O Governo Jair Bolsonaro decidiu trocar quatro dos sete membros da Comissão sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. A mudança foi publicada no “Diário Oficial da União” desta quinta-feira (1), com a assinatura do presidente e da ministra Damares Alves, da pasta da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.
As alterações foram anunciadas dias depois o órgão rebater o presidente da República e afirmar que Fernando Santa Cruz, pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz e membro da Ação Popular (AP), foi morto pelo Estado. A Comissão emitiu um documento que atesta que o falecimento do militante se deu de forma “não natural, violenta, causada pelo Estado brasileiro”.
Na última segunda-feira, Bolsonaro atacou Felipe Santa Cruz, ao dizer que poderia "contar a verdade" sobre como o pai dele desapareceu na ditadura militar. "Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, eu conto pra ele. Ele não vai querer ouvir a verdade", disse o presidente.
Depois, o chefe do Executivo Nacional afirmou, sem provas, que a morte de Fernando Santa Cruz foi causada pelo "grupo terrorista" Ação Popular do Rio de Janeiro, e não pelos militares.
Bolsonaro optou por escolher membros do PSL e militares para integrar a comissão. A ex-presidente do órgão, Eugênia Augusta Fávero foi substituída por Marco Vinicius Pereira de Carvalho , advogado, filiado ao PSL e assessor da ministra Damares Alves.
O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) deu lugar ao também parlamentar Filipe Barros (PSL/PR). João Batista da Silva Fagundes, coronel da reserva e ex-deputado, sai para a entrada de Vital Lima Santos, oficial do Exército. Já Rosa Maria Cardoso da Cunha será substituída por Weslei Antônio Maretti, coronel reformado do Exército.
Em entrevista ao jornal O Globo, Eugênia Augusta Fávero disse que "ao que tudo indica" a sua exclusão da comissão "foi uma represália por sua postura diante dos últimos acontecimentos". A ex-presidente da comissão havia dito que a fala de Bolsonaro era "extremamente grave pela dor dos familiares, mas também pelo fato de ser um presidente da República de um país que vem assumindo essas mortes desde 1995".
*com informações do G1 e Jornal O Globo