Surfista é agredida com socos e tem prancha quebrada a marteladas em praia do Litoral de SP

Agressor também era surfista e foi desligado da escola onde dava aula. Caso foi registrado na Polícia Civil

Por: Izabelly Fernandes  -  28/04/24  -  06:25
Atualizado em 28/04/24 - 06:32
Luana ficou com uma marca roxa no lado esquerdo do rosto e teve a prancha quebrada
Luana ficou com uma marca roxa no lado esquerdo do rosto e teve a prancha quebrada   Foto: Arquivo pessoal

Uma sufista de 31 anos foi agredida com dois socos no rosto por outro surfista enquanto estava no mar da praia de São Lourenço, em Bertioga. Segundo a vítima, o homem teria implicado com a mulher, alegando que ela não estaria cumprindo as regras do surf e, ao responder as acusações, foi agredida. Depois, armado com um martelo, o surfista esperou a mulher sair do mar para continuar com as agressões. Ao se aproximar, ele tentou atacá-la com marteladas, mas ela se defendeu com a prancha e o equipamento foi quebrado. O caso foi registrado na Polícia Civil e o homem foi afastado de sus atividades profissionais.


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Tudo aconteceu por volta das 16h30 da última quarta-feira (24). Luana Toscano de Castro Portes, que também é pedagoga, havia chegado do trabalho e resolveu ir para a mar para pegar ondas para terminar o dia. Mas, quando ainda estava entrando no mar, ela conta que foi repreendida pelo outro surfista.


“Eu tinha acabado de entrar e ele começou a dizer que eu estava remando no lugar errado e que eu deveria remar no lugar certo, mas de forma ríspida. Ele é conhecido na cidade e eu já sabia do histórico de confusão dele. Então eu respondi que ele tinha feito um comentário infeliz e que era melhor ele ficar quieto”, relata.


Depois da resposta, Luana disse que o surfista se aproximou querendo ‘tirar satisfações’ e ela o repreendeu, dizendo que deveria se afastar ou poderia haver consequências.


“Ele tomou aquilo como ‘vamos brigar’ e veio para perto de mim e me deu dois socos no lado esquerdo do rosto. Logo depois ele saiu do mar e foi buscar um martelo na escolinha de surf onde ele dá aula e ficou esperando para me bater na faixa de areia”, conta.


Quando o viu sair da água, ela disse que pediu ajuda para um amigo que estava próximo, explicando o que havia acabado de ocorrer e solicitou que a acompanhasse até em casa. Mas, no meio do caminho, encontraram o surfista na faixa de areia com o martelo em mãos.


Com a ferramenta, ele foi na direção da mulher e do amigo dela que, ao tentar protegê-la, foi golpeado na mão. Logo depois, o homem continuou tentando agredir a surfista. Para tentar se defender, ela pegou a prancha para se esconder e acabou tendo o equipamento quebrado com as marteladas.


“Ele só parou quando foi contido por alguns amigos que estavam ali. Antes disso, ele ainda me ameaçou falando que se eu voltasse a surfar naquela praia, ele ia voltar a me bater e eu deixei bem claro que levaria aquilo para polícia”, relembra.


Boletim de ocorrência

No mesmo dia, Luana foi até a Delegacia de Bertioga e registrou um boletim de ocorrência como lesão corporal. Orientada pelos policiais, logo em seguida foi até um Pronto-socorro para ter um laudo médico das lesões em mãos. No outro dia, ela compareceu no Instituto Médico Legal (IML) de Guarujá, onde fez exame de corpo de delito para dar andamento na representação.


A reportagem entrou em contato com a Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP) para pedir um posicionamento sobre o caso. No entanto, a pasta respondeu que devido ao esquema de plantão aos finais de semana, só casos factuais poderiam ser apurados.


Insegurança

Luana mora cerca de 200 metros da casa do agressor, no bairro Indaiá. Como costumava realizar suas atividades no bairro próximo, inclusive ela leva o filho de quatro anos à escola que fica perto do local, a surfista explica que agora está com medo de sair de casa.


“Eu estou com medo de sair na rua. Tenho medo que ele esteja na esquina para me fazer mais mal. Penso que ele pode querer se vingar de alguma forma. Mas eu não posso deixar de morar aqui por causa disso”, teme.


Ela conta que depois das agressões, passou a receber relatos de outras pessoas que já tiveram problemas com o mesmo agressor. Porém, afirma que, até onde sabe, ele ainda não havia machucado ninguém.


A surfista conta que, assim como o próprio agressor faz hoje em dia, ela também já trabalhou com uma escolinha dando aulas de surf. Na época, o mesmo homem já havia protagonizado um episódio em que ele quebrou os materiais da escola dela utilizando um martelo e, felizmente, ninguém ficou ferido naquela ocasião.


“Dessa vez ele não me respeitou a partir do momento que ele não aceitou que alguém respondesse da mesma forma como ele falou comigo. No momento que ele encostou em mim, ele desrespeitou os direitos humanos, porque ele tem o espaço dele e ele tem que respeitar o meu. Agora eu só quero que ele pague pelo que ele fez, seja de qualquer forma”, comenta.


Repercussão

A Escola de Surf Riviera, onde o surfista ministrava aulas, se pronunciou sobre o caso, publicando uma nota de repúdio por meio do Instagram. Na mensagem, diz que expressa sua tristeza, indignação e completo repúdio a qualquer ato de agressão física ou psicológica à vida. Ainda mencionou que tais atos são inaceitáveis e violam os valores fundamentais do esporte surf e da convivência em sociedade.


“O surf, preconiza não apenas a habilidade e o respeito ao mar, mas também a integração social, a diversão e a promoção da qualidade de vida entre os povos. Acreditamos que o verdadeiro espírito do surf reside sempre na camaradagem e no respeito mútuo dentro e fora das águas’, afirmou a escola.


A unidade também anunciou que, devido ao caso de agressão, optou por desligar o profissional de educação de seu quadro de colaboradores e todas as atividades relacionadas. “Jamais aceitaremos comportamentos agressivos, dentro ou fora do nosso ambiente de trabalho. Não compactuamos com atitudes que contrariem os princípios de respeito e integridade que defendemos”, declarou.


Por fim, a escola reiterou seu compromisso com a promoção de um ambiente seguro e acolhedor para todos e disse que vai continuar a trabalhar para que o surf seja um instrumento de positividade e inclusão”, finaliza.


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