Estudante afirma ter 'renascido' após ficar presa embaixo de caminhão na Rodovia dos Imigrantes

A vítima estava a caminho da faculdade, em Santos, quando foi surpreendida por uma mudança brusca de faixa do motorista

Por: ATribuna.com.br  -  17/04/24  -  06:52
Kauanny ficou preso debaixo do caminhão na rodovia
Kauanny ficou preso debaixo do caminhão na rodovia   Foto: Arquivo Pessoal

Mãe de um menino de quatro anos e estudante de enfermagem, a jovem Kauanny Lopes Rosa dos Santos, de 24 anos, afirma ter 'renascido' após ter batido com sua moto e permanecido presa embaixo de um caminhão, em uma interligação da Rodovia dos Imigrantes, no sentido à Baixada Santista.


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O acidente aconteceu por volta das 18h30. Kauanny conta que estava em sua moto, em direção à faculdade onde estuda, que fica na Vila Matias, em Santos, quando foi surpreendida por um caminhoneiro de 28 anos, que não queria perder um retorno.


“Ele (o motorista) deu uma ré sem sinalizar. Eu tentei frear, buzinei. Ele foi totalmente imprudente e irresponsável. Fui parar embaixo do caminhão, entrei bem no meio da carreta. Eu estava consciente e orientada, então eu me lembro de tudo, quando fui derrapando e entrando embaixo do veículo”, relembra a jovem.


O acidente aconteceu no último dia 3 de abril, e Kauanny continua se recuperando dos impactos causados pelo acidente. A estudante de enfermagem conta que o caminhoneiro prestou socorro e, com a ajuda dos outros motoristas que viram o acidente, chegou a tirá-la da parte de baixo do caminhão.


“Senti muita dor na perna esquerda, no tornozelo. Meu pé virou. Lembro que eu comecei a falar com ele (o caminhoneiro), falando que ele teria sido irresponsável e, na hora, ele até confessou que não queria perder o retorno. Creio que há erros que a gente acaba não tendo a noção do que pode causar. No caso dele foi uma negligência”, diz a jovem.


A vítima cita que a atitude do motorista em uma via movimentada e em horário de pico deveria fazê-lo identificar que poderia causar um grave acidente. Por sorte, Kauanny explica que não teve fraturas, porém está com uma ferida no tornozelo da perna esquerda, onde levou vários pontos.


“Costumo dizer que eu renasci. Sou um milagre de Deus, e a misericórdia me alcançou. Lembro nitidamente que passou pela minha cabeça que ali seria o meu fim. Sou filha única, então imagina como a minha mãe iria ficar, como o meu filho iria ficar. Hoje, sou um milagre. Todos que viram o acidente se impressionaram pelo fato de eu ter sobrevivido. A moto estava em cima de mim, e a roda do caminhão em cima da moto”, ressalta.


A família da estudante foi comunicada sobre o ocorrido por conta de uma enfermeira que viu a batida e parou para ajudá-la a sair debaixo do caminhão. “Ela me acompanhou até o hospital sem nada em troca, justamente por amor à profissão.”


Marcas visiveis e invisiveis
Por fora, Kauanny comenta que teve ferimentos no tornozelo que lhe impedem até mesmo de tomar banho sozinha, trocar de roupa e dificulta suas idas ao banheiro. Levou pontos no local, e relata ter dores pelo corpo. Por dentro, a jovem reforça que resta o trauma.


“Há um ano eu tenho essa moto e a uso para tudo. Para ir ao trabalho e faculdade. Não sei como vai ser a minha vida agora, daqui para frente. A única certeza é que estou com um trauma, não consegui ver a moto ainda e sinto medo de dirigir. Perdi, ainda, uma semana de prova, e estou tendo crise de ansiedade, porque a minha vida parou”, descreve.


Outra problemática apontada pela estudante é a trabalhista. Na época do acidente, ela sequer tinha completado dois meses trabalhando de forma autônoma, o que gerava sustento para ela e o filho. Com os ferimentos, a vida profissional teve que estacionar.


Registro policial
À Polícia Militar Rodoviária (PMR), o motorista deixou registrado que se enganou com o caminho e tentou cruzar para entrar no retorno da interligação. Neste momento, ouviu uma freada e parou o caminhão. Somente ao descer para verificar o que teria acontecido que notou a batida com a moto.


De acordo com o boletim de PMR, o veículo tinha irregularidades e foi multado por ser conduzido em mau estado de conservação. O motorista passou pelo teste do etilômetro -conhecido popularmente como ‘bafômetro’- e nada foi constatado. Ele foi ouvido, autuado e liberado na sequência.


Até o fechamento desta matéria, o caso ainda não havia sido representado para a Polícia Civil.


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