Exportações: o momento de reagir é agora

Dólar supervalorizado facilita o crescimento da Economia

Por: Milton Lourenço  -  21/12/19  -  21:52
Dólar supervalorizado facilita o crescimento da Economia
Dólar supervalorizado facilita o crescimento da Economia   Foto: Padron / Adobestock

Está mais do que na hora de se fazer a economia voltar a crescer. Dados fornecidos pelo Governo Federal dão conta de que o deficit previsto para este ano, que era de R$ 159 bilhões, foi reduzido para R$ 81 bilhões, em função não só do ingresso de R$ 23,6 bilhões arrecadados no leilão do pré-sal, como do controle feito nos gastos públicos, por conta de ação desenvolvida pelo Ministério da Economia.


Neste contexto que apresenta alguns sinais positivos, deve o empresariado verificar que, com o dólar supervalorizado, alcançando a maior cotação desde a criação do real (R$ 4,20 por US$ 1,00), este é o momento adequado para incrementar as exportações, além de recompor suas economias, aumentar a produção e, consequentemente, ampliar o número de empregos e os salários.


É certo que, como a indústria depende de insumos importados para fabricar a maioria dos equipamentos e máquinas, haverá também um aumento nos custos de produção em decorrência dessa taxa de dólar. No entanto, para amenizar esse aspecto, os exportadores podem se utilizar de uma importante ferramenta para aumentar a competitividade de seus produtos: o regime drawback.


É de se ressaltar que, na modalidade suspensão, o drawback permite que o exportador importe as partes e peças que compõem o produto a ser exportado, com suspensão dos impostos incidentes na entrada. Após a efetivação das exportações, esses compromissos de ingressos de componentes com suspensão de tributos são baixados com a comprovação de saída.


Dessa maneira, é importante que o empresariado, independentemente da indução ou ajuda do governo na empreitada para incrementar a exportação, em especial a de produtos industrializados, aposte na recuperação econômica do País nos próximos anos, levando em conta que os tempos e os prazos do governo são bem diferentes dos das empresas. Afinal, na iniciativa privada, compromissos de toda ordem, em especial os financeiros, não podem ser prorrogados ou adiados com a mesma elasticidade que ocorre no âmbito governamental, mas, ainda assim, é preciso dar crédito a iniciativas de boa vontade que partem das autoridades.


Portanto, a saída é o empresariado buscar o incremento de suas vendas externas com maior disposição. E nas situações que dependem de alguma interferência governamental, aí sim, levar ao poder público essas demandas que podem viabilizar determinado negócio, como fazem a Petrobras e a Embraer, que, mediante situações objetivas em função de suas características, para poderem competir em igualdade de condições no exterior, reivindicam a criação de legislação própria para reduzir e até mesmo isentar determinadas operações.


Essa necessidade mostra-se bastante premente à medida que, apesar da sensível melhora nos números da economia, o setor industrial ainda não saiu do vermelho – o que constitui fator de grande preocupação, pois o segmento dá mais consistência em qualquer processo de recuperação da economia.


Levando-se em consideração que o setor está em estagnação há mais de quatro anos, parece claro que este é o momento crucial para que o empresariado venha a adotar medidas mais práticas e rápidas, com o objetivo de retomar a atividade. Caso contrário, o parque industrial ficará cada vez mais sucateado em razão da falta de modernização, o que significa que os preços dos produtos made in Brazil podem subir ainda mais, dificultando a saída dessa incômoda situação.


Aliás, esse é o fenômeno que vem ocorrendo na vizinha Argentina, cujo parque industrial está cada vez mais desatualizado. Em consequência, o país está se tornando a cada dia mais dependente das importações, em especial no segmento industrial. Para que o Brasil não siga no mesmo caminho, é preciso reagir. E o momento é este.


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