Após receber navios de 347 metros, Santos se consolida como rota de cargueiros ‘gigantes’

Estudos indicam viabilidade para embarcações de 366 metros

Por: Fernanda Balbino  -  04/12/22  -  22:11
A homologação para navios maiores, de 340 metros a até 366 metros, é considerada para calados de até 14,2 metros, mesmo na maré alta
A homologação para navios maiores, de 340 metros a até 366 metros, é considerada para calados de até 14,2 metros, mesmo na maré alta   Foto: Matheus Tagé/AT

O Porto de Santos tem recebido gigantes. Além dos grandes navios com quase 350 metros de comprimento que atracaram no cais santista nas últimas semanas, embarcações com grande capacidade de transporte têm tido o complexo marítimo como rota. É o caso de um cargueiro que pode levar quase 14 mil TEU (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés).


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No mês de outubro, a Brasil Terminal Portuário (BTP), que fica na Alemoa, recebeu o navio Rio de Janeiro Express, do armador Hapag-Lloyd. Trata-se de uma embarcação de 335 metros de comprimento, mas o seu grande diferencial é a capacidade, que é de 13.278 TEU, ou seja, 3 mil TEU a mais em capacidade do que os outros gigantes de 347 metros que passaram pelo porto nos últimos dias. “Na BTP, essas escalas têm sido esporádicas, mas a tendência aponta para uma mudança no perfil das embarcações, como nesse exemplo do navio da Hapag-Lloyd que entrou na rotação do serviço da Ásia – joint entre a MSC e a ONE – com escalas que serão periódicas”, destaca o diretor de Operações da BTP, Ricardo Trotti.


O executivo observa, ainda, que considerando o comprimento os maiores cargueiros que atracaram no terminal foram o Seaspan Beacon, o Seaspan Beauty e o Seaspan Bellwether, do armador ONE, com 337 metros. “O Rio de Janeiro Express, que é o maior navio em capacidade já recebido pela BTP até agora, voltará ao terminal ainda nesta semana”.


Procurada, a Santos Port Authority (SPA), estatal que administra o Porto de Santos, destaca que “a decisão sobre o tamanho dos navios nas escalas é das empresas marítimas”.


Até agora, os maiores navios que navegaram no Porto de Santos têm 347 metros de comprimento. Porém, a Praticagem de São Paulo e a Universidade de São Paulo (USP) comprovaram a viabilidade de operação de navios de até 366 metros no cais santista.


Mas, para isso, é necessária uma alteração no calado operacional. Segundo a SPA, hoje, o limite de calado que as embarcações devem ter para trafegar no Porto de Santos (distância vertical entre o fundo da quilha e a linha de água do navio), para o trecho da entrada da Barra até o terminal da BTP, é de 13,5 metros ou 14,5 metros em períodos de alta da maré. Da Alemoa ao final do Porto, de 12,7 metros e 13,7 metros, respectivamente.


Ocorre que a homologação para navios maiores, de 340 metros a até 366 metros, é considerada para calados de até 14,2 metros, mesmo na maré alta, conforme simulações feitas em 2016. Agora, o objetivo é possibilitar o alcance do calado operacional de 14,5 metros na preamar, atualmente o máximo permitido no canal para navios de até 340 metros. “Sobre o aumento de calado autorizado para navios acima de 340 metros de comprimento, os relatórios referentes à simulação seguem em produção”, destaca a SPA.


Em nota, a DP World Santos, que fica na Margem Esquerda, na Área Continental, vê com bons olhos a chegada desses grandes navios para assegurar o protagonismo de Santos como maior porto da América Latina, bem como um hub concentrador de cargas. “O terminal conta hoje com calado operacional de 16 metros de profundidade e, portanto, tem plena capacidade de receber essa nova frota de navios de 366 metros”.


Necessidade de obras
Com o aumento da demanda e a vinda cada vez mais frequente de navios de grande porte, fica ainda mais evidente a necessidade de obras de infraestrutura no canal de navegação do Porto de Santos.

Para os terminais do cais santista, os investimentos se mostram fundamentais para permitir que o complexo receba essas embarcações.


Para o diretor de Operações da Brasil Terminal Portuário (BTP), Ricardo Trotti, o que falta para que Santos se estabeleça na rota dos grandes porta-contêineres são água e infraestrutura. “É fundamental o aumento do calado operacional junto à manutenção das profundidades, para permitir escalas periódicas dos grandes navios. E para efeito de melhor planejamento e celeridade de dragagem e melhores condições de manobrabilidade dos navios gigantes, é preciso gestão privada do canal de navegação do Porto de Santos”.


Trotti ainda aponta que, além dos investimentos públicos, também são necessários investimentos privados. “Leva-se em conta também a necessidade de investir na ampliação da capacidade instalada nos terminais para garantir aos armadores a alocação dessas novas embarcações nos trades que venham escalar o Porto de Santos. A expectativa é de que muito em breve, se não houver crescimento na capacidade operacional, teremos problemas sérios em absorver a demanda do mercado”.


Já a DP World Santos reitera que a dragagem do canal de acesso é fundamental para permitir um maior calado e o melhor aproveitamento da capacidade dessas embarcações.


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