Mantido em cativeiro por nove anos, golfinho Flipper foi símbolo de preservação em São Vicente

Entre 1984 e 1993, o boto fazia performances no Oceanário da cidade

Por: Carlos da Hora  -  15/09/20  -  13:02
  Foto: Arquivo/AT/João Vieira Jr.

Em 1967, a cidade de São Vicente construiu um local inusitado voltado ao turismo na faixa de areia da praia do Itararé, próximo à Pedra da Feiticeira. Batizado de Oceanário, o espaço exibia diversos animais marinhos ao público.


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Entre 1984 e 1993, o local foi a casa do icônico golfinho Flipper, que além do entretenimento, acabou deixando um legado de preservação da espécie no Brasil.


O mamífero, que logo virou a principal atração do Oceanário, viveu por nove anos em cativeiro na cidade e acabou inspirando a criação de duas organizações não-governamentais (ONGs), relembra uma reportagem publicada no jornal A Tribuna no dia 20 de novembro de 2008.


Após diversas denúncias de maus tratos, o caso do golfinho ganhou repercussão internacional, com a organização World Society for the Protection of Animals (WSPA) ingressando na Justiça para exigir a soltura de Flipper. No processo, foi decidido que o animal marinho seria liberado após fazer uma readaptação no município de Laguna, Santa Catarina, onde foi capturado em 1984.


Diversas pessoas foram se despedir do Golfinho
Diversas pessoas foram se despedir do Golfinho   Foto: Arquivo/AT/João Vieira Jr.

O boto foi levado para a cidade no sul do país no dia 17 de janeiro de 1993. Na data, cerca de quatro mil pessoas foram até a praia do Itararé para a despedida do maior personagem do Oceanário.


Flipper ficou cerca de três meses em uma área cercada em Laguna, até ser libertado.Poucos dias depois, o animal migrou lentamente para o norte, atingindo a costa de Praia Grande. Ele foi encontrado muito machucado, com cicatrizes formadas por provavelmente membros de sua própria espécie, que o recusaram no bando. Monitorado pela WSPA, o golfinho foi visto pela última vez em 1995. Desde então, cerca de 25 anos depois, sua trajetória é um mistério.


A partir de 1993, o Brasil nunca mais permitiu a realização de shows com golfinhos e, com isso, o boto foi o último de sua espécie a viver nestas condições.


Nome


O golfinho foi batizado com o nome por conta de uma série exibida entre 1964 e 1967. A produção contava a dia a dia do guarda Porter Ricks, que trabalhava em uma reserva marinha na Flórida, Estados Unidos.


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