Sem manutenção, sete berços perdem calado no cais santista

Problema tem como causa a demora nas obras de dragagem de manutenção dos pontos de atracação

Por: Fernanda Balbino  -  19/05/20  -  15:01
Perda de calado dos berços do cais de Santos aconteceu mesmo com um contrato de dragagem vigente
Perda de calado dos berços do cais de Santos aconteceu mesmo com um contrato de dragagem vigente   Foto: Carlos Nogueira/AT

Dos 64 berços de atracação do Porto de Santos, sete perderam calado operacional (limite da profundidade que a embarcação pode atingir sem afetar a segurança). O problema foi causado pela demora na realização de obras de dragagem de manutenção. 


Uma das instalações afetadas é a Brasil Terminal Portuário (BTP), que fica na Alemoa. Lá, os três pontos de atracação sofreram redução de calado. Em um deles, a queda foi de 30 centímetros e, agora, apenas navios com até 14,5 metros de calado (distância máxima entre a linha d’água e o fundo da embarcação) poderão operar na preamar, no nível máximo da maré. 


E em outros dois berços de atracação da BTP, a alteração foi de 20 centímetros para menos. Neste caso, as embarcações devem ter 14,5 e 14,2 metros de calado, nas mesmas condições. 


No Tecon, administrado pela Santos Brasil, na Margem Esquerda (Guarujá), também houve assoreamento. Agora, o terminal só poderá receber navios com até 13,7 metros de calado, na maré alta. 


A maior perda foi registrada no cais do Saboó. Agora, o ponto 3 receberá apenas embarcações com 10,7 metros de calado. Neste caso, a redução foi de 1,3 metro. 


Também houve assoreamento nos pontos 1 e 2 do armazém 37, área anteriormente operada pelo Grupo Libra, na Ponta da Praia, e que será arrendada em agosto para a implantação de um terminal de celulose. Neste caso, a redução foi de 70 centímetros, o que permite a atracação de navios com apenas 12,8 metros de calado, na preamar. 


O mesmo aconteceu no armazém 32, mas, neste caso, a redução foi menor, de 10 centímetros. Navios com 11,7 metros de calado podem atracar no local em períodos de maré alta. 


Esta não é a primeira vez que terminais do Porto de Santos perdem a chance de receber navios de grande porte. Mas, segundo a Autoridade Portuária de Santos, novo nome da Companhia Docas do Estado de São Paulo, a Codesp, o impacto da redução dos calados é baixo para a operação. 


“No caso dos berços de contêineres com calado reduzido, do total das 654 manobras de navios realizadas nos quatro primeiros meses do ano, apenas 21 delas (3,2%) teriam sido impactadas. Além disso, o berço 37, pontos 1 e 2, não teve demanda relevante”, destacou a estatal, em nota. 


Contrato vigente 


A perda de calado dos berços aconteceu mesmo com um contrato de dragagem vigente. Apesar do serviço ser realizado no cais santista, os trabalhos eram coordenados pelo Departamento de Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). E a Van Oord Operações Marítimas era a empresa responsável pelas obras. 


Segundo a Autoridade Portuária, as correções não foram feitas pelo contrato com o Dnit porque ele previa apenas a readequação da geometria do canal e dos berços. 


De acordo com a estatal, o contrato de manutenção com a DTA Engenharia foi assinado em 8 de janeiro, mas estava sub judice. “A liminar que impedia o início dos trabalhos foi cassada no dia 23 de abril e, no dia 29 de abril, foi assinada a ordem de serviço para a mobilização dos equipamentos de berços”. 


Para o diretor-executivo do Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo (Sindamar), José Roque, com o assoreamento somam-se custos aos usuários do cais. “A judicialização dos certames licitatórios resulta na interrupção da dragagem no Porto acarretando prejuízos incalculáveis”. 


Procurado, o Dnit informou apenas que as reduções de calado não têm correlação com o contrato de dragagem do órgão. 


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