Porto de Santos planeja ação de segurança nuclear

Risco de sinistro radioativo é mínimo, mas órgãos querem se preparar

Por: Fernanda Balbino & Da Redação &  -  29/11/19  -  17:44
No ano passado, cais santista recebeu 1.683 embarcações de origem chinesa ou com escalas no país
No ano passado, cais santista recebeu 1.683 embarcações de origem chinesa ou com escalas no país   Foto: Luigi Bongiovanni/ AT

Planejar ações para uma eventual ocorrência envolvendo material nuclear ou radiológico no Porto de Santos foi o objetivo de um evento que reuniu mais de 60 representantes de 22 órgãos no cais santista. Nunca houve um acidente deste tipo no complexo marítimo e a possibilidade é remota, mas especialistas garantem que o planejamento é necessário para otimizar o tempo de resposta e reduzir os riscos de um sinistro.


O 1º Exercício de Segurança Física Nuclear em Porto aconteceu na sede da Capitania dos Portos de São Paulo (CPSP), entre os armazéns 27 e 29 do Porto de Santos, entre terça (26) e quinta-feira (28).


Além da autoridade marítima, representantes das polícias Civil, Militar, Federal e Federal Rodoviária participaram do encontro, assim como o Exército, a Aeronáutica e órgãos como a Comissão Nacional de Segurança Pública nos Portos, Terminais e Vias Navegáveis (Conportos).


O exercício teve como objetivo estabelecer planos de ação com base em recomendações da Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla em inglês) e da Agência Internacional de Energia Atômica (AEIA), vinculadas à Organização das Nações Unidas (ONU).


Cargas radiológicas e nucleares são transportadas no Porto. Para se ter uma ideia, no País, pelo menos 80 hospitais utilizam fonte de cobalto, que precisa ser renovada a cada cinco anos, em tratamentos médicos.


Equipamentos e insumos para medicina nuclear estão nesta lista, assim como mercadorias para tratamento de câncer. Ocorrências durante o transporte marítimo até o Porto de Santos e também durante o desembarque das cargas foram estudadas no evento.


O grupo também avaliou a possibilidade de problemas durante transferência de modal e a saída para o destino das mercadorias, pontos considerados críticos do processo.


“O Porto, a gente entende como uma infraestrutura crítica que deve ser protegida pelo Estado brasileiro. Uma iniciativa dessa natureza corrobora para que a gente esteja preparado caso, no futuro, a gente se depare com situações dessa natureza”, afirmou o diretor de Operações da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), a autoridade portuária de Santos, Marcelo Ribeiro de Souza.


Probabilidade


Para o diretor do Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro, o capitão de mar e guerraGleiberBanusBarbosa, o exercício de segurança foi inédito no País e ocorrências deste tipo são raríssimas. “A possibilidade de ocorrência é baixíssima porque nós já seguimos as recomendações de agências que o Brasil já é signatário. Isso gera uma confiabilidade do transporte. Esse tipo de incidente com carga nunca aconteceu”, explicou.


A escolha do Porto de Santos para sediar o evento partiu do presidente daConportos, o delegado da Polícia Federal Marcelo João da Silva. Para ele, é fundamental o fortalecimento da gestão integrada entre os órgãos.


“AConportostem um interesse muito grande nesse exercício justamente para fomentar a gestão de risco. Algo pode dar errado, então vamos, preventivamente, agir para estudar o que pode dar errado, explorar vulnerabilidades, conhecer as ameaças antes que isso aconteça. O risco é muito baixo, mas as consequências seriam desastrosas, não só para a população, para economia, para a imagem do programa nuclear brasileiro. A gente tem que estar um passo à frente”, destacou.


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