Anvisa avalia retomada de cruzeiros no Brasil

Entidade que reúne armadoras do setor vai encaminhar protocolo adotado na Europa e plano de contingência, que serão avaliados pela autoridade sanitária

Por: Fernanda Balbino  -  17/09/20  -  10:14
Costa Favolosa
Costa Favolosa   Foto: Nirley Sena/AT

Nas próximas duas semanas, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vai avaliar os protocolos utilizados por armadoras de cruzeiros na Europa para decidir se haverá temporada de navios de passageiros no Brasil. Os dados, que incluem planos de contingência em todos os portos em que há escalas dessas embarcações, serão encaminhados pela Clia Brasil, a entidade que reúne as empresas do setor. Porém, para o órgão regulador, neste momento, não é recomendada a retomada de viagens a bordo de transatlânticos no País.


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A possibilidade da realização de cruzeiros no Brasil foi debatida nesta quarta-feira (16), em reunião que contou com representantes do governo e de empresas do setor. O encontro foi promovido pela deputada federal Rosana Valle (PSB) e foi conduzido pelo secretário nacional de Portos e Transportes Aquaviários do Ministério da Infraestrutura, Diogo Piloni.


“A crise bateu de frente com rumos dessa indústria importante. Há experiências no mundo de primeiros sinais de retomada de operações, com protocolos novos, com algum sucesso e experiências que a gente reputa serem aprendidas e, eventualmente apreendidas, na retomada dessa indústria”, destacou Piloni. O executivo destacou a necessidade de definir os planos para garantir a logística das empresas e evitar a judicialização da questão.


Piloni se referiu à retomada dos cruzeiros marítimos na Europa, em países como Grécia, Itália e Malta, em agosto. Lá, no caso de navios operados pela MSC Cruzeiros, foram adotados procedimentos especiais que levam em conta a testagem de tripulantes e passageiros antes do embarque, além de medições de temperatura frequentes de todos a bordo.


O plano inclui, ainda, mudanças nas estruturas das embarcações. Na Europa, as equipes médicas foram ampliadas, não há refeições do tipo self service, em que os passageiros se servem, e atrações como teatros e restaurantes têm capacidade limitada de presença de turistas.


Os desembarques para passeios só são permitidos em grupos coordenados pela própria armadora. A medida visa evitar o trânsito de turistas em terra e o risco de novas infecções.


Todas essas mudanças foram apresentadas à Anvisa em julho. Mas, para a gerente de Infraestrutura, Meio de Transporte e Viajantes em Portos, Aeroportos, Fronteiras e Recintos Alfandegados do órgão, Karen de Aquino, é preciso ir além. Isto porque o material, que foi elaborado com base na realidade europeia, deve conter um plano de contingência em casos de contaminações a bordo.


A ideia é garantir atendimento aos passageiros e tripulantes sem sobrecarregar os sistemas de saúde locais. Mas, apesar de reconhecer o esforço das empresas do setor, a executiva não recomenda a retomada dos cruzeiros marítimos neste momento. “Vivemos cenário de transmissão comunitária e estudos indicam que contaminação a bordo é 14 vezes maior do que em terra”.


Já o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco, apontou que a pasta avaliou a retomada das atividades de parte do setor aeroviário e um tratamento similar pode ser dado aos portos, sempre de acordo com a evolução da curva epidemiológica, na incidência de novos casos e óbitos, além da taxa de ocupação de leitos e capacidade de resposta da rede de atenção à saúde.


"É importante termos coragem de voltarmos atrás na decisão e criar condições jurídicas de alternativas para empreendimentos importantes par o retorno da economia. Sabemos que o efetivo de passageiros e tripulantes é expressivo. Uma sugestão para analisar e aprofundar. Por que não começar com abertura de 30% nos portos em que estados podem atender?”, apontou.


Mercado


Para a deputada Rosana Valle, é preciso avaliar o impacto econômico negativo que a não realização da temporada de cruzeiros trará aos municípios que recebem este tipo de embarcações. A parlamentar defende a retomada da atividade, seguindo as recomendações da autoridade sanitária.


“Considero que a gente tem que tentar de alguma forma retomar, aos poucos, gradualmente, estudando o que vai acontecer. Assim como os hotéis, que já passaram a receber turistas, a gente tem que tentar”, afirmou a deputada.


A mesma opinião tem o presidente da Embratur, Gilson Machado Neto. Ele destacou a retomada das atividades de cruzeiros marítimos em países do Caribe e a necessidade de desenvolvimento econômico fomentado pelo turismo.


Incerteza


A Costa Cruzeiros cancelou a viagens na temporada 2020/2021 na América do Sul. O Porto de Santos receberia dois navios da companhia, o Costa Fascinosa e o Costa Luminosa. Agora, apenas a MSC Cruzeiros mantém a expectativa de operar com três transatlânticos: Preziosa, Seaview e Musica, que seguem no cais santista desde o início da pandemia. Havia a previsão de que temporada fosse iniciada em novembro. Mas tudo depende das avaliações da Anvisa.


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