Operação policial prende ex-apresentador e descobre produção de maconha de alta qualidade em Santos

O jornalista Marcelo Carrião, apelidado de ‘Vovozinho’, foi preso no Marapé

Por: Diogo Menezes  -  29/02/24  -  06:51
Atualizado em 29/02/24 - 15:12
Durante a Operação Domo de Ferro I, os policiais civis descobriram uma casa com estufas para produzir maconha de alta qualidade
Durante a Operação Domo de Ferro I, os policiais civis descobriram uma casa com estufas para produzir maconha de alta qualidade   Foto: Divulgação/Deic/Deinter-6

A Polícia Civil deflagrou na manhã de quarta-feira (28) a Operação Domo de Ferro I, que desarticulou um esquema de comercialização e produção de drogas ilícitas em Santos. Entre os principais fornecedores presos estão o jornalista e ex-apresentador Marcelo Carrião e dois irmãos que produziam maconha de alta qualidade dentro de casa.


A Operação Domo de Ferro I faz referência ao sistema de proteção antiaéreo de Israel que protege a população de ataques inimigos. A analogia feita pela Polícia Civil consiste na defesa contra o tráfico de drogas, interceptando a ação de criminosos.


Conforme o delegado Leonardo Amorim Rivau, da 2ª Delegacia de Investigação Sobre Entorpecentes (Dise), as investigações tiveram início após a prisão de duas mulheres que praticavam o chamado ‘disque-droga’ no bairro Gonzaga, onde encomendavam a compra e a venda de entorpecentes. Através da apreensão do celular de uma delas, os agentes conseguiram identificar as pessoas responsáveis por fornecer as drogas.


“Nós conseguimos fazer a extração de dados do aparelho celular e identificamos nove indivíduos que forneciam drogas para essas mulheres no Gonzaga. As conversas ali são bem claras, inclusive, alguns deles recebiam PIX de pagamento no nome deles".


Marcelo Carrião é apontado como um dos principais fornecedores de drogas
Marcelo Carrião é apontado como um dos principais fornecedores de drogas   Foto: Reprodução

De acordo com o delegado do 2º Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), Fabiano Barbeiro, as mulheres presas tinham uma relação de negócios com os envolvidos bastante organizada. Para atender a demanda, elas contavam com fornecedores que traziam os entorpecentes de fora da Baixada Santista, mas também com um esquema de produção interna.


“O que conseguimos identificar nessa data é que havia o contato de um fornecedor que trazia de fora e o outro já produzia direto. Então essas fontes são muito dinâmicas, às vezes, se não conseguia comprar de um fornecedor, partiam para outro. Nós vimos que eles tinham um grupo de conversas por aplicativo que era só para tratar desse assunto.”


Depois de saber quem eram os suspeitos, o Departamento de Inteligência da Polícia Civil (Dipol), que presta apoio à 3ª fase da Operação Verão na Baixada Santista, forneceu a tecnologia para ajudar a encontrar o endereço dos indivíduos.


Com mandado de busca e apreensão em mãos, os agentes localizaram seis dos nove procurados. Entretanto, durante as diligências, surgiram outros três suspeitos, que também foram detidos.


As prisões ocorreram nos bairros Vila Mathias, Aparecida, Vila Belmiro, Gonzaga, Marapé e Estuário. Mas também houve buscas no Embaré, Cidade Náutica e Ponta da Praia.


Delegados Fabiano Barbeiro (esq.) e Leonardo Amorim Rivau (dir.) falam sobre os resultados da Operação Domo de Ferro I
Delegados Fabiano Barbeiro (esq.) e Leonardo Amorim Rivau (dir.) falam sobre os resultados da Operação Domo de Ferro I   Foto: Diogo Menezes/ AT

Ex-apresentador preso

Entre os investigados estava o jornalista Marcelo Carrião, apelidado de ‘Vovozinho’. Ele foi preso no bairro Marapé e é apontado como um dos principais fornecedores de entorpecentes para as duas mulheres presas no bairro Gonzaga.


“Dos nove fornecedores, nós pudemos identificar esse ex-repórter, jornalista, em que constam diversas conversas dele oferecendo a droga. Ela pedia a droga para ele, ele dizia os preços, os valores, para que ela pudesse comprar e revender no bairro Gonzaga”, explica o delegado Leonardo Rivau.


Formado na Universidade Católica de Santos, Marcelo Carrião atuou como repórter e apresentador de telejornais na antiga TV Manchete, Rede Record e SBT.


Estufa de drogas

Durante as buscas e apreensões os policiais encontraram uma casa, na Vila Mathias, onde dois irmãos utilizavam um esquema de três estufas para produzir maconha de alta qualidade.


Segundo o delegado Leonardo Rivau, o tipo de droga que eles traficavam chegava a custar R$ 25 mil o quilo, e eram comercializadas para pessoas de alto poder aquisitivo. “Não eram drogas que podem ser apreendidas em biqueiras ou em situações normais de rua. Eram drogas de altíssimo valor agregado e até alguns pontos de LSD e alguns outros tipos de drogas sintéticas que também possuem um alto valor agregado.”


No imóvel foram apreendidos 100 pés de cannabis sativa e uma arma de fogo sem registro. “Na sala tinha uma estufa para pequenas mudas, com plantas que estavam em fase de crescimento. Quando ganhavam força, passavam para outra estufa, onde se desenvolviam mais e, por último, passavam para uma terceira estufa, onde o processo era finalizado. Com mais produtos químicos, uma luz diferenciada, climatização. Realmente não é uma coisa amadora”, detalha Fabiano Barbeiro.


Entre as conversas interceptadas pela Polícia Civil, os investigadores também perceberam que o conhecimento dos irmãos era tão grande que eles eram capazes de programar o prazo e a quantidade de drogas que poderiam vender.


Cruzamento de Informações

Com os nove presos, a Operação Domo de Ferro I apreendeu maconha, k9, haxixe e skunk, todas drogas derivadas da cannabis sativa, a maconha, além de três armas de fogo e R$ 50 mil. Os celulares dos detidos devem ser analisados para que as investigações identifiquem mais pessoas envolvidas com o tráfico de drogas em Santos e região.


“Também conseguimos identificar algumas contas correntes para que a gente faça a verificação da distribuição do proveito do crime, numa eventual investigação de lavagem de dinheiro que virá numa próxima fase”, adiantou Barbeiro.


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