Falta de contêineres prejudica exportação de café

Segundo exportadores e representantes do setor de navegação, maior movimento na Ásia e crise de Suez afetaram logística global

Por: Fernanda Balbino & Da Redação &  -  09/04/21  -  23:26
Complexo santista exportou 23,5 milhões de sacas de 60 kg de café nos primeiros nove meses do ano
Complexo santista exportou 23,5 milhões de sacas de 60 kg de café nos primeiros nove meses do ano   Foto: Carlos Nogueira/ AT

O setor cafeeiro enfrenta problemas para exportar a commodity. Segundo especialistas, a falta de contêineres é um dos principais entraves para o escoamento da carga ao mercado internacional, já que toda a logística fica comprometida. Não há previsão de normalização da questão.


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“A menor oferta de contêineres nas exportações é resultado de alguns fatores externos, como a alta demanda nos fluxos para o continente asiático e, mais recentemente, o entrave do meganavio Ever Given no Canal de Suez, que deverá intensificar a indisponibilidade dos equipamentos e elevar ainda mais o grau de dificuldade para o comércio exterior do País”, explicou o diretor técnico do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Eduardo Heron Santos.


Para driblar o problema, exportadores têm utilizado contêineres de 40 pés, que apresentam menos problemas de mercado. Mas, de acordo com o diretor-executivo do Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo (Sindamar), José Roque, o problema não é uma exclusividade do Porto de Santos.


“Essa escassez de contêineres na indústria global de navegação, tanto nos embarques de carga geral, como para café e outros produtos alimentícios, ainda sofre os efeitos da pandemia da covid-19. E para contêineres de 20 pés, em especial padrão alimento, não é uma situação diferente. Não está limitada ao Brasil. Nos demais países, a situação não é diferente”, afirmou Roque.


O executivo do Sindamar destaca que vários fatores estão afetando a todos em maior ou menor intensidade. Entre eles, os terminais portuários no exterior que estão operando no limite da sua capacidade e alguns até acima. Para Roque, atualmente esse é o principal gargalo.


“O contêiner, ao ser descarregado e devolvido, precisa ser inspecionado, para ser apurado se precisa sofrer reparos ou mesmo lavagem do equipamento. E esse procedimento, apesar do empenho dos depots, tem que atender uma grande demanda devido à falta do equipamento no mercado e ao acúmulo que ocorre, às vezes, com a devolução”, explicou o diretor do Sindamar.


O coordenador da Câmara de Exportadores de Café da Associação Comercial de Santos (ACS), Ronald Pires de Moraes, também aborda a questão. Segundo ele, os contêineres não podem ter odores, furos, óleo no piso. “O café tem forte poder de absorção, de umidade e odor, alterando assim a qualidade do produto”.


Segundo Moraes, a questão já foi discutida em reunião em conjunto entre as câmaras de Navegação e Exportadores de Café na ACS. “Relatamos o problema e recebemos informação que em breve será normalizado”.


Demanda


Para o diretor do Cecafé, a expectativa é de manutenção das exportações, mesmo em meio aos problemas. “Quanto aos embarques brasileiros de café, o comércio exportador também vive esse momento desafiador, com a menor oferta de contêineres aptos para transporte de alimentos. De acordo com os números da emissão dos certificados de origem da OIC, apurados até o momento para o mês de março, os exportadores estão se empenhando para atenderem à demanda do mercado e consolidarem seus embarques. Assim, a expectativa é de mantermos o fluxo em relação aos meses anteriores”.


Porém, segundo o coordenador da ACS, há relatos de diversos exportadores que tiveram de ajustar suas programações de reserva para navios, por conta da falta de contêineres.


Segundo o vice-coordenador da Câmara de Navegação da ACS, Alberto José Pinheiro de Carvalho, “o mercado está passando por um momento singular devido à pandemia da Covid-19, quando diversos navios estão tendo saídas canceladas ou postergadas, causando uma forte demanda por equipamento e espaço a nível global, contribuindo para congestionamentos em portos e atrasos dos navios. De igual forma, essa situação atinge os portos e o mercado brasileiro como um todo”.


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