Justiça determina que o prefeito afastado de Guarujá Válter Suman use tornozeleira eletrônica

A Polícia Federal chegou a pedir a prisão do chefe do Executivo, que foi negada

Por: Maurício Martins  -  31/03/22  -  19:10
Atualizado em 01/04/22 - 11:50
Em setembro de 2021, o prefeito chegou a ficar três dias preso
Em setembro de 2021, o prefeito chegou a ficar três dias preso   Foto: Matheus Tagé/AT

Investigação feita pela Polícia Federal (PF) aponta o prefeito afastado de Guarujá, Válter Suman (PSDB), e a mulher dele, Edna Suman, como chefes de uma organização criminosa que atuava na Prefeitura para desviar dinheiro fraudando contratações públicas. A PF chegou a pedir a prisão do chefe do Executivo, que foi negada. Em contrapartida, a Justiça determinou que ele use tornozeleira eletrônica.


O esquema seria operacionalizado pelo ex-secretário de educação, Marcelo Nicolau, e outros agentes políticos do Município. Entre os crimes investigados estão corrupção ativa e passiva, desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro. A Justiça bloqueou quase R$ 110 milhões das contas dos acusados.


A PF pediu a prisão preventiva de Suman, Edna, Nicolau e mais cinco investigados, mas a Justiça negou. O desembargador federal Nino Toldo, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), optou por outras medidas cautelares, determinando o afastamento do prefeito do cargo, conforme A Tribuna publicou na quarta-feira (30), e o uso de tornozeleira eletrônica, a proibição de entrarem na Prefeitura e de se comunicarem uns com os outros, exceto no caso de familiares, como Suman Edna.


A Reportagem não conseguiu contato com as defesas de Suman, Edna, Nicolau.


Histórico

A investigação da Polícia Federal foi feita com base no material (computadores, documentos e celulares) apreendido pela Operação Nácar-19, deflagrada no dia 15 de setembro de 2021. Ela recebeu autorização do mesmo desembargador, Nino Toldo, devido aos “indícios de existência de uma organização criminosa supostamente liderada pelo prefeito” relacionada a contratos pagos com verba federal, inclusive para o enfrentamento da covid-19.


O grupo é suspeito de ter cometido os crimes de corrupção ativa, passiva, desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro. Valter Suman e o secretário municipal de Educação da época, Marcelo Nicolau, foram presos em flagrante naquele dia por suposta lavagem de dinheiro. Com eles, os policiais encontraram mais de R$ 2 milhões em dinheiro e joias sem comprovação de origem.


Por esse motivo, ambos ficaram detidos na Penitenciária 1 de São Vicente, mas foram soltos três dias depois. Na residência do chefe do Executivo, em Guarujá, foram encontrados R$ 70 mil, além de R$ 300 mil num apartamento em Santos e R$ 42mil no gabinete de Suman na Prefeitura—escondidos em caixas de máscaras de proteção facial. No dia 20 daquele mês, ao reassumir o cargo, Suman explicou que o dinheiro descoberto pela PF tinha origem legal e disse aos jornalistas que sempre teve “uma vida muito trabalho".


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