Setor teme mais mudanças no Porto. Ministério descarta

Nos últimos dez anos, presidente e diretora deixaram a Autoridade Portuária de Santos

Por: Fernanda Balbino & Da Redação &  -  06/05/20  -  21:13
Sede da Codesp: empresa criou plantão de dúvidas virtual para PDMA
Sede da Codesp: empresa criou plantão de dúvidas virtual para PDMA   Foto: Luigi Bongiovanni/Arquivo/AT

Em pouco mais de uma semana, dois executivos do alto escalão da Autoridade Portuária de Santos (novo nome da Companhia Docas do Estado de São Paulo, a Codesp) deixaram seus cargos. Com isso, duas áreas consideradas estratégicas, a de Infraestrutura e a de Administração e Finanças, são ocupadas provisoriamente. Pelos corredores da empresa, a expectativa é de novas baixas e mudanças. 


O primeiro a ser substituído foi o ex-presidente Casemiro Tércio Carvalho, que ficou pouco mais de um ano no cargo. Em seu lugar, assumiu o então diretor de Administração e Finanças, Fernando Biral. Apesar de ter sido efetivado na presidência, o executivo permanece responsável pelo setor financeiro da estatal. 


Na última segunda-feira (4), foi a vez da engenheira Jennyfer Tsai, diretora de Infraestrutura, anunciar sua saída da Autoridade Portuária. A empresa indicou temporariamente o engenheiro naval Bruno Stupello para o cargo, estratégico para garantir a operacionalidade do Porto de Santos.


No entanto, Stupello já está à frente da área de Desenvolvimento de Novos Negócios e Regulação da estatal. E, até que um novo nome seja indicado, o executivo acumulará duas funções. 


A questão é vista com preocupação pela comunidade portuária. O temor é de paralisação de projetos em andamento, como a dragagem do Porto e outras obras de infraestrutura, além do processo de desestatização da empresa. 


O diretor-executivo do Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo (Sindamar), José Roque, lamentou o desligamento da ex-diretora de Engenharia. E teme novas mudanças. 
“Esperamos que o vírus dos interesses políticos, que tem sido recorrente nos últimos anos, não contamine, novamente, a administração do Porto de Santos, principalmente quando se realizava um trabalho de recuperação da credibilidade do cais santista, com a implementação de várias mudanças, tendo a engenheira Jennyfer participado de vários projetos e estruturação de vários serviços”. 


Novas mudanças


Para o presidente do Sindicato dos Empregados na Administração Portuária (Sindaport), Everandy Cirino dos Santos, outras mudanças são esperadas para os próximos dias na estatal que administra o Porto. Ele se refere às trocas de profissionais do segundo escalão da empresa, o que inclui superintendentes e assessores.


“Defendo a permanência do Biral porque ele sempre foi transparente, flexibilizou medidas e atuou no acordo (da crise financeira do fundo de pensão portuário) do Portus, além de questões relativas ao plano de saúde dos aposentados. Ele precisa apenas se cercar de pessoas da casa que conhecem o Porto, na operação, na atracação, na engenharia e em outras áreas”, destacou Cirino. 


Para o presidente do Sindaport, as mudanças na diretoria-executiva não foram motivadas por questões pessoais e, sim, por decisões tomadas na capital federal. “É preciso lembrar que composições políticas passam por sindicatos de trabalhadores e patronais, assim como de toda a comunidade portuária”. 


Procurado, o Ministério da Infraestrutura destacou que não há perspectiva de novas saídas da Autoridade Portuária de Santos. “Os desligamentos, até o presente momento, foram baseados em decisões pessoais. Os novos cargos serão ocupados com perfis técnicos, como tem sido a marca da pasta”. 


Já a Autoridade Portuária destacou que os projetos da estatal estão em andamento normalmente, uma vez que a continuidade está garantida pela efetivação do novo presidente, Fernando Biral.


Reiterou, ainda, “o compromisso de gerar valor, com eficiência e boa gestão dos recursos, para manter a confiança do mercado e dos usuários do Porto de Santos”.


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