Fraternidade liga Santos e África: são as ‘capinhas’

“Às vezes, as pessoas falam: ‘Saiu da sala da minha casa, atravessou o oceano e chegou à mão de uma criança’ É um sonho!’”. O relato é de Ana Lucia Caetano, de 57 anos, coordenadora da ação Cadernos Fraternos em Santos.

Vinculada à Organização Fraternidade sem Fronteiras, consiste em confeccionar capas de cadernos que são destinados a crianças e adolescentes de Moçambique, na África. A partir deste ano, também atenderá jovens brasileiros abrangidos pela instituição. 

As crianças recebem suporte para estudar dos voluntários, que vão a Moçambique em caravanas montadas pela organização, mas custeadas pelos viajantes. 

“O básico, lá, é muito difícil. As crianças só ganham um caderno por ano do governo, só que as folhas acabam rápido. Muitas vezes eles escrevem na areia. Entregar os cadernos é emocionante”, afirma a voluntária Roberta Ferreira Soares Petin Antonio, de 55 anos, que foi ao país quatro vezes. 

Quem não viaja vê reação das crianças por vídeos e fotos. A próxima leva de capinhas sairá do Brasil no próximo sábado (5 de outubro), com 800 unidades. Em 15 de novembro, às 17 horas, haverá exposição das produções, no evento Pequenas Crianças e Grandes Talentos, no Teatro Guarany. 

Perto do fim do ano, a coordenação também faz oficinas para ensinar aos novos interessados como fazer as capinhas. “É muito fácil. Pode-se utilizar papel, feltro ou tecido. O resto é criatividade”, enfatiza a voluntária Rute Vac, de 58 anos.

As oficinas acontecem no ateliê, no Bairro Pompeia, cedido pela apoiadora Sandra Maria Gonçalo de Carvalho, de 59 anos. 
Para se tornar um voluntário, o interessado deve mandar e-mail para cader nosfraternos@fraternidadesemfronteiras.org.br. 

Histórias

A voluntária Rute Vac participa do Cadernos Fraternos desde o início e nutre grandes recordações. “Ao costurar o nome nas capinhas, rezava para cada uma das crianças. Ainda lembro os nomes. Nunca esqueci de Amável Angelo. Como eles estão muito longe, tento passar energia desta forma”, detalha.

A ação começou em 2015, em Santos, após a coordenadora Ana Lucia Caetano participar de um congresso em Goiânia (GO), onde conheceu as iniciativas da Organização Fraternidade sem Fronteiras.

Quando a ação se restringia àquela cidade, tinha 800 voluntários. Hoje, a ação transcorre em mais quatro estados, totalizando aproximadamente 3 mil voluntários.