APS e Marimex assinam termo que viabiliza construção de pera ferroviária no Porto de Santos

Obra, um retorno em curva, permite a composição de trens descarregar e carregar na mesma linha de trilhos

Por: Anderson Firmino  -  10/08/23  -  13:08
Atualizado em 10/08/23 - 23:29
Área hoje ocupada pela Marimex dará espaço para uma importante ferramenta logística do Porto
Área hoje ocupada pela Marimex dará espaço para uma importante ferramenta logística do Porto   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Importante instrumento para a logística de carga e descarga de produtos no Porto de Santos, a pera ferroviária sairá do papel em breve. A assinatura de um termo de liberação de área, na quinta-feira (10), entre a Autoridade Portuária de Santos (APS) e a Marimex viabilizará a obra, há anos considerada uma das mais aguardadas no principal porto brasileiro e que potencializará ainda mais o modal ferroviário no complexo santista.


No documento assinado nesta quinta, foi cedida uma área de cerca de 102 mil metros quadrados no antigo Terminal Marítimo do Valongo (Teval), na região do Valongo, para a Marimex. Em troca, ela libera parte de sua atual área para o início das obras da instalação da pera na região de Outeirinhos. A construção, a cargo da Ferrovia Interna do Porto de Santos (Fips), sociedade que integra Rumo, MRS e VLI, deve ser iniciada até outubro deste ano, com prazo de 18 meses.


Participaram da assinatura o presidente da APS, Anderson Pomini; o sócio-proprietário da Marimex, Antônio Carlos Fonseca Cristiano; o presidente da Fips, João Almeida; e o prefeito de Santos, Rogério Santos (PSDB).


“Estamos conectados a 200 países. Nosso grande desafio de logística é o escoamento de produto. Precisamos nos debruçar sobre essa questão. Há dez anos, especialistas defendiam a criação de uma pera ferroviária, que gera um impacto de 20 milhões de toneladas por ano, que cruza e poderá prestar serviço para 13 terminais. Uma discussão jurídica, que se arrastou durante anos, tendo em vista a inabilidade política das autoridades portuárias que passaram por aqui”, afirma Pomini.


Guerra judicial
O acordo põe fim a um imbróglio que se arrastou por mais de dez anos. A disputa judicial envolvendo a Marimex e o Governo Federal vinha impedindo a construção da pera - um retorno em curva, que permite uma composição de trens descarregar e carregar na mesma linha de trilhos sem a necessidade de manobras adicionais.


“Muitas vezes, o diálogo e o bom senso podem resolver e evitar a discussão jurídica. Tribunal de Contas, TRF, são acionados quando o diálogo fica prejudicado. Chegamos, sob orientação do ministro (de Portos e Aeroportos) Márcio França, com a intenção de impor o diálogo, de respeitar as empresas que integram a história do Porto”, acrescenta o presidente da APS.


Tombamento
Pomini reforça que será criada uma comissão envolvendo Marimex, APS e Fips para estabelecer um cronograma conjunto, de modo que os serviços já prestados pela empresa de logística não sejam prejudicados. Ainda há alguns pontos a serem resolvidos, como um dos armazéns do antigo Teval, que é tombado. O presidente da APS agradeceu a disposição da empresa em assumir, mesmo assim, o compromisso da mudança para o Valongo.


“A Marimex, gentilmente, adiantou a entrega de uma parcela dessa área para que a obra tivesse início, muito embora nossa obrigação fosse entregar a área livre e desimpedida. Mas tudo será resolvido em breve”.


O sócio-proprietário da Marimex também falou sobre a transferência para uma nova área, de tamanho similar ao atualmente ocupado pela companhia. “Tínhamos um projeto, que contava com a saída desse armazém tombado. Isso não andava. Mas, agora, tem que fazer um novo projeto. Tenho 90 dias para isso”.


Cristiano também comemorou o fim do impasse sobre o destino da pera ferroviária e as perspectivas da ocupação da nova área. “Vale ressaltar a importância do transporte por contêiner. Algo muito significativo, até em termos de arrecadação. A junção desses interesses foi um páreo duro, um 'braço de ferro', mas estamos saindo todos vivos”.


“Estou dentro do Porto. Aqui, estou bem no meio dos 11 km. Lá (no Teval), estamos mais perto dos contêineres. Pode ser atraente para quem operar o STS10. Mas, por ora, a operação continua aqui. Não tem como desligar aqui e começar a outra”, complementa o sócio-proprietário da Marimex.


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