Homem tem rosto desfigurado durante briga em bar e PMs são xingados no Litoral de SP
Mulher envolvida na confusão teria chamado agentes de "viado", "corno", "ladrão" e "corrupto"
Um homem de 50 anos ficou com o rosto desfigurado após seis pessoas se desentenderem em um bar em Guarujá, Litoral de São Paulo, durante a madrugada da última terça-feira (7). Após a briga, as pessoas foram para a frente da casa onde uma das envolvidas estava hospedada, na Avenida Santa Maria, no bairro Vila Júlia, e a Polícia Militar (PM) foi acionada.
Durante o atendimento da ocorrência, uma dentista, de 44 anos, namorada do homem, teria ofendido os policiais com palavras como “viado”, “corrupto”, “ladrão” e “corno”, e chutado as pernas deles, dizendo que ia prender todos, pois tinha parentes juízes e advogados. O caso foi registrado como desacato e lesão corporal, mas ninguém foi preso. Já o homem foi levado para o hospital, mas fugiu da unidade.
De acordo com o boletim de ocorrência, os policiais informaram que haviam seis pessoas no local, e duas estavam dentro de um carro de luxo, sendo o homem ferido e a dentista. Os PMs disseram em depoimento que nenhum dos envolvidos falava informações coerentes, nem confirmaram se conheciam uns aos outros, muito menos sobre o que havia ocorrido no local.
Depoimento de uma envolvida
Apenas uma das envolvidas, uma turista de 24 anos, prestou depoimento. Ela contou que chegou por volta das 20h de segunda-feira (6) em Guarujá, acompanhada de alguns amigos. Na cidade, ela se encontrou em um bar com a dentista, que estava com o homem que foi ferido, e disse que achou que eles eram um casal.
Neste bar, um desentendimento aconteceu entre eles. Logo em seguida, as duas mulheres voltaram para o imóvel onde a turista estava hospedada, enquanto o resto do grupo ficou no local.
Depois de cerca de 40 minutos, elas teriam ouvido um barulho e, quando foram verificar, viram um carro parado na garagem da casa e o homem deitado no chão, estando todo ensanguentado. O veículo foi encontrado com o vidro quebrado e marcas de colisão com o portão do local. Pouco tempo depois, ele se levantou e pediu para que o socorressem.
Neste momento, ele foi colocado dentro do carro e a dentista entrou no veículo para levá-lo ao hospital. Antes mesmo de sair, a PM apareceu no local, mas deixou que ela o socorresse e foi ‘guiando’ o carro até o Hospital Santo Amaro (HSA).
Em contato com o HSA, a unidade informou que por volta das 12h de terça-feira (7), o casal se evadiu da unidade. Eles ainda teriam dito aos funcionários que precisavam ir embora, pois iriam para São Paulo.
Enquanto isso, a turista contou, em depoimento, que ficou em frente à casa com o restante do grupo, sendo três homens e, logo em seguida, outra viatura da PM chegou. Uma das policiais não teria ficado satisfeita com as respostas dadas por ela aos questionamentos e, por isso, teria lhe agredido com “um tapa ou um soco na nuca”.
Ainda conforme o boletim de ocorrência, a turista disse que a policial sacou uma pistola, engatilhou e com isso, ela “achou que ela iria atirar”, mas bateu com a coronha na cabeça dela.
Versão dos PMs
Um dos policiais que atuaram na ocorrência disse que, quando chegou ao local, encontrou um homem deitado no chão e um casal dentro de um carro de luxo. O que estava dentro do carro tinha o rosto desfigurado e a mulher estava um pouco ensanguentada. Ela informou que ele era seu namorado e pediu para seguir a viatura até o hospital.
No entanto, ao chegar na unidade, os policiais perceberam que a dentista estava bêbada e agressiva. Ela se recusou ao sair do veículo e teve de ser retirada por funcionários do hospital, bem como o homem. Durante a ação, os PMs tiveram que fazer uso de algemas para conter a mulher.
Ela chegou a dizer aos agentes que ia prender todo mundo, pois era parente de juízes e delegados. A mulher ainda chutou as pernas dos PMs e os ofendeu chamando de "viado", “corrupto” e “ladrão”. Outra policial disse em depoimento que a mulher os xingou de ‘corno’, "bando de bundão" e que eles "não estavam ali para nada".
No carro, os agentes encontraram um Certificado de Registro de Arma de Fogo (CRAF) em nome do homem. Porém, nenhuma arma foi encontrada no veículo. Os outros quatro envolvidos, a mulher e mais três homens não se queixaram de estar lesionados.
SSP
Em nota, a Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP) disse que, assim como a Polícia Militar, está investigando o caso registrado. Ainda informou que a autoridade policial solicitou exames periciais e investiga as circunstâncias da ocorrência. Por fim, afirmou que a Polícia Militar tomará as medidas cabíveis se constatar irregularidades na abordagem.
O caso foi registrado como desacato e lesão corporal na Delegacia Sede de Guarujá. Ninguém foi preso na ocorrência, pois o delegado de plantão considerou que ela era complexa, na qual diversas partes encontravam-se embriagadas e sem condições de depor no momento. Foram requisitados exames de corpo de delito ao Instituto Médico Legal (IML) e os resultados são aguardados.
