Prefeitura e indústrias de Cubatão se unem para levar educação ambiental

Para o educador Paulo Freire, este era o papel da escola: o de ensinar o aluno a ler o mundo e nele intervir positivamente. Isso significa expor jovens e crianças a temas atuais e de impacto direto na cidade onde vivem e no planeta que devem ajudar a preservar. É ensiná-los desde cedo a cuidar da própria casa, que vai além das paredes da sua moradia. É o que a Prefeitura de Cubatão tem feito juntamente às indústrias: aberto a porta das fábricas para falar de sustentabilidade, ao mesmo tempo em que desenvolvem projetos envolvendo os três Rs — repensar, reduzir e reutilizar.

“Grande parte do dia, as crianças e jovens passam dentro do ambiente escolar. Quanto mais cedo os estudantes conhecerem o meio onde vivem e reconhecerem a importância da sua preservação, poderão intervir na realidade socioambiental local. A prática do consumo consciente e de sustentabilidade deve ser trabalhada diariamente tanto na escola como na família”, afirmou a professora de Botânica e Prática de Ensino na Universidade Católica de Santos (UniSantos), Amélia Cristina Elias Ponte.

Dentro dessa análise, destacou a docente, o mais importante é que “não conseguimos preservar o que não conhecemos”. Diante disso, é fundamental toda a comunidade escolar ter interesse em querer formar em seus alunos a consciência ambiental.

Para Amélia, também supervisora do curso de Ciências Biológicas no Núcleo de Extensão Universitária, nas áreas de meio ambiente e cidadania, a educação ambiental é um tema transversal e deve ser trabalhado em todos os componentes curriculares, sem ficar restrito a uma única disciplina.

Em Cubatão, a agenda de trabalhos inclui, por exemplo, mutirões de limpeza dos rios e mangues. O último ocorreu em novembro, desempenhando um papel essencial na recuperação do meio ambiente e na melhoria da qualidade da água.

O plantio de mudas também fez parte das iniciativas do Poder Público. No final do ano passado, foram plantadas mudas de acerola e abacate na Praça do Jamboleiro, no Jardim Casqueiro, juntamente com alunos da escola ABC Master, situada no bairro. Um biólogo da Prefeitura explicou sobre a questão do cultivo e os cuidados com as mudas de espécies frutíferas plantadas.

A diretora de Educação Ambiental, Patrícia Barbosa, expressou que “aulas práticas como essa, às quais chamamos de ‘estudo do meio’, proporcionam contato direto do aluno, exercitando a intuição por meio de trabalhos de campo. Além disso, é um método ativo e interativo, por requerer um trabalho interdisciplinar”, disse.

Incentivo a empresas
O gerente regional do Centro das Indústrias do Estado (Ciesp) em Cubatão, Omar Silva Júnior, integra o grupo de incentivadores das empresas para que façam parceria em busca de mudanças de hábito, mentalidade e atitude da comunidade por intermédio dos mais jovens. “A partir dos 6 anos podemos motivar as crianças, porque elas levam as plantas e informações para casa, passando o aprendizado aos pais.”

Silva lembrou os estímulos para que empresas criem programas ambientais. “O Brasil é um País que tem leis de renúncia fiscal muito importantes no município, no estado, no Governo Federal, que possibilitam às empresas investimentos na educação”.

Agentes de transformação
A visão de especialistas e o engajamento da Prefeitura estão diretamente alinhados ao pensamento das empresas do Polo Industrial de Cubatão. Com foco na conscientização, as indústrias buscam se tornar agentes transformadores para um futuro mais sustentável. E, para alcançar esse objetivo, contam com iniciativas cujo resultado é a constante evolução no desenvolvimento da comunidade.

A Unipar tem o programa Fábrica Aberta, que oferece a jovens a partir de 15 anos visitas guiadas para conhecerem suas fábricas. Um objetivo é mostrar como a sua produção respeita o meio ambiente e prioriza a saúde e a segurança de seus colaboradores e vizinhos.

No ano passado, 1.280 alunos de níveis médio, técnico e superior da Baixada Santista e de outras regiões passaram pela unidade da empresa em Cubatão.

Para disseminar sua cultura sustentável, a Unipar também fez palestras em 2023, compartilhando o sucesso do Fábrica Aberta e sua importância como programa pioneiro de turismo industrial.

Desde 2021, a empresa e seu Conselho Comunitário Consultivo promovem o concurso cultural ambiental Minha Lente, Minha Mente e o Meio Ambiente, em parceria com as secretarias de Meio Ambiente e de Educação de Cubatão. Alunos dos 3º e 9º anos e de Educação de Jovens e Adultos são convidados a refletir sobre assuntos ambientais. Mais de 1,7 mil alunos participaram em 2023.

Na Yara, uma parceria com a ONG Cidades sem Fome viabilizou a introdução de canteiros de hortas em espaços da região, incluindo três escolas públicas — as estaduais Professor José da Costa e Afonso Schmidt e a municipal Padre Anchieta. De acordo com a especialista de Sustentabilidade na Yara Brasil, Mônica Bacchiega, o projeto Hortas Escolares visa a transformar espaços degradados em locais de cultivo de alimentos e educação ambiental por meio de hortas de frutas e hortaliças.

Os resultados obtidos pela empresa falam por si. Em três anos, considerando ações em São Paulo e Rio Grande do Sul, a parceria garantiu apoio a 33 hortas urbanas, a criação de sete hortas escolares e a revitalização de uma horta comunitária. O investimento total supera R$ 1 milhão, impactando cerca de 3 mil alunos e 23 escolas públicas. Também se doaram dez toneladas de fertilizantes. Em Cubatão, o projeto alcança cerca de 1,5 mil estudantes.

A Yara também mantém uma horta comunitária no Parque Cotia-Pará, com 15 voluntários das comunidades vizinhas e produçao mensal em torno de duas toneladas, em 21 tipos de cultivos, “O espaço passou a receber visitas de alunos de escolas do Município para vivenciar o cultivo da terra, entendendo a importância dos cuidados do solo para a produção de alimentos”, citou.