Caminhoneiros se irritam com buracos no Porto de Santos: 'Haja caminhão e corpo para a gente'

Má conservação do sistema viário em pontos como o Retão da Alemoa aumenta o risco de acidentes e prejuízos

Por: Ted Sartori  -  14/01/23  -  06:44
Caminhoneiros que passam pelo Porto de Santos precisam driblar os buracos em algumas das principais vias de acesso
Caminhoneiros que passam pelo Porto de Santos precisam driblar os buracos em algumas das principais vias de acesso   Foto: Matheus Tagé/AT

Além da responsabilidade de levar boa parte das cargas que ajudam a movimentar a economia nacional, os caminhoneiros que passam pelo Porto de Santos têm outro desafio: driblar os buracos que marcam presença em algumas das principais vias de acesso ao complexo portuário. Os problemas são fruto do tráfego intenso de veículos pesados, vindos das mais variadas partes do Brasil, e da conservação nem sempre frequente, aumentando o risco de acidentes e prejuízos a quem ganha a vida na boleia.


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Na última semana, enquanto o repórter-fotográfico Matheus Tagé fazia fotos dos buracos, não demorou para que caminhoneiros e motoristas de automóveis que passavam pelo local clamassem quase que em uníssono: “É uma vergonha!”. Um dos pontos mais críticos é a Avenida Engenheiro Augusto Barata, o Retão da Alemoa. Por lá, há buracos de todos os tamanhos e desnivelamento de paralelepípedos, formando um quadro assustador para quem é obrigado a se aventurar por ali.


“Quando eu desço do viaduto para entrar no Retão da Alemoa é um problema. É a pior parte do trajeto, com certeza”, afirma o caminhoneiro Carlos Eduardo Passos Wenceslau, de 37 anos e há uma década na profissão. “Nos outros pontos do Porto, até existem buracos, mas é uma parte mais nova e muito longe de ser como aqui em termos de problemas nesse sentido”.


Venceslau defende que o local seja pavimentado com uma camada de asfalto que aguente o tranco proporcionado pelo tráfego constante de veículos pesados. “Haja caminhão e corpo para a gente. Ainda bem que não tenho problema de coluna. Ainda”, disse, rindo.


Com quase duas décadas de experiência como caminhoneiro, Sérgio Luiz Guimarães, de 49 anos, fez questão de abrir o motor para mostrar uma peça que vai ter de passar por reparo em razão da pista complicada: a mola mestre da carreta. Ela faz parte dos feixes de mola que compõem o sistema de suspensão e tem como função de reduzir impactos e manter o contato do pneu com o solo de maneira estável e contínua - tarefa quase impossível em uma avenida tão desnivelada.


“Vou gastar uns R$ 500,00 só para consertar isso”, revela o caminhoneiro, apontando para a peça. “Acidentes são constantes por aqui, às vezes até um atrás do outro, o que já aconteceu com caminhões. Quando chove, a situação piora porque a água esconde os buracos. Só por Deus mesmo andar por aqui”.


Resposta

A conservação das vias que vão desde o Retão da Alemoa até o fim da Avenida Governador Mário Covas Júnior, na Ponta da Praia, está sob responsabilidade da Santos Port Authority (SPA), gestora do Porto de Santos.


Em nota, a Autoridade Portuária informa que os serviços de manutenção de pavimentos das vias são realizados de forma contínua, tanto preventiva quanto corretiva, motivados por meio de vistorias periódicas realizadas pelo corpo técnico da SPA. São executados por empresas especializadas contratadas para manutenção de pavimentação, sinalização, conservação e limpeza das vias públicas do Porto de Santos.


Com relação à situação do pavimento em alguns trechos das vias portuárias, foi firmado um novo contrato em outubro do ano passado, uma vez que foi rescindido o anterior, por descontinuidade na prestação do serviço pela então contratada. A manutenção foi retomada e a previsão para sanar todos os pontos mais críticos é até o final de janeiro de 2023, uma vez que o período é de fortes chuvas.


A Autoridade Portuária de Santos informa ainda que está realizando obras de melhoria da infraestrutura viária na entrada do Porto, a partir da saída do Viaduto Paulo Bonavides, na Alemoa. O projeto prevê a readequação do sistema viário, aproveitando o traçado existente, além da reestruturação do sistema de microdrenagem da região. As obras também contemplam a implantação de novo sistema de iluminação e sinalização viária.


O trabalho também contempla a construção de um canal de drenagem em substituição à vala de drenagem existente, com maior capacidade de vazão e consequente melhoria no escoamento das águas pluviais da rede municipal. Esta obra está em fase de instalação de banco de dutos das redes elétrica, de telefonia e de fibra, escavação da caixa de pavimento e execução do subleito, pavimento da ciclovia, demolição do alambrado e outros serviços.


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