Baixada Santista terá primeira usina de hidrogênio verde do estado de São Paulo

Anúncio foi feito pelo empresário e economista Roberto Gianetti da Fonseca, que participou do 3º encontro Agenda ESG

Por: Anderson Firmino  -  24/11/22  -  20:54
Atualizado em 24/11/22 - 23:03
Usina fornecerá hidrogênio e amônia para empresas siderúrgicas, petroquímicas, de fertilizantes e do Porto de Santos
Usina fornecerá hidrogênio e amônia para empresas siderúrgicas, petroquímicas, de fertilizantes e do Porto de Santos   Foto: Matheus Tagé/AT

A Baixada Santista deve contar, em breve, com a primeira usina de hidrogênio verde do Estado de São Paulo e a primeira dedicada ao mercado interno do País. Será montada nas instalações da Empresa Metropolitana de Água e Energia (Emae) e deverá fornecer hidrogênio e amônia para empresas siderúrgicas, petroquímicas, de fertilizantes e do Porto de Santos, num processo de descarbonização que deve levar até cinco anos.


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O anúncio foi feito pelo empresário e economista Roberto Gianetti da Fonseca, que participou do terceiro encontro Agenda ESG, realizado ontem à tarde no Auditório do Grupo Tribuna. Os debates abordaram a relação das boas práticas de ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança) com o maior porto da América Latina


“Vamos fornecer energia em hidrogênio e eletricidade renovável para quem quiser. O hidrogênio será usado como combustível automotivo. Estamos iniciando esse empreendimento e espero que, ainda em 2023, possamos anunciar o lançamento da pedra fundamental”, conta Gianetti. “Ela usará energia solar durante o dia e energia hidrelétrica durante a noite”, reforça.


União de esforços

Ricardo Arten, CEO da Brasil Terminal Portuário (BTP), defendeu a união de esforços entre as empresas do setor portuário para ampliar as ações sociais já desenvolvidas em cada uma.


“Quando uma empresa faz por convicção, acaba levando outros terminais à mesma direção. Percebemos uma evolução focada no E (environment, ou meio ambiente) mas falhas no S e no G. Seria importante uma junção dos operadores portuários, numa forma integrada, não com pequenos projetos, mas com uma ação coordenada”, aponta.


Marcelo Patrício, gerente executivo de Operações Portuárias da Santos Brasil, entende que esse papel pode ser exercido pelo Sindicato dos Operadores Portuários do Estado (Sopesp). “É importante um conjunto de pequenas ações de cada empresa, somadas ou integradas”, frisa.


Gustavo Valente, da Vinci Partners e diretor da Maralto Terminal de Contêineres, lembra que o terminal da empresa, no Paraná, já foi pensado sob a ótica ESG. “O Brasil tem sorte de possuir uma matriz de energia renovável muito consistente”, aponta.


Gianetti (2º a partir da esquerda) espera lançar a pedra fundamental da usina em 2023
Gianetti (2º a partir da esquerda) espera lançar a pedra fundamental da usina em 2023   Foto: Matheus Tagé/AT

Cuidado ambiental requer ajuda pública

A preocupação com o meio ambiente precisa de ajuda do Poder Público, mas pode ser conduzida pela iniciativa privada de forma eficiente e sustentável, aplicando na prática os conceitos de ESG. É o caso do Porto do Açu, um dos maiores complexos de infraestrutura do País e que fica no Rio de Janeiro.


De acordo com o diretor de Administração Portuário do complexo, Vinicius Patel, um dos exemplos dessa integração com a sociedade está na conservação das tartarugas marinhas pelo Projeto Tamar. “Educação ambiental tem um papel transformador.”


Presente nas concessões

Caroline Mayara, representante da Infra S.A., empresa pública nascida da junção da Valec Engenharia com a Empresa de Planejamento e Logística (EPL), conta que, nos estudos de viabilidade sobre concessões no setor portuário, pouco foi notado sobre a temática das mudanças climáticas nas modelagens propostas. “Estamos trabalhando para inserir essa preocupação nos projetos, porque (o assunto) não deve ser tratado só pelo privado, mas pela iniciativa pública.”


Ana Angélica Alabarce, chefe do Ibama na região, afirma haver grande preocupação em melhorias na atuação dos terminais portuários. “Estamos muito bem nesse aspecto, como na questão da água de lastro”, declara.


O advogado e consultor Antônio Lawand condena o veto existente na Lei de Portos a atividades de produção industrial dentro da área do porto organizado. “Em tese, o enquadramento jurídico é avesso até à produção de emergia”, lamenta.


Especialista em Infraestrutura, Clima e Conservação na WWF Brasil, Alexandre Gross é taxativo: “A adaptação às mudanças do clima faz parte da agenda de sustentabilidade do lucro empresarial. Temos responsabilidade com a sociedade.”


Importância

Diretor comercial do Grupo Tribuna, Demetrio Amono destacou os debates sobre ESG. “Quem não tiver boas práticas perderá competitividade ou será excluída do mercado.”


Prêmio

A gerente de Projetos e Relações Institucionais do Grupo Tribuna, Arminda Augusto, anunciou que, entre este domingo (dia 27) e 27 de janeiro, estarão abertas as inscrições do primeiro prêmio ESG do Grupo Tribuna. O objetivo é valorizar as práticas de empresas públicas e privadas que têm adotado o caminho da sustentabilidade. “Ainda é um tema relativamente desconhecido na nossa região. Queremos estimular empresas a abraçarem essa causa”, afirma.


O auditório do Grupo Tribuna ficou lotado para o último evento do Agenda ESG em 2022
O auditório do Grupo Tribuna ficou lotado para o último evento do Agenda ESG em 2022   Foto: Matheus Tagé/AT

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