Prestes a completar um ano, Caso Baccará segue com dois réus foragidos

Estudante Lucas Martins de Paula foi brutalmente agredido por seguranças da casa noturna localizada no Embaré. Dos quatro acusados dois já estão presos

Por: Eduardo Velozo Fuccia & De A Tribuna On-line &  -  25/06/19  -  21:20
Os quatro acusados pela morte de Lucas Martins de Paula
Os quatro acusados pela morte de Lucas Martins de Paula   Foto: AT

A duas semanas de o Caso Baccará completar um ano, o processo do crime que apura o assassinato por espancamento de um universitário segue com dois réus presos e outros dois foragidos.


Por causa de divergência no valor de sua conta, o quartanista de Engenharia Elétrica Lucas Martins de Paula, de 21 anos, foi brutalmente agredido na antiga casa noturna Baccará, no Embaré, em Santos, por seguranças do estabelecimento.


O estudante contestou o lançamento em sua comanda de uma cerveja no valor de R$ 15. Foi o suficiente para ser espancado, às 3h30 de 7 de julho de 2018. Vinte e dois dias depois, ele faleceu na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Santa Casa de Santos.


Com base no depoimento de amigos de Lucas e outras testemunhas, além da análise de imagens de câmeras de segurança, a equipe da delegada Edna Pacheco Fernandes Garcia e do investigador Adriano Jorge de Mattos, do 3º DP de Santos, esclareceu o delito.


Lucas foi espancado até entrar em coma, no dia 7 de julho
Lucas foi espancado até entrar em coma, no dia 7 de julho   Foto: Arquivo pessoal

Segundo o inquérito policial, quatro pessoas participaram do crime. Uma delas é o segurança Thiago Ozarias Souza, de 30 anos. Praticante de jiu-jitsu, ele é visto nas imagens de câmeras aplicando na vítima 12 golpes, entre socos e joelhadas.


Outro segurança, Sammy Barreto Callender, de 35 anos, aparece no vídeo desferindo um soco no universitário após a sequência de golpes de Thiago. Como se fosse um tiro de misericórdia, este soco fez o jovem cair desacordado em frente ao Baccará.


Segundo amigos de Lucas, a confusão por causa da cobrança indevida começou dentro da casa noturna e teve o seu desfecho na calçada da Rua Oswaldo Cochrane, diante dos olhares de Vitor Alves Karam, de 33 anos, e de Anderson Luiz Pereira Brito, de 47.


Com base nas investigações da Polícia Civil, o Ministério Público (MP) denunciou os dois seguranças que agrediram diretamente o estudante, bem como Vitor e Anderson, respectivamente, dono do Baccará e chefe da segurança.


Processados por homicídio triplamente qualificado, crime hediondo punível com reclusão de 12 a 30 anos, os quatro réus tiveram inicialmente as prisões temporárias decretadas, ocasião em que Thiago e Sammy decidiram se entregar.


Posteriormente, a Justiça decretou as preventivas dos quatro réus. Quem já estava preso, ainda permanece na cadeia. Porém, o empresário Vitor Karam e o chefe da segurança Anderson Brito continuam a ostentar a condição de procurados.


Estudante foi agredido por seguranças do Bar Baccará em julho do ano passado
Estudante foi agredido por seguranças do Bar Baccará em julho do ano passado   Foto: Fernanda Luz/AT

'Excesso de prazo'


Em abril, sob a alegação de que Sammy, naquela época, já estava preso preventivamente havia mais de oito meses devido a “excesso de prazo” no processo, o advogado Mario Badures requereu a sua soltura. A Justiça indeferiu o pedido.


Constituído pela família de Lucas para atuar como assistente da acusação, o advogado Armando de Mattos Júnior afirmou que o ritmo da ação penal está “célere”. Segundo ele, as provas já produzidas demonstram que os quatro acusados devem ser levados a júri.


“Em breve, o Poder Judiciário deve decidir pela realização do julgamento popular. Aí, será iniciada a justiça, que é o maior anseio da família da vítima. Enquanto isso, esperamos que a polícia localize e prenda os réus foragidos”, declarou Mattos.


Defensor de Vitor, o advogado Eugênio Malavasi afirmou que a “análise objetiva” das imagens das câmeras demonstrará que o empresário não teve participação “naquela trágica morte”.


O advogado Eduardo Durante defende o chefe da segurança e sustenta que ele é inocente. Ele apontou a “necessidade de, nesta fase processual, ser demonstrada a real participação de cada réu no evento criminoso”.


Para o advogado de Thiago, Pedro Umberto Furlan Júnior, é preciso demonstrar o “nexo” entre os golpes dados pelo cliente e a causa da morte da vítima. Ele também reclamou de suposto excesso de prazo do processo. “É uma pena antecipada, sem haver condenação”.


Réu é defendido pelo advogado Armando de Mattos
Réu é defendido pelo advogado Armando de Mattos   Foto: Irandy Ribas/AT

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