Rastreamento de mercadorias perigosas no Porto de Santos começará no dia 21

Operação será acompanhada por agentes do Ibama de outros estados, que vão replicar a ação em seus portos

Por: Fernanda Balbino  -  03/09/20  -  10:34
Capital libanesa vive cenário de devastação após explosão em região portuária
Capital libanesa vive cenário de devastação após explosão em região portuária   Foto: Associated Press

A operação Relíquia, que fará um rastreamento de cargas perigosas no Porto de Santos, foi adiada para o próximo dia 21. A medida foi necessária para garantir a participação de fiscais do Instituto Brasileiro de Recursos Naturais Renováveis (Ibama) de outros estados. Isto porque as vistorias realizadas no cais santista, e que vão prosseguir até 8 de outubro, serão replicadas em outros portos do País.


No mês passado, uma explosão na zona portuária de Beirute, no Líbano, que matou mais de 170 pessoas, além de deixar mais de 6 mil feridos, chamou a atenção para os riscos envolvendo operações de cargas perigosas. Na ocasião, um lote de nitrato de amônio causou o acidente. A mesma mercadoria é operada no Porto de Santos.


A movimentação e a armazenagem de nitrato de amônio ocorre no Terminal Marítimo do Guarujá (Termag), na Margem Esquerda (Guarujá). Na Margem Direita (Santos) não há armazenamento e, quando há operação deste produto, ela é feita com descarga direta – não passando por armazéns, com a carga sendo colocada em caminhões, que já a retiram do Porto. No ano passado, mais de 2,2 milhões de toneladas de fertilizantes foram desembarcadas no cais santista.


A ideia é que a operação Relíquia investigue as condições de operação e armazenagem desta e de outras cargas perigosas. Por isso, diversas autoridades estão envolvidas no processo.


Além do Ibama, a Autoridade Portuária de Santos, a Capitania dos Portos de São Paulo (CPSP), a Receita Federal, as polícias Federal e Militar, o Exército, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), a Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro), a Agência Nacional de Transportes Terrestres e a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) vão participar da operação.


egundo a agente ambiental federal Ana Angélica Alabarce, responsável pelo Ibama na região, as equipes do órgão vão vistoriar os terminais e verificar as condições de armazenagem, além da documentação. “Também vamos avaliar os planos de emergência, a localização de cargas perigosas no terminal, verificar se há mercadorias abandonadas ou perdidas. Vamos ver a fundo porque algumas coisas os olhos não veem e podem não ser registradas”, disse.


Piloto


Diante dos riscos de acidente como o que aconteceu em Beirute, outros complexos portuários passarão por vistorias semelhantes. Por isso, representantes do Ibama no Maranhão, em Pernambuco e na Bahia participarão dos trabalhos no cais santista.


A ideia é que, logo após a conclusão da operação Relíquia em Santos, vistorias semelhantes sejam realizadas nos portos de Itaqui (MA), Suape (PE) e Salvador (BA). “Servimos de piloto para todos os complexos portuários do Brasil e é importante saber que estamos agindo e a sociedade pode ficar segura”.


Como o nitrato de amônio é produzido em Cubatão, no Complexo Industrial da Yara, a instalação também será vistoriada. A empresa, especializada em fertilizantes agrícolas, atua em escala global na produção, mistura, armazenamento e distribuição do insumo a partir da cidade.


“Objetivo não é punitivo. É fazermos o diagnóstico, uma varredura, mas pensando no objetivo de prevenção e orientação. Tudo que não estiver de acordo com todas autoridades, vamos orientar a se adequarem. Daqui a um tempo, vamos retornar. Se a empresa não se adequou, serão tomadas as medidas punitivas”.


Logo A Tribuna
Newsletter