Família dona de clínica clandestina para dependentes químicos é presa no interior de SP

Foram capturados nesta segunda-feira (2), em Tatuapé, interior de São Paulo, os proprietários da clínica clandestina para dependentes químicos Centro de Tratamento Trindade de Luz. A casa funcionava em Itariri, no Vale do Ribeira, e foi fechada em 2018, após cerca de seis pacientes terem fugido e registrado boletim de ocorrência (BO) por maus-tratos.

Palloma Souza Santos, Ronaldo Robson Pereira dos Santos e o filho, Caio Cesar Santos, tiveram a prisão preventiva decretada na última quinta-feira (27) e, agora, os mandados foram cumpridos. Na época, as vítimas disseram que foram resgatadas em suas casas e submetidas a internação compulsória - sem autorização judicial.

Em 30 de agosto daquele ano, quando o caso veio à tona, a família foi indiciada por maus-tratos, tortura, sequestro e cárcere privado, associação criminosa e medicamento em desacordo com receita médica. O centro atendia 16 pessoas e não tinha alvará da prefeitura e nem autorização da Vigilância Sanitária.  

O caso chocou a população pelos relatos e imagens registradas, tanto dos hematomas nos corpos das vítimas quanto pelos materiais usados para as agressões, como facões, bambu, madeira e um taco de beisebol, onde estava escrito ‘A cura’.

O delegado que atendeu a ocorrência, Arilson Veras Brandão, chegou a dizer à época que o local era um “verdadeiro circo dos horrores”. Ele e peritos estiveram no local após a fuga dos internos, de ambos os sexos e com idades entre 15 e 42 anos.

De acordo com a equipe policial, o local, situado na Chácara Céu da Jureia, na Rua Elza Soares, no Distrito de Ana Dias, parecia chamativo e acolhedor. Porém, o que se identificou foi o oposto. Além das agressões, relatos de pouca comida, banhos regulados e falta de auxílio psicológico, médico e assistencial.

Casa vazia

Assim que a polícia recebeu a denúncia, se dirigiu ao local, que já havia sido abandonado. Lá, encontraram os elementos indicados: bastão de beisebol, pedaços de madeira e vara de bambu, que foram apreendidos. Ainda foi recolhido um facão que seria usado nas sessões de violência.

Agressões

Uma jovem chamou a atenção por várias lesões nos antebraços, supostamente produzidas por instrumento cortante. Outra apresentava grande hematoma na coxa direita. Segundo os internos, eles foram internados à força e lhes eram ministradas elevadas doses de calmantes.

Segundo o delegado, a clínica tinha uma “rede de cooptação” pela internet.  As investigações preliminares apontam que as mensalidades na clínica variavam de R$ 1 mil a R$ 1,7 mil, conforme o poder aquisitivo dos parentes dos pacientes.