Soldado é acusado de executar a tiros a ex-mulher e balear o atual namorado dela em Guarujá

Policial militar nega e apresentou álibi, mas foi autuado em flagrante e recolhido ao presídio da corporação

Por: Eduardo Velozo Fuccia  -  12/05/20  -  20:09
Debora Raquel foi baleada diversas vezes e morreu no local antes da chegada do socorro
Debora Raquel foi baleada diversas vezes e morreu no local antes da chegada do socorro   Foto: Reprodução/Facebook

O soldado da Polícia Militar Edgar de Oliveira Fonseca, de 33 anos, foi preso em flagrante por matar a tiros a ex-companheira, com quem teve dois filhos, e balear o atual namorado dela. O crime aconteceu em Guarujá, às 23h30 de segunda-feira (11). Lotado no 6º BPM/I, o acusado nega o crime. Porém, o sobrevivente e uma testemunha não tiveram dúvidas em reconhecê-lo. Edgar foi encaminhado ao Presídio Militar Romão Gomes, na Capital.


Débora Raquel Silva, de 28 anos, faleceu no próprio local. Ao perceber a aproximação do ex-companheiro em uma moto Honda Biz, ela pressentiu o pior gritou “é o Edgar, é o Edgar, para Edgar, para Edgar”. Simultaneamente, foram efetuados vários disparos, que atingiram a jovem e também acertaram o seu namorado, Iago Matheus Fortes de Andrade, de 24 anos.


Iago foi atingido enquanto corria. Ele alegou que fugiu para não ser morto também. Débora faleceu antes da chegada do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Ela teve com o soldado dois filhos, sendo um menino de 7 anos e uma garota de 6. O crime aconteceu quando as vítimas chegavam na frente da casa do sobrevivente, na Rua São Pedro, no Pae Cará, em Vicente de Carvalho.


Álibi e flagrante


Após ser baleado, Iago entrou em uma casa na Rua Belo Horizonte para se refugiar. O morador do imóvel disse que se deparou com o jovem caído na garagem e ele lhe disse que havia sido atingido pelo ex-marido de sua namorada. Policiais militares levaram o sobrevivente de viatura à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Vicente de Carvalho, que fica no mesmo bairro.


Diante da informação de Iago de que os tiros foram disparados pelo ex-companheiro de Débora, outros policiais militares foram à residência do soldado no início da madrugada e o prenderam. Na Delegacia de Guarujá, acompanhado de advogado, Edgar negou o crime. Ele alegou que havia trabalhado na PM, em Santos, até as 22 horas. Refutou também que seu relacionamento com Débora tenha sido conturbado.


Ainda conforme a versão de Edgar, ele não queria reatar com Débora, porque fora ele quem terminou a relação. Por fim, sustentou ignorar que a jovem estivesse namorando. Na residência do soldado foram apreendidos uma pistola Taurus calibre .40, pertencente à corporação, além de uma moto Honda Biz 125 cinza e quatro capacetes, um dos quais preto, sem queixeira e com a viseira transparente.


Policial negou o crime, mas ainda assim foi preso em flagrante
Policial negou o crime, mas ainda assim foi preso em flagrante   Foto: Reprodução

Histórico de violência


De acordo com Iago, Débora lhe disse que o pai dos filhos dela é policial militar e a ameaçava por não aceitar o término da relação. Aliás, a falecida já havia registrado ocorrência acusando Edgar de violência doméstica. Embora não tivesse visto pessoalmente o acusado antes, o sobrevivente o reconheceu com detalhes, porque a namorada lhe havia exibido fotos dele.


A moto usada pelo autor dos disparos e, principalmente, o capacete, com os detalhes da falta de queixeira e viseira transparente, também foram reconhecidos pela vítima da tentativa de homicídio. Outro fator contrário à negativa de autoria de Edgar foi o reconhecimento de uma testemunha. Ela não presenciou os tiros, mas logo em seguida viu o soldado guardar algo parecido com uma arma e ir embora em uma Honda Biz.


“O relato categórico, detalhado e intenso da vítima sobrevivente revela a autoria delitiva e a intenção de matar, com vários disparos de arma de fogo, sem que as vítimas pudessem se defender. No caso da falecida, também com violência doméstica e familiar, por decorrer da relação de afeto, ao que tudo indica, não superada”, avaliou o delegado Thiago Nemi Bonametti. Ele autuou Edgar por feminicídio e tentativa de homicídio.


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