Larry Carvalho: Falta de containers e frete marítimo subindo

Redução de atividades econômicas globais no início da pandemia também reduziu a mão de obra para movimentação de contêineres

Por: Larry Carvalho  -  12/01/21  -  18:16
Mão de obra para movimentação de contêineres foi reduzida no ano passado devido à pandemia
Mão de obra para movimentação de contêineres foi reduzida no ano passado devido à pandemia   Foto: Ilustração: Padron

Quem trabalha com comex ou shipping tem reparado que, nos últimos meses, o mercado tem sofrido com impactos da falta de containers, aumento drástico dos fretes marítimos, aliado a uma grande redução do período de free time.


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Para se ter noção, o frete marítimo de um container de 40ft da Ásia para os Estados Unidos da América bateu máxima histórica recentemente.


Mas qual o motivo disso tudo estar acontecendo?


Nas últimas semanas, tenho visto muitos absurdos sendo divulgados. Diariamente, vejo pessoas culpando transportadores marítimos e os acusando de serem exploradores. A premissa basicamente é sempre mesma: armadores subiram frete para compensar o que deixaram de faturar no primeiro semestre.


Calma! Muita calma nessa hora! Venho aqui compartilhar que a realidade é outra e bem mais complexa. O shipping enfrenta uma verdadeira “tempestade perfeita”, como os especialistas têm chamado. Uma tempestade gerada pela pandemia!


Durante o lockdown (março-junho), as atividades econômicas globais foram drasticamente reduzidas. Consequentemente, os portos se viram com a mão de obra reduzida para movimentação de contêineres.


Como se isso não bastasse, muitas empresas simplesmente deixaram contêineres parados nos portos, seja porque estavam fechadas e não tinham como receber, ou então, porque simplesmente não possuíam recursos financeiros para pagar impostos e nacionalizar.


Doutro lado, tivemos uma grande redução na quantidade de contêineres sendo transportados. Portanto, assim como foi feito no setor aéreo, os transportadores marítimos suspenderam linhas deficitárias e aproveitaram para antecipar docagens obrigatórias das embarcações. Consequentemente, reduzindo a quantidade de navios de contêineres em atividade.


Entretanto, desde julho, as atividades econômicas vêm aumentando progressivamente. Principalmente na China, que, como foi a primeira afetada, conseguiu controlar e retomar a recuperação econômica antes dos outros países. O resultado foi uma retomada assimétrica das atividades econômicas globais e um rápido crescimento das exportações de produtos fabricados na China. Principalmente após setembro, quando historicamente a China começa a enviar aos Estados Unidos e à Europa produtos para as vendas de Natal.


Ocorre que, com uma mão de obra reduzida no setor portuário e no setor de transporte rodoviário, os contêineres têm demorado para sair do porto, bem como para retornar ao porto vazio. Em alguns países, o tempo para devolução dos containersaumentou entre quatro e seis dias. Diversos portos têm sofrido com o congestionamento devido à lentidão na movimentação de containers. Várias nações estão com suas logísticas afetadas e com capacidade reduzida.


Doutro lado, com o número restringido de navios em navegação, os armadores não conseguiram coletar contêineres vazios para fazerem reposicionamento de forma a acompanhar a crescente demanda.


A situação tem piorado dia após dia!


Portanto, como forma de tentar resolver o problema de shortagede container, alguns transportadores marítimos vêm reduzindo o período free time de containers. Enquanto que o mercado, por si só, tem se regulado, com o consequente aumento de fretes em virtude da falta de contêineres disponíveis, principalmente no mercado asiático.


Especialistas preveem que a situação deve melhorar em fevereiro ou março de 2021. A verdade é que só o tempo dirá. Estamos diante de uma nova onda e novos lockdowns, o que podem postergar a normalidade no setor de Transporte Marítimo, exercendo maior pressão nos fretes marítimos.


Diversas empresas estão tendo seu supply chain interrompido por faltas de navio e de contêineres no mercado, desestabilizando o comércio global. Afinal de contas, o transporte marítimo representa mais de 90% do comércio internacional.


Infelizmente, enquanto os impactos da pandemia persistirem, a “tempestade perfeita” não deve passar!


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