Casal do Tinder nega estupro e diz que teve 'vida destruída' com acusação de universitária

Estudante acusa de obrigá-la a sexo a três em apartamento

Por: Eduardo Velozo Fuccia  -  05/09/20  -  10:50
Hematomas registrados por universitária que acusa casal
Hematomas registrados por universitária que acusa casal   Foto: Reprodução/G1 Santos

Ele, empresário, 32 anos. Ela, estudante de Administração de Empresas, 20. Namorados, se conheceram em outubro de 2019. Desde março, embalados pela quarentena imposta pela pandemia do novo coronavírus, moram juntos no apartamento dele, em Santos. No final de agosto, ficaram conhecidos como o casal do Tinder, porque que teriam usado o aplicativo de relacionamento para atrair uma jovem ao imóvel e estuprá-la.


Em entrevista exclusiva, concedida na manhã de sexta-feira (4) no escritório dos advogados Raphael Meirelles de Paula Alcedo e Alvaro Minas Ferreira Soares, o casal negou a violência sexual. O empresário ainda foi além: “Nossas vidas foram destruídas”, ao falar sobre os reflexos da acusação da garota que afirma ter sido vítima. Ele e a namorada depuseram quinta-feira na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Santos.


Estudante de Direito e com 21 anos de idade, a suposta vítima contou que foi ao apartamento dos acusados após conhecer a garota pelo Tinder. Em seu perfil no aplicativo, a estudante de Administração se apresenta como uma jovem que busca “apenas meninas e de preferência que saibam dialogar”, nada citando sobre o namorado empresário com quem mora.


Após o primeiro contato pelo Tinder, as universitárias migraram para o WhatsApp e combinaram o encontro, ocorrido no apartamento do casal no último dia 26, entre 20 e 22 horas, aproximadamente. A mãe da suposta vítima a levou e a buscou no edifício de carro. Segundo a jovem contou na DDM no dia seguinte, acompanhada da mãe, ela não foi avisada de que um homem estaria no apartamento, onde ele a estuprou.


Namorada de empresário mostra marcas no corpo que seriam de relação com universitária
Namorada de empresário mostra marcas no corpo que seriam de relação com universitária   Foto: Divulgação

“Sou bissexual”


A estudante de Administração defende-se. “Sou bissexual, falei da minha opção para ela e lhe contei que o meu namorado estava no apartamento tão logo ela entrou no hall do prédio. Mesmo assim, ela concordou em subir ao apartamento. No imóvel, tomamos duas garrafas de espumante. Ela abriu as garrafas e o consumo foi igual entre a gente. Nada aconteceu contra a vontade dela”.


O empresário acrescenta que se apresentou à estudante de Direito na cozinha, logo após ela entrar no imóvel, quando ainda não havia “momento íntimo” entre ela e a namorada dele. “Eu me apresentei e voltei para o meu quarto para concluir um trabalho. Inclusive, tenho prova disso por causa de e-mail que enviei naquele horário. Cerca de 20 minutos depois, o homem reapareceu, mas na sala, onde as jovens bebiam e conversavam no sofá.


“Ela (suposta vítima) perguntou um monte de coisa sobre a gente. Elogiou o nosso relacionamento pela modernidade”, conta a estudante de Administração. “Expliquei para ela que aceito a bissexualidade da minha namorada, ficando combinado de eu saber dos encontros dela com outras garotas”, detalha o empresário. Segundo o homem, ele apenas ingeriu suco, porque não consume bebidas alcoólicas.


A estudante de Direito acusou o empresário de agarrá-la pela nuca e forçá-la a dar um “selinho” na outra jovem, mas o casal refuta. “Tudo foi consentido. Demos um beijo triplo, mas só elas ficaram entre si, diz o homem. “Ela aceitou tudo e se despiu, ninguém tirou a sua roupa à força. Até pediu para ser fotografada nua no sofá, segurando uma taça, para fazer ciúme a um ex-namorado”, emenda a universitária acusada.


Interação verbal e mordidas


A suposta vítima declarou que foi mordida e apresentou fotos de partes do corpo que teriam sido lesionadas por essa prática. Porém, a estudante de Administração alega ter “as mesmas marcas, nos mesmo locais”, porque as mordidas foram recíprocas entre ela e a outra garota, “em zonas erógenas”. De acordo com a namorada do empresário, elas se morderam devido ao “calor do momento”.


A única relação sexual completa foi entre o casal, garante o empresário. “Ela (estudante de Direito) só ficou nos olhando e gostou. Disse que costumava assistir filmes pornôs com o ex-namorado e eu falei que agora ela estava vendo um ao vivo”, detalha o homem. A aluna de Administração reforça a versão do namorado: “Ela adorou e até interagiu verbalmente com a gente, dizendo para fazer isso, aquilo”.


Controle remoto


Reafirmando a sua inocência, o casal alega que a suposta vítima deixou um amigo de sobreaviso durante a sua permanência no apartamento. A estudante de Direito estaria receosa de ir ao encontro de uma garota no mesmo dia em que a conheceu virtualmente. “O amigo fazia um acompanhamento remoto pelo WhatsApp e ficou preocupado quando ela lhe escreveu que bebeu e havia um ‘cara’ no apartamento”, informa o empresário.


A preocupação do amigo teria atingido o seu pico quando a estudante de Direito lhe enviou fotos com as marcas das mordidas. “Ele disse que mandaria as mensagens e fotos para a mãe dela. Provavelmente, a mãe não sabia da bissexualidade da filha e a garota tentou justificar o ocorrido com essa história de estupro. Ela havia contado para a mãe que visitaria uma amiga de longa data”, declara a namorada do empresário.


MP denuncia casal do Tinder por estupro de vulnerável coletivo
MP denuncia casal do Tinder por estupro de vulnerável coletivo   Foto: AT

Perfis fakes são usados em ataques virtuais, diz empresário


“Nossas vidas foram destruídas e não conseguiremos mais morar na Cidade. Depois de esclarecer tudo, teremos que mudar”. O desabafo é do empresário, que diz estar sofrendo uma série de ataques virtuais e ameaças. Segundo ele, também foram criados inúmeros perfis falsos nas redes sociais para uma campanha difamatória contra ele e a namorada.


Os advogados Raphael Meirelles e Alvaro Soares alertam que está sendo monitorado tudo o que é postado e compartilhado na internet contra os clientes. “No momento devido, tomaremos as medidas jurídicas cabíveis, nas esferas cível e criminal, contra os autores e propagadores desses ataques virtuais”.


Sobre a acusação de estupro, os defensores informam que o casal, “espontaneamente”, compareceu quinta-feira (3) à DDM e depôs à delegada Désirée Piedade Quintela. “Não houve crime. Tudo foi esclarecido. O casal apresentou fotos que confirmam a sua versão”, conta o advogado Raphael. O inquérito policial segue em segredo de justiça.


Advogados do casal,Raphael Meirelles e Alvaro Soares
Advogados do casal,Raphael Meirelles e Alvaro Soares   Foto: Eduardo Velozo Fuccia/AT

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