Padre acusado de estupro e pedofilia em Guarujá é isolado de detentos no CDP IV de Pinheiros

Por questão de segurança, ele está segregado do restante da população carcerária que conta com outros 417 presos

Por: Eduardo Veloso Fuccia  -  31/01/20  -  15:53
Justiça solta padre preso em flagrante por estupro e pedofilia em Guarujá
Justiça solta padre preso em flagrante por estupro e pedofilia em Guarujá   Foto: Arquivo Pessoal

Segregado do restante da população carcerária por questão de segurança, um dos 418 presos do Centro de Detenção Provisória (CDP) IV de Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo, chama a atenção. Ele é o padre acusado de pedofilia contra dois meninos, que foi preso em flagrante em Guarujá.


Anderson de Moraes Domingues, de 43 anos, teve a prisão em flagrante convertida em preventiva na audiência de custódia, um dia após ao da sua autuação. Ele continua encarcerado e ainda não foi ouvido pela Justiça. Na Delegacia de Guarujá, optou por permanecer em silêncio.


A preventiva não tem prazo estabelecido. Essa modalidade de prisão pode perdurar até mesmo após eventual condenação, caso haja recurso de apelação e estejam presentes os seus requisitos legais. Em segredo de justiça, o processo corre pela 3ª Vara Criminal de Guarujá e ainda não há data designada para a primeira audiência.


Por causa do segredo de justiça, o advogado Gilmar José Mathias do Prado nada fala sobre o mérito da causa, mas confirma o fato de o cliente estar no “seguro” – denominação da cela ou ala destinadas a presos que correm potencial risco de represálias dos demais detentos. Crimes sexuais, principalmente contra crianças, não são tolerados pela população carcerária.


Padre está recluso no CDP IV, em Pinheiros, São Paulo
Padre está recluso no CDP IV, em Pinheiros, São Paulo   Foto: Divulgação/CDP Pinheiros

Milkshake


A prisão do padre Anderson aconteceu no início da noite de 9 de dezembro de 2019. Dois seguranças do shopping La Plage, na Praia das Pitangueiras, o flagraram com um menino de 14 anos dentro de uma das cabines do banheiro do centro de compras.


A porta da cabine estava trancada por dentro e os seguranças tiveram que arrombá-la. Segundo as testemunhas, o padre estava com a calça abaixada e, à força, agarrava o menino e encostava o órgão genital nas nádegas dele. O menino também estava despido.


Um outro menino, de 13 anos, também havia sido abordado pelo religioso, mas não entrou com ele no banheiro do shopping. Segundo os garotos, eles vendiam balas na rua. O padre passou de carro pelos adolescentes e lhes ofereceu “milkshake”. Em seguida, os três foram ao La Plage.


Tipificação penal


O delegado Caio Azevedo de Menezes autuou Anderson em flagrante por estupro e favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de vulnerável. Por ocasião do oferecimento da denúncia, o Ministério Público (MP) afastou o delito de estupro. Porém, no curso da ação, ainda poderá ser alterada a tipificação jurídica atribuída à conduta do padre.


Anderson atuava na Paróquia Sagrado Coração de Jesus, no Parque Ipê, extremo da Zona Sul da Capital. Por meio de nota, a Diocese de Campo Limpo, à qual pertence a igreja, informou que “serão tomadas, no âmbito eclesiástico, as medidas cabíveis segundo o Código de Direito Canônico e as atuais orientações do Papa Francisco, não compactuando, de forma alguma, com o comportamento do referido padre”.


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