Estado de São Paulo inicia teste na rede de ensino

Vinte e quatro escolas já adotarão o Inova Educação neste ano

Por: Tatiane Calixto & Da Redação &  -  14/05/19  -  16:34
Estudantes de 27 áreas de conhecimento farão a prova em todo o País
Estudantes de 27 áreas de conhecimento farão a prova em todo o País   Foto: Rogério Soares/AT

Ano que vem, estudantes da rede estadual de ensino terão um ano letivo repleto de mudanças. Nos últimos dias, o governador João Doria (PSDB) e o secretário de Educação do Estado, Rossieli Soares, anunciaram um pacote chamado Inova Educação que prevê mais disciplinas e mais tempo de aula. Ainda este ano, a secretaria pretende implantar as mudanças, dentro de um projeto-piloto em 24 escolas da Capital.


Para Claudia Costin, diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas (CEIPE-FGV), como proposta, as ações apresentadas pelo governo estadual são positivas e alinhadas com o que ela chama de educação contemporânea.


“Agora, temos que acompanhar a implantação. A preparação adequada dos professores e material de apoio, por exemplo”.


EntendaRCerca de dois milhões de estudantes do Ensino Fundamental II (6º ao 9º) e Ensino Médio ganharão uma aula a mais e um aumento na carga horária de 15 minutos por dia. Com isso, serão implantados cinco novos tempos por semana, sendo dois para a disciplina chamada de Projeto de Vida, dois para Eletivas e um para Tecnologia.


“As mudanças têm como objetivo trazer mais sentido para a escola e engajar os estudantes, promovendo a aprendizagem por meio de uma educação integral que trabalhe as competências para o Século 21. A proposta é garantir que o estudante se desenvolva plenamente, tanto a partir de habilidades cognitivas quanto socioemocionais”, afirma a Secretaria de Estado da Educação.


O Inova Educação é inspirado nas práticas já aplicadas em 633 escolas da rede estadual de São Paulo desde 2012 que oferecem Programas Ensino Integral (PEI).


De acordo com a secretaria, o programa continua, inclusive, com plano de expansão ao longo dos próximos anos. A mudança foi pensada, afirma a pasta, para permitir que todos os estudantes tenham acesso a conteúdo e atividades que já funcionam no PEI e que rendem às escolas destaque nos índices educacionais.


Segundo Claudia Costin, a proposta do Estado acerta em trazer a preocupação com as habilidades socioemocionais. “O mundo não vai esperar o Brasil resolver os problemas que tem com a aprendizagem de conteúdos básicos para trabalhar as competências do século 21. Então, é importante desenvolver as competências de alfabetização, letramento e pensamento matemático, mas também as habilidades socioemocionais”.


Além disso, a especialista aponta que a proposta vai em direção ao que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) fala, como a questão do Projeto de Vida e da Tecnologia.


“Ajuda a tornar a escola mais interessante porque o processo de ensino tem aulas mais engajadoras e com a voz do aluno. Fora isso, uma das coisas mais ricas do Projeto de Vida é mostrar que o que o estudante sonha pode ser planejado e isso serve de base para que ele desenvolva a autonomia”.


Tudo isso, segundo Claudia, dependerá de uma implantação correta, com formação continuada dos docentes, material de apoio de qualidade e uma conexão com os itinerários formativos previstos para o novo Ensino Médio. Isso ainda depende da formatação do currículo paulista, em parceria com a Undime, que está em discussão no Conselho Estadual de Educação.


Apeosp: professores não ouvidos


Apesar de a secretaria garantir que as mudanças são frutos de um processo de escuta que envolveu toda a comunidade escolar, o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado (Apeosp) reclama que o Governo não ouviu professores e alunos, em um movimento vertical.


Dentre os pontos criticados, o principal é a forma de seleção dos docentes que, para a Apeoesp, deve ser por meio de concurso público e a atribuição de aulas realizada entre todos os professores da rede, seguindo se a ordem de classificação.


“A Apeoesp não se opõe a nenhuma medida que verdadeiramente contribua para melhorar a qualidade do ensino nas escolas públicas. Entretanto, junto com um amplo e produtivo debate sobre o currículo da rede estadual de ensino (que não pode ser feito somente com consultas online baseadas em perguntas dirigidas, mas requer tempo e metodologia), é preciso assegurar aos professores condições de trabalho, a composição da jornada de trabalho prevista na lei do piso, valorização salarial, entre outros elementos fundamentais”.


Aos estudantes, diz a Apeoesp, é preciso garantir um ambiente escolar que os convide a nele permanecer, a começar pela recuperação das condições de infraestrutura das unidades escolares, “totalmente decadentes”, segundo o sindicato


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