Sindamar denuncia falta de combustível para navios no Porto de Santos

Embarcações deixam o cais santista para abastecer em outros portos ou aguardam mais de 10 dias por bunker

Por: Fernanda Balbino & Da Redação &  -  22/02/20  -  20:03
Segundo trabalhadores, há preservação de estoque de combustíveis, na Alemoa, por conta da greve
Segundo trabalhadores, há preservação de estoque de combustíveis, na Alemoa, por conta da greve   Foto: Arquivo

Problemas no abastecimento de navios no Porto de Santos continuam causando prejuízos e preocupando usuários. Embarcações têm deixado o cais santista para carregar em outros complexos portuários. Já em outros casos, só há previsão de fornecimento de bunker mais de 10 dias após o pedido.


A Tribuna relatou o problema em reportagem publicada no último sábado (15). Na ocasião, a Petrobras informou que tratava-se de um problema pontual, que já havia sido regularizado. 


Porém, segundo o Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo (Sindamar), o problema se agravou. A entidade aponta que a greve dos petroleiros pode ser a causa do problema, mas a Petrobras nega essa hipótese. 


“Essa situação tem sido recorrente ao longo dos anos e o Governo Federal deveria abrir a possibilidade de outras bandeiras atuarem nesse mercado, de forma competitiva, como ocorre nos postos de abastecimento de veículos”, destacou o diretor-executivo do Sindamar, José Roque.


Segundo ele, os atrasos nos abastecimentos fazem com que determinados navios, para não serem prejudicados em suas próximas escalas, desenvolvam velocidades maiores. Como consequência, o consumo de combustível é quase triplicado. 


Além do aumento das despesas com estadia somadas durante a espera pelo bunker, Roque destaca que essa maior velocidade onera o transporte marítimo no comércio exterior.


“Há casos em que o navio não tem outra opção a não ser aguardar o fornecimento do combustível. O Sindamar sempre pugnou pelo aumento de tancagem e de berços para esses tipos de embarcações, como decorrência da demanda do Porto de Santos”, destacou o executivo do Sindamar.


Casos relatados


O navio London Trader é um dos prejudicados pela falta de combustível no Porto de Santos. Ele precisava de 490 toneladas de bunker e o pedido foi realizado no último dia 10. 


Porém, a previsão de disponibilidade era para este sábado (22). O navio deixou o cais santista e retonará para o abastecimento no dia 27. Caso contrário, a embarcação ficará inoperante. 


Já o Fernão de Magalhães solicitou 1.200 toneladas de bunker no dia 7. E, como não havia combustível, segue sem desabastecido e estuda uma escala em Salvador (BA) para resolver o problema. O mesmo aconteceu com o navio Ocean Destiny, que partiu do cais santista sem abastecimento. 


No caso do navio Naias, que atracou no dia 15, às 17h24, o abastecimento só foi iniciado dois dias depois, às 11h50. A operação de embarque já havia sido concluída, o que causou um atraso de seis horas em relação a saída do cargueiro. 


Em outro caso relatado, o Transpacific atracou na madrugada do dia 18 e o abastecimento só aconteceu dois dias depois. No entanto, a operação foi concluída antes do fim do carregamento de bunker, o que também causou um atraso de seis horas.


Tudo normal


Apesar dos relatos, procurada, a Petrobras informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que “não procede a informação de problemas no abastecimento, por parte da Petrobras, de combustível marítimo no Porto de Santos”.


A Petrobras reafirma que os carregamentos de óleo combustível estão sendo recebidos no terminal e a situação encontra-se normalizada desde o dia 14. Também destaca que a produção não foi afetada.


“A companhia reforça que o problema pontual com especificação de combustível, ocorrido na semana passada, não teve qualquer relação com a greve dos petroleiros”. 


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