Rodrigo Zanethi: Os novos prefeitos da Baixada Santista e o Porto de Santos

Espero realmente que as cidades olhem o Porto de Santos com o respeito e carinho que merece

Por: Rodrigo Zanethi  -  07/10/20  -  00:34
 Rodrigo Zanethi: Os novos prefeitos da Baixada Santista e o Porto de Santos
Rodrigo Zanethi: Os novos prefeitos da Baixada Santista e o Porto de Santos   Foto: Ilustração: Monica Sobral

Em 27 de setembro último, iniciou-se a campanha política para os Legislativos e Executivos municipais em todo o País. Aqui, na Baixada Santista, cidades como Santos, São Vicente e Praia Grande poderão ter segundo turno para as prefeituras, o que pode alongar a campanha. Dentre as várias promessas que serão feitas, espera-se ansiosamente ouvir propostas sérias e factíveis sobre o Porto de Santos pelos candidatos a prefeitos das cidades da Baixada Santista, porto este o qual fora muito bem definido pelo presidente do BNDES, Gustavo Montezano, como a “joia da coroa”. 


Obviamente, sabe-se que, por razões de competência, determinados assuntos fogem do poder decisório dos alcaides eleitos. Mas, a omissão na discussão é algo impensável. Sinceramente, espero que os eleitos na Baixada Santista se reúnam e firmem posição de que o Porto de Santos não é o porto da cidade de Santos ou Guarujá, ou até mesmo de Cubatão, mas sim das nove cidades que englobam a Região Metropolitana da Baixada Santista (RMBS). 


Faz tempo que diversos intervenientes no porto e no comércio exterior estão espalhados na RMBS, com muitas empresas localizadas nas nove cidades. Além das empresas instaladas, fato que não se pode olvidar é que muitos de seus trabalhadores, pelas mais diversas razões, como, por exemplo, custo e qualidade de vida, residem fora de Santos, Guarujá ou Cubatão, movimentando o comércio e os prestadores de serviço nas cidades onde moram – além de que, com a mudança na forma de trabalho trazida pela pandemia, acredita-se que a mobilidade exigida para os funcionários será menor, ou seja, nada impede que um terminal localizado em Guarujá não possa ter um funcionário residindo e trabalhando em Peruíbe, por exemplo. 


Ao demais, estamos diante de grandes mudanças no Porto de Santos no tocante a sua administração. Estudos sobre a desestatização do Porto de Santos estão iniciando e trarão reformas no modelo portuário, que afetarão as cidades da RMBS. 


Vejo ainda com reservas essa questão da desestatização no Porto de Santos, ante a sua característica e importância, não acreditando que seria o melhor modelo – podendo ser o mais apropriado para outros portos. Mas cabe a discussão e que ela seja ampla e, por quê não, nacional, visto ser o maior porto brasileiro, com uma enorme hinterlândia e importância na balança comercial brasileira, cabendo aos nossos prefeitos analisar e trazer à comunidade o que irá ocorrer com a desestatização e, se for o melhor, que aconteça. 


Ao demais, cabem aos prefeitos analisar os motivos da fuga de cargas que está acontecendo do Porto de Santos. Diariamente, vemos cargas indo para outros portos, expondo os envolvidos que o Porto de Santos é um porto caro, aliado ao fato de que alguns estados oferecem facilidades aos importadores e exportadores. Devem os prefeitos buscar esses motivos e lutar junto às autoridades competentes para que o máximo e possível de cargas venham ou saiam do Porto de Santos. 


A questão das cargas perigosas que aqui embarcam e desembarcam, que seja olhada com atenção, não meramente de forma ideológica, mas com responsabilidade. 


Outro ponto de que as municipalidades não podem fugir é sobre o futuro do trabalho portuário avulso. Como já escrevi aqui, a importância passada, presente e futura desses valorosos trabalhadores deve ser respeitada e discutida, procurando torná-los cada vez mais parte do nosso porto, não os alijando do seu labor que já tanto trouxe para as cidades da Baixada Santista. Seria interessante ainda que os prefeitos, juntamente com os atores envolvidos, internacionalizassem a imagem do Porto de Santos, como faz Roterdã, por exemplo, o que, cada vez mais, trará interessados não só no aspecto econômico, mas no turístico, o que impulsionaria ainda mais as cidades neste ponto, extremamente importante para a economia local. 


Certamente, outros pontos interessantes ao Porto de Santos serão lembrados pelos pretendentes ao cargo máximo do Executivo, mas espero realmente que as cidades olhem o Porto de Santos com o respeito e carinho que merece.


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