueio das eclusas não funciona.


Cada navio utiliza cerca de 200 milhões de litros de água doce na travessia e a maior parte dela acaba sendo despejada no mar. E é do mesmo Lago Gatun que vem a água da população panamenha que enfrenta dificuldades.


O  Canal do Panamá é um dos maiores orgulhos da população panamenha e acabou se tornando uma atração extremamente procurada pelos turistas
O Canal do Panamá é um dos maiores orgulhos da população panamenha e acabou se tornando uma atração extremamente procurada pelos turistas   Foto: Alexandre Lopes

Orgulho e atração turística
Apesar das dificuldades com a questão da seca, o Canal do Panamá é um dos maiores orgulhos da população panamenha e, claro, acabou se tornando uma atração extremamente procurada e disputada pelos turistas que fazem conexão na Cidade do Panamá ou passam alguns dias no local.


Pensando nisso, as autoridades locais criaram em Miraflores, cerca de 15 minutos da Cidade do Panamá, um centro de visitação com uma estrutura completa com atrações para pessoas de todas as idades. Turistas que querem entrar no local precisam pagar US$ 20.


Exposição e filme
Além de uma fascinante exposição sobre a construção do canal, os visitantes podem conferir um filme de 45 minutos, narrado por ninguém menos que Morgan Freeman, que conta em detalhes toda a história da construção do canal em 3D. O filme é imperdível e faz com que todos se sintam parte da construção.


O local também conta com vários espaços instagramaveis e possui uma lanchonete que oferece vários tipos de comida e bebidas que ajudam a forrar a barriga para aguardar o verdadeiro clímax da atração. Algo que, além de paciência, exige um pouco de velocidade e sorte para pegar um bom lugar.


Seguindo um curto caminho após o cinema, é possível encontrar uma ponte de observação ao lado de algumas das eclusas do Canal do Panamá. Ali, é possível ver, com um guia explicando, a passagem dos navios que ocorre, sempre, de maneira agendada. É um evento absolutamente inesquecível.


O espetáculo, por navio, dura cerca de 30 minutos. Nesse momento, as pessoas se aglomeram nas grades do ponto de observação e conseguem ver cada etapa da travessia. O momento que a água começa a ser drenada e o navio começa a descer, como em um elevador, é absolutamente incrível e torna a visita ao Canal do Panamá algo obrigatório a quem passa pela cidade. Uma solução marítima pensada há mais de um século e que funciona até hoje, inspirando gerações.


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